O meu corpo é alentejano.
O meu coração é Angolano.
A minha alma é sem dono.
Este é meu eu.
Chamo-me Fátima Lopes, sou formanda dos cursos EFA de nível secundário, em regime nocturno, na Escola Secundária José Saramago, em Mafra e resido na Ericeira.
Não me considero poeta nem escritora, só uma brincalhona, brinco com as palavras, limito-me a debitá-las no papel, eis aqui os meus "escritos".
Fingir
Não sou poeta,
Todos o dizem.
Só dou a volta
À mensagem.
São palavras,
Soltas como solas.
De sapatos roídos.
De tão puídos.
Só de amor
Consigo falar.
Receber de dor,
Consigo voltar.
Presa num corpo,
Grande, disforme.
Como um campo,
De jogo demente.
Finjo que escrevo
Sem nada dizer.
De palavras encravo,
O meu escrever.
Sem escrever
O que sinto.
Nem dizer
O que conto.
Sem contar o sentido
Do que sinto.
No espaço contido
Pelo lápis preto.
Na folha branca.
Que espera por mim.
De esperança branca.
Feita por mim.
Escrevo meu ser,
Ou o que penso dele.
Aponto meu viver,
Ou o que sinto por ele.
Meu triste ser
Triste estou em meu viver.
Em prisão de pau-preto.
Enredada no meu ser.
Cativa no meu trajecto.
Sem rumo, nem caminho.
Cativa num cativeiro.
Grades de falso carinho.
Amor feito de dinheiro.
De gosto feito desgosto.
Ilusão doce desfeita.
Degredo feito de pranto.
Incrédula alma preta.
Sem porta de saída ao ver.
Presa estou em meu viver.
Oh! Triste eu, meu triste ser.
Triste estou em meu viver.
Por um dia espero
Não posso
Não devo,
Não quero!
Mas desejo...
Desejo ardente incontido.
Desejo que queima,
Que arde por ti em espera desesperada.
Por um dia olhares e desejares,
Sem pestanejos nem dúvidas,
Só um murmúrio incontido,
Por ti, desespero e espero.
De espera incontida
Por um dia espero.
Voa
Voa para longe alazão.
Voa na liberdade alazão.
Voa nas asas do vento.
Voa depressa o pensamento.
Voa na força do desejo.
Voa para lá do Tejo.
Voa sem amarras.
Voa sem algazarras.
Voa sem grilhetas.
Voa sem desditas.
Voa bem depressa.
Voa que tenho pressa.
Voa ao País dos sonhos.
Voa nos meus sonhos.
Voa que estou acordada.
Voa que estou enfadada.
Amar
A mim, tu vieste sem amar.
Foi meus olhos! Grandes de mar.
Em meu alvo leito deitaste.
Sem sentimento, por mim vieste.
Em teus braços me tomaste.
Tanto amar tu me disseste.
De tão pura nudez vestida.
De tão pura nudez despida.
Nas ondas grandes do mar, talvez...
Tu disseste amar minha nudez.
Amor que depressa esmorou.
Engano suave engano.
Ilusão triste de engano.
Foram nas grandes ondas do mar.
Onde estás?
Enlevo doce, sereno almejo.
Tanto vasculhar, sem vasculho.
No novelo do coração vermelho.
Insana busca, busco cheia de pejo.
Onde estás meu doce enlevo?
Que não chegas a mim, teu bafo,
Num quente e morno abafo.
Para meu corpo enleares no teu abafo?
Aquando nos braços do esquecimento.
Mais anseio, por ti, por teu enleio.
Que vejo, sem sentir, teu encanto cheio.
Só nas brumas do pensamento.
Escondida, de vergonha imposta.
Por ti espero nos braços de Morfeu.
Ávido, sereno, irreconhecível está meu eu,
Que para ti, meu enlevo, aberta está a porta.
Mas ... meu doce enlevo,
Que tanto procuro sem nada procurar.
Que tanto espero sem nada esperar.
Onde estás meu doce enlevo?
Parabéns Fátima!
ResponderEliminarContinue a escrever.
E Campos
Fátima,
ResponderEliminarParabéns pela sua poesia. Continue.
Parabés Fátima pela força e pela poesia.
ResponderEliminarGostei bastante dos seus poemas Fátima. Tem uma boa escrita, um vocabulário versátil e alma de poeta :)
ResponderEliminarAgora é continuar... sempre com garra!
Beijinho
Marisa Ribeiro