Busto de Luís de Camões. Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro.
Imagem daqui.
XXVII
EM LOUVOR DO GRANDE CAMÕES
Sobre os contrários e terror e a morte
Dardeje embora Aquiles denodado,
Ou no rápido carro ensanguentado
Leve arrastos sem vida o Teucro forte:
Embora o bravo Macedónio corte
Coa a fulminante espada o nó fadado,
Que eu de mais nobre estímulo tocado,
Nem lhe amo a glória, nem lhe invejo a sorte:
Invejo-te, Camões, o nome honroso;
Da mente criadora o sacro lume,
Que exprime as fúrias de Lieu raivoso:
Os ais de Inês, de Vénus o queixume,
As pragas do gigante proceloso,
O céu de Amor, o inferno do Ciúme.
Manuel Maria Barbosa du Bocage, "Sonetos", in Obras de Bocage, Porto, Lello & Irmão Editores, 1968, p. 281.
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