Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (2)


"Palavras"

Em traços subtis do meu pensamento,
procuro nas palavras
o alento
que me faz ser eu,
e, sem serem cruzadas, 
as palavras,
elas nascem e fluem
de mãos dadas
como 
a lua e as estrelas
lá no céu,
e, o sol que me ilumina,
essa luz
que me fascina,
é fogo transformado
em sentimento.

Luísa Cordeiro, Assistente Técnica desta Escola. 

DO NOME X


Imagem daqui.



"10

  Destas flores nem sei o nome:
jardim anónimo
onde ninguém se acolhe.
- Como prender o seu aroma a uns versos?"

José Bento, "Respigo", in Silabário, Lisboa, Relógio D'Água Editores, 1992, p. 83.



terça-feira, 25 de outubro de 2016

"REBUS" I

Imagem daqui.



Rebus
(Coisas)

"O enigma figurado consiste em exprimir palavras ou frases por meio de desenhos ou disposições gráficas de letras. Aqueles que usam desenhos, como os hieróglifos, são os mais antigos e constituem uma das primeiras maneiras de exprimir o pensamento. Heródoto (Histórias, IV, 131, 132) conta que os Citas enviaram a Dario um pássaro, um rato e uma rã, acompanhados de cinco flechas. Tratava-se de uma espécie de enigma figurado que significava: «Se não te esconderes sob a terra como o rato, na água como a rã, e se não fugires pelos ares como o pássaro, então não escaparás às flechas dos Citas."» César, sabendo que a lei romana proibia que se gravasse o nome de um magistrado vivo nas moedas, mandou que se cunhasse a imagem de um elefante; em cartaginês, a palavra que designava César e o paquiderme era a mesma.

A palavra rebus, ablativo plural de res, que significa «coisa», serviu para designar os libelos que os estudantes picardos tinham o hábito de lançar na altura do Carnaval. Tais libelos, contendo escandalosas indiscrições, mascaravam-nas sob a forma de enigmas. A sua denominação completa parece ter sido, segundo Ménage: De rebus quæ geruntur ( «coisas que acontecem»). O admirável Tabourot des Accords (1547-1590) reproduz um grande número de rébus (a palavra ganha um acento agudo em francês) picardos nas suas Bigarrures et Touches (1582) (...). Tal livro, um grande clássico para todos aqueles que são apaixonados por jogos de palavras (...), trata de trocadilhos, acrósticos, versos leoninos, contrepèteries, antístrofes e enigmas figurados.

Os enigmas figurados, muito populares no século XVI, foram de uso frequente nos brasões. Chama-se «armas falantes» aos brasões que são concebidos dessa forma. Colbert, por exemplo, fez-se designar por uma cobra (coluber, em latim). Louvois foi representado por um lobo de olhos bem visíveis: «Loup voit» (Lobo vê).

Ménage chama «rébus da Picardia» aos libelos em questão. Todavia, tal designação surge bastante tarde, ao passo que a palavra rébus já é transcrita em 1480. É preciso certamente considerar que se trata da palavra «coisas», rebus em latim, oposta às litteris, «letras»; o conjunto indicaria o acto de escrever por meio de desenhos.

Podemos, portanto, distinguir o enigma figurado propriamente dito (feito de coisas ou desenhos) do enigma composto de letras (mais próximo do caligrama). Um desenho que representa seis girafas aladas, para a primeira categoria, pode servir de epitáfio para um grande pintor, decifrando-se assim: «Six girafes à ailes» (Ci-gît Raphaël) («Seis girafas aladas» (Aqui jaz Rafael)). Toda a gente conhece o famoso leão dourado que serve de insígnia a alguns albergues e é cada vez mais representado sob a sua forma escrita, o que o faz pertencer à segunda categoria: «Au lion d'or» (au lit, on dort) («No leão de ouro» (na cama, dorme-se)). (...)"

Orlando de Rudder, Cogito Ergo Sum - Dicionário Comentado de Expressões Latinas, Lisboa, Edições Texto & Grafia, 2008, pp. 207-209.



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

DO NOME IX (ROCAMBOLESCO!)


Imagem daqui.



«OS ABNEGADOS

Há uma página de Os Maias que não consigo esquecer. Imaginem um ministro de Educação que não tinha cara, só tinha testa. Nem um mísero e escasso fio de cabelo. Tamanha testa foi o seu destino e sua glória. Ele não precisava ciciar uma palavra, ou desdenhar um gesto, ou piscar um olho. A testa bastava e repito: - a testa era a evidência mesma do gênio.

Uma noite, está o nosso ministro numa recepção. Cercado de damas e cavalheiros por todos os lados. E, súbito, alguém fala na Inglaterra. S. Ex.ª achou bonito o nome, o som. Inglaterra. E vira-se, então, para o Ega, que estava a dois passos. Pergunta-lhe: - "Sabe se, na Inglaterra, há folhetinistas de pulso, como aqui? Talentos como os nossos?" Primeiro, o Ega tem uma vertigem diante da testa inaudita. Em seguida, informa: - "Lá não há literatura." Diz então o ministro: - "Logo vi. Povo prático, essencialmente prático."

Eis o que eu queria dizer: - sou um pouco essa admirável testa de Os Maias. Em criança, só li folhetim. E ainda hoje, tanto tempo depois, ainda preservo a nostalgia dos Sue, dos Perez Scrich, dos Dumas pai, dos Ponson Du Terrail. Outro dia, vou a uma festinha em casa de um amigo. E, de repente, vem a dona de casa, com um pratinho. Pergunta: - "Aceita rocambole?" Esse nome arremessou-me no passado profundo. "Rocambole" era o nome de um herói de Ponson Du Terrail e título também do próprio folhetim. Disse, radiante: - "Pois não, pois não." E os dois ficaram justapostos na minha memória: - o personagem e o doce, o folhetim e o prato. (...)»

Nelson Rodrigues, O Homem Fatal, Lisboa, Espólio de Nelson Falcão Rodrigues e Edições tinta-da-china, 2016, pp. 227-228.



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

CONCURSO "HISTÓRIAS EM POSTAIS"

Imagem e todas as informções no sítio do Correio do Porto.



POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (1)

Utopia


Utopia,
palavra gerada
na consciência
da inconsciência
do ser humano...

Palavra
que significa desculpa
para que o Bem
não possa vencer.

Não há impossíveis!
Basta querer,
basta pensar
que todos somos
iguais
no Ser,
no poder alcançar.

Utopia,
grilhetas de escravatura
consentidas
no modo de estar.

Prisão justificada
para o mal justificar.

Não há impossíveis
neste universo humano

basta saber amar.

Luísa Cordeiro, Assistente Técnica desta escola. 

13/10/2016

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

AGRIDOCE

Imagem daqui.



Tenho tanto medo de a perder
de a luz do seu coração não voltar a ter
e é isto que tem vindo a acontecer...

Olhares, poucos
Corações, ocos
e o sentimento está morto...

Por tantas guerras passámos
Tantas aventuras abraçámos
Por que razão nos separámos?

Contudo, obrigado por olhares por mim
pois se o não fizesses
seria o meu fim...

Gabriel Outeiro, Aluno do 11º CT4 desta Escola.


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

SOBRE A CRÓNICA EM JOSÉ SARAMAGO


Imagem e texto daqui.



«Este livro é sobre José Saramago esquecido, ou, pelo menos, ocultado. O cronista Saramago, que, ao longo de oito anos (1969-1976), escreveu aproximadamente 300 crônicas, antecede o romancista Saramago, consagrado por Levantado do Chão (1980) ou Memorial do Convento (1982), mas, como ele mesmo continuamente apontaria sobre sua participação jornalística: "Está lá tudo". Mas o que vem a ser esse tudo que as crônicas contêm? Não o roteiro dos romances, por certo, mas sim os primeiros ensaios em prosa das preocupações contínuas do cidadão-escritor Saramago. Já se pode notar o questionamento reiterado da História, do Indivíduo, da Sociedade, ou seja, de todas as verdades inamovíveis que refletem uma imposição do poder. A crônica, enquanto híbrido da Literatura e do Jornalismo, permite à palavra que atue como mecanismo de desvendamento, podendo abordar todos os assuntos com o mesmo tom de conversa e aparente despretensão. Cabe, então, a José Saramago cronista constituir-se como viajante em busca de compreender a paisagem do mundo e as suas transposições possíveis em linguagem.»



terça-feira, 11 de outubro de 2016

CONCURSO ARTÍSTICO TEIXEIRA DE PASCOAES 2016-17

Inagem e todas as informações aqui.


São admitidas a concurso todas as pessoas singulares de qualquer nacionalidade e de qualquer idade.


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

NA CASA DAS MÁQUINAS

Imagem daqui.



"O MECÂNICO

Ao perguntarem a Picasso qual o seu método de trabalho ele respondeu

- Em primeiro lugar sento-me

e quando se espantaram

Não sabia que você pintava sentado

Picasso explicou

- Não, não, eu pinto em pé.

É mais ou menos nessa situação em que me encontro agora, eu que arranjei uma mesa alta e desde o último romance escrevo em pé. Estou para aqui sentado, à espera, a viver o período estranho e como que mágico em que o livro, quase apesar de mim, se começa a formar sozinho, filamentos vagos que se aproximam, substantivos casuais flutuando ao acaso por aqui e por ali, cheiros, vultos ora sombra ora luz, coisas sem importância que aumentam e afinal não coisas, o que escutei, o que vivi, o que adivinho. Em agosto terminei Boa Tarde Às Coisas Aqui Em Baixo e faço tenções de iniciar este em dezembro: esquisito, este: nunca me acontecera antes um romance desatar a dar-me pontapés na barriga sem haver acabado o parto anterior, e mais esquisito ainda porque nunca tão-pouco me acontecera ser fecundado de fora para dentro na sequência de uma história verdadeira que um médico me contou. (...)

- Vou comunicar-lhe um episódio que talvez lhe interesse

ocupou o lugar à minha frente e entregou-me a aventura de amor mais desgarradoramente bela que alguma vez escutei. Isto em junho, e desde então não há momento em que as palavras dele me não persigam, ampliando-se, diminuindo, alterando-se, rearranjando-se de diversas maneiras, desafiando (...)

e partindo de novo, divertidas, numa gargalhadinha de escárnio, enquanto eu arredondava o Boa Tarde Às Coisas Aqui Em Baixo fingindo não dar por isso e prevenindo à socapa a gargalhadinha

- Já vais ver.

O facto é que desconheço se a gargalhadinha vai ver. Do ponto de vista técnico o que o Pedro me ofereceu é um material muito difícil, exigindo uma delicadeza de mão que ignoro se possuo, uma tal intensidade de emoção que tem de ser trabalhada por trás, em finuras de relojoeiro, uma densidade afectiva que requer uma escrita no mínimo hialina. Se calhar estou a maçar-vos com esta conversa, mas pensei que talvez não lhes desagradasse espreitar a oficina. Os produtos saem para as livrarias sem que os leitores conheçam onde e como são feitos, na confusão de uma bancada de arames de períodos, parafusos ao acaso de adjectivos pelo chão, capítulos inteiros no balde dos desperdícios e cá o rapaz a sair de baixo do romance como o mecânico de sob um carro de motor aberto, com os bolsos cheios de chaves inglesas de canetas, sujo do óleo dos períodos por ajustar e da fuligem de bielas das vivências insuficientemente limpas. Tanto esforço por uma vírgula, um verbo. Tanto obscuro sistema eléctrico que resiste. Tanta incerteza. Tanta aflição. Tanta alguma alegria. Não mostro as etapas intermédias, não falo nelas (...). Mas por enquanto estou sentado, reunindo chapas, tubos, canos, procurando, naquele monte acolá, no ângulo da memória onde as peças se armazenam, pegando-lhes, observando-as, rejeitando-as, dobrando e esticando os dedos

- Serei capaz?

- Serei capaz de ser capaz?

e só ao ter a certeza de não ser capaz, só quando o desafio me parecer perdido irei tentar contrariá-lo. (...)"

António Lobo Antunes, Terceiro Livro de Crónicas, Alfragide, Publicações Dom Quixote, 2006, pp. 39-41.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

DA FELIZ LUSITÂNIA À FELIX BELÉM - 400 anos da Fundação de Belém do Pará


Imagem e todas as informações aqui.


A exposição, que será inaugurada no dia 12 de outubro, pelas 18h30, na Galeria do Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal, poderá ser visitada até ao dia 16 de janeiro de 2017.



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

À MANEIRA DE JOSÉ RÉGIO

Imagem daqui.




NÃO VOU POR AÍ

Não vou por aí
Eu vou por aqui.
Vou pelo caminho
Que eu decidi.

Encontro bondade,
Encontro traição,
Encontro verdade.
Tudo é lição.

Nesse caminho
É fácil andar.
Eu vou por aqui,
Quero "lá" chegar.

Se esse caminho
É tão tentador,
Eu já adivinho:
Vai trazer é dor.

Não vou por aí!

Rita Teresa Oliveira, Aluna do 11º CT3 desta Escola.



MÊS INTERNACIONAL DA BIBLIOTECA ESCOLAR 2016

Cartaz da autoria de Patrícia Lopes

Outubro é o Mês da Biblioteca Escolar. "Aprende a descodificar o teu mundo" é o tema para este ano. 
Para assinalar o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE) , a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE)  lança este ano o concurso de ideias "Aprende a descodificar o teu mundo."

Consulte aqui o regulamento do concurso.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016