Pieter Brueghel, o Velho, A Torre de Babel (1563).
Imagem daqui.
EXCERTO DE UMA ENTREVISTA A ANDRÉ MARTINET (1908-1999)
«L'Express»: Em que língua sonha?
A. Martinet: Não sonho numa língua. Mas não existe um só momento em que o homem não pense. Tudo é pensamento, mesmo o sonho, mas, em cada doze horas, há onze em que o nosso pensamento não é um pensamento de palavras, o que seria muito fatigante. No entanto, desde que o pensamento se apoie na língua, é apesar de tudo mais fácil construir um raciocínio. A palavra é uma espécie de estribo. Não há dúvida que não existe progressão do pensamento que não seja fundado sobre a língua. (...)
«L'Express»: A língua determina o pensamento?
A. Martinet: Claro que sim. Um pensamento organizado consiste, em primeiro lugar, em combinar palavras. Muitas descobertas não são senão a combinação inesperada de dois conceitos ou de duas palavras. O linguista americano Benjamin Lee Whorf pôde dizer que Aristóteles não teria escrito a sua obra se tivesse pensado na língua hopi. E que a ciência moderna deveu a sua eclosão à estrutura própria da linguagem nos países ocidentais. Se a humanidade conhece um progresso científico e técnico, sem que, de resto, eu me pronuncie sobre o valor desse progresso, é porque a humanidade é dotada de linguagem. (...)
Entrevista publicada em L'Express de 24 de março de 1969, in Mais Além Com..., Edições Europa-América, 1993, p. 114.
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