O Palácio Topkapi visto do Bósforo, Istambul. Fotografia de Seref Halicioglu, daqui.
No lugar onde o mar de Mármara se estreita, formando quase um golfo no Golden Horn e quase um rio no Bósforo, está situada a parte de Istambul conhecida pelo nome de Saray-burnu ou "Nariz do Palácio". Aí, protegido por altas muralhas impenetráveis, Maomé II, o conquistador de Istambul, construiu, há cerca de quinhentos anos, o seu palácio. No decurso dos séculos seguintes, um após outro, os sultões ampliaram esta residência, edificando novos pavilhões e novas mesquitas, instalando novos repuxos, plantando novos jardins. Nos pátios bem empedrados e nos terraços dos jardins passeavam outrora as mulheres do harém e o seu séquito, os príncipes e os seus pajens. Raros eram os privilegiados autorizados a transpor a cerca do palácio e mais raros ainda os que podiam ser testemunhas da sua vida interior.
Mas a época dos sultões já passou e o "Nariz do Palácio" tomou um aspeto diferente. As muralhas com altas torres foram em grande parte demolidas. Os jardins privados foram transformados num parque público, no qual os habitantes de Istambul podem encontrar sombra e repouso nos quentes dias de verão. Quanto aos próprios edifícios - os palácios proibidos e os pavilhões secretos -, converteram-se em museus. O pesado pulso do sultão desapareceu para sempre.
Samuel Noah Kramer, A História Começa na Suméria, Círculo de Leitores, s/d, p. 37.