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Realizou-se hoje, na Biblioteca
do Palácio Nacional de Mafra, a cerimónia de entrega de prémios aos vencedores
do concurso "Quem conta um conto... ao modo de Saramago?!".
Aqui
ficam excertos dos contos vencedores e de outros que mereceram a atribuição de
menções honrosas. Poderão ser lidos na íntegra na página eletrónica do Plano Nacional de Leitura. Parabéns a todos os participantes!
3º CICLO
O tempo é algo contraditório, pode ser uma
dimensão misteriosa e até curativa como pode não significar rigorosamente nada.
Bárbara Carneiro – “É preciso morrer”
(Escola Básica Escultor António Fernandes Sá, Vila Nova de Gaia)
Era uma vez, bem no meio de uma longínqua
floresta escura, uma clareira banhada de dia pelo sol radioso e de noite pela
lua grande e brilhante. Beatriz Anselmo Henriques – “O encontro do sol e da lua” (Escola Básica nº 2 de Oliveira do Hospital)
Virara a cara para ambos os lados e conferira
que não estava sozinho. Avistara, então, uma mulher de roupas pretas e rotas e
um rapaz tão novo como a própria primavera. José Pedro Marques – “Memorial do pecado social” (Escola Básica das Taipas, Caldas das Taipas, Guimarães)
- Helena, porque é que as nuvens são doces?
Helena chorou… Chorou durante um minuto, e com a voz embargada respondeu: -
Porque as nuvens são feitas dos nossos maiores sonhos. E esses são sempre doces
e com um final feliz. Rita Tavares –
“Helena, por que é que as nuvens são doces?” (Escola Secundária de Oliveira do Hospital)
ENSINO SECUNDÁRIO
As palavras têm este efeito engraçado, quase
imprevisível e por isso perigoso, de tomar vida por si, de deturpar intenções,
as palavras não se intimidam com convenções sociais, quem as diz sim, mas uma
vez no ar elas traçam o seu caminho alheias ao que o humano pretende, chegam
aos ouvidos alteradas, fomentam inseguranças, favorecem inquietações. Maria Teresa Bento Parreira – “José” (Escola Secundária de Coruche)
Andando e conversando, o caminho foi-se
fazendo. Como em silêncio partiram, em silêncio chegaram à quinta do Duque de
Aveiro. As portas e as janelas estavam fechadas, a quinta como que abandonada.
Do lado direito ficava a abegoaria, agora sem teto. Bartolomeu entrou, seguindo
Blimunda, curioso, sem compreender o que via. Iúri Simões – “A semente das vontades” (Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Leiria)
Entraram os três devagar, arrastando as
sombras que se alongavam. Foi o moleiro o primeiro a falar, Cá está o rapaz,
tudo está bem quando acaba bem. O gelo do silêncio arrastou-se. Depois o pai
sentenciou, Domingo há festa na Senhora d’Orada. Vais lá falar com a tendeira.
Vende-se um dos cabritos e paga-se a gaita. Mas tu, rapaz, apontou para o João,
que se mantinha de cabeça baixa, inquieto, de olhar cerrrado, nunca mais nos
deixes, que o coração da tua mãe ia rebentando e que seria de nós sem ela.” Gil Dinis – “O segredo da
gaita-de-beiços” (Escola Básica e Secundária Santos Simões, Guimarães)
Algures, num lugar cuja existência é dúbia e
até improvável, existia um pequeno país moldado por guerras e conquistas. A
governá-lo estava uma jovem feita da mesma matéria, soberana de uma monarquia
absoluta, conhecida como a “Devoradora de Galáxias", nome que lhe fora atribuído
pelo povo e a que ela fazia questão de fazer justiça.” Andreia Patrícia Santos – “A fome mais mortífera” (Escola Secundária de Seia)
Naquela noite pouco dormiu, Bartolomeu tinha
pesadelos onde se via galinha e batia as asas sem levantar voo, estrelas
cadentes que o atingiam como se fossem pequenas fagulhas e acordou
sobressaltado depois de levantar voo na sua pequena Passarola e passar tão
perto do sol que ele próprio virou um tufo de chamas e ardeu até embater no
chão. Joana Sofia Serrano – “O sustento
estrelar” (Escola Secundária da Amadora)
Há muitos, muitos anos, num prado três dias
atrás do Sol-posto, vivia um povo muito particular. Menores que o mais pequeno
dedo de um recém-nascido, mais leves que um dente de leão, os Complexos não
faziam, à vista desarmada, jus ao seu nome, assemelhando-se mais a um minúsculo
inseto bípede e inteligente do que a um qualquer ser grande e poderoso. Miguel Padrão – “O virtuoso Simplício” (Escola Portuguesa de Moçambique)
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