"Um dos maiores erros em que é fácil cair, sempre que se trata de instruir os jovens, é procedermos como se a transmissão do saber fosse o próprio escopo do trabalho escolar, e considerarmos o intelecto daquele que educamos como sendo um meio para adquirir noções. Contra tal erro, -repitamos que na educação o conhecimento é paquete, e a inteligência, porto; que a aquisição de conhecimentos deve ser um meio (só um pretexto) de treinar o espírito do estudante para o gozo da actividade espiritual. (...) O que pedimos pois ao educador dos jovens é que inculque as possibilidades do pensar autónomo, do exercício contínuo do senso crítico, do apurado sentir; é que dê a cada um o que é necessário para que conserve sempre a juventude do espírito, para que mantenha a plasticidade e a frescura do cérebro; é que nunca deixe secar a argila, como tive ocasião de me exprimir algures."
António Sérgio, "Considerações sobre o Problema da Cultura", Obras Completas, Ensaios - Tomo III, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1980, pp.34-35.
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