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Escola Secundária José Saramago - Mafra

terça-feira, 19 de abril de 2016

DA SAUDADE XIX


Imagem daqui.



"(...) Portugal vive, igualmente, de símbolos culturais. (...) Se D. Dinis era conhecido como renomado trovador, assim como Gil Vicente se distinguiu na área da dramaturgia, o certo é que foram Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa que, em épocas bem distintas, mais marcaram a imagem poética de Portugal um pouco pelos quatro cantos do mundo, onde continuam a ser lidos e estudados.

Cada qual à sua maneira - sendo Camões a figura de um passado onde a gesta das descobertas marítimas acalentava sonhos conquistadores mesclados com lendárias figuras monstruosas que apenas os portugueses conseguiam contornar, e verificando-se em Pessoa um cariz definitivamente mais esotérico, conjugando mistério e sentimento, porém sempre dentro de uma visão de optimismo e crença num Portugal que retornasse aos ideais de um passado dominante - vieram a tornar-se símbolos nacionais. Porque a palavra escrita sempre teve o condão de possuir uma força intrínseca que não se deixa esbater pelo passar do tempo. E é pela força da palavra que encontramos outro símbolo perene do povo português, a saudade. Tão enraizado na nossa cultura que a tradução para outras línguas se afigura como tarefa praticamente impossível. Datam do século XIII os primeiros registos do uso de um termo que tanto se grafava como "soidade" ou "suidade", nas cantigas dos trovadores galaico-portugueses. Mas é apenas do século XV, portanto na época do rei D. Duarte, que saudade alcança a vitalidade ortográfica que ainda hoje permanece. Decalcada de solitate (solidão), a palavra adequava-se na perfeição a um povo de marinheiros. Com elevada frequência iam as esposas chorar ao cais, vendo os seus maridos partir em direcção ao mar desconhecido. (...) E de tal forma se incrustou esse sentimento na alma lusitana que a palavra saudade passou a ser genuinamente portuguesa."

Pedro Silva, Portugal País de Tradição, Gavião, Editor Ramiro Leão, 2010, pp. 51-52.


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