"É isto, meu filho: se houvesses dito simplesmente que os prados são amenos não representarias senão o verdejar (...), mas se disseres que os Prados riem far-me-ás ver a terra como um Homo Animatus, & reciprocamente aprenderei a observar nos rostos humanos todas as esfumaturas que captei nos prados... E este é ofício da Figura excelsa entre todas, a Metáfora. Se o Engenho, e portanto o Saber, consistem em ligar entre si Notiones remotas e encontrar Semelhança em coisas dissímiles, a Metáfora, entre as Figuras a mais aguda e peregrina, é a única capaz de provocar Maravilha, de que nasce o Deleite, como pelas mudanças das cenas no teatro. E se o Deleite que nos dão as Figuras é o de aprender cousas novas sem fadiga e muitas cousas em pequeno volume, eis que a Metáfora, levando em voo a nossa mente de um Género a outro, nos faz entrever numa só Palavra mais de um Objecto."
Umberto Eco, A Ilha do Dia Antes, Lisboa, Difel, 1995, pp.86-87.
Sem comentários:
Enviar um comentário