Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

CRÍTICA DE "EM TEU VENTRE"

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"O assunto do último livro de José Luís Peixoto (n. 1974) é especioso. Reconhecida-mente especioso. E não gentil. Quase se poderia dizer que, em Portugal, chega a ser um tema fracturante. Trata-se da alegada (tal como dizem em linguagem jurídico-jornalística) aparição, numa azinheira da Cova da Iria, em Fátima, da Virgem Maria. (...) Na sua inesgotável posteridade, tais encontros imediatos de terceiro grau (dir-se-ia em linguagem cinéfila) podem suscitar eventualmente, hoje ainda, ou a paixão dos crentes ou o desdém dos ateus, mas dificilmente sobressaltam a indiferença dos agnósticos. O livro Em Teu Ventre não toma partido e como que naturaliza, e subjuga à ficção, as aparições da «Senhora mais brilhante que o Sol». Digamos que, anulando ou secundarizando expressões metafísicas ou religiosas, este livro toma o partido do imanente quotidiano, campestre e pobre, o partido da água «fresca e salitrosa» e do «pão com pingo». Toma «o partido das coisas», como diria Francis Ponge. Na novela de Peixoto, a transcendência é como que um resíduo do lirismo, que, na obra do autor, sempre ressumbra de personagens, paisagens e acontecimentos. A inesperada ousadia do escritor, ao pegar em tão intratável assunto, seria já merecedora de elogio. Ou de espanto. Porém, o que mais surpreende é que o resultado seja (quase) airosamente conseguido, fazendo de Em Teu Ventre um dos melhores livros de Peixoto (se não for mesmo o melhor). (...)"

Mário Santos, "Mais brilhante do que o sol", in jornal Público online, 27/ 01/ 2016, crítica da novela Em Teu Ventre, de José Luís Peixoto.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

FESTIVAL PLAY 2016

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LEMBRETE


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LEMBRETE

Se procurar bem você acaba encontrando,
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.

Carlos Drummond de Andrade, Poesia Completa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2002, p. 1256.



quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

POESIA NO MUSEU

VERGÍLIO FERREIRA: 1916-1996

Vergílio Ferreira, no Liceu Camões, em Lisboa, em 1981.
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"Autor de uma das obras ficcionais mais importantes e singulares do século XX português, mas também notável ensaísta e diarista, Vergílio Ferreira completaria na próxima quinta-feira, dia 28 de Janeiro, cem anos. Pretexto para dois colóquios internacionais, o primeiro organizado pela Universidade de Évora (29 de Fevereiro a 2 de Março), e o segundo pela Faculdade de Letras do Porto e pela Câmara de Gouveia (18 a 21 de Maio), que irão retomar a discussão de uma obra que continua a ser bastante lida, (...) mas que anda um pouco desaparecida desse espaço público no qual o homenageado, que foi também um polemista temível, sempre fez questão de intervir. (...)"

Luís Miguel Queirós, "Vergílio Ferreira: um mestre sem discípulos", in Público online, 24/10/2016.



domingo, 24 de janeiro de 2016

MITOLOGIAS


Esteban March (1610-1668), Josué Detém o Curso do Sol.
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"A queda dos Titãs, que Zeus lança no mundo inferior, parece ser a mesma história da queda dos anjos que se rebelaram contra Jeová.
A história de Idomeneu, que sacrificou o seu filho ex voto, e a de Jefta são essencialmente iguais.
Será possível que, tal como a raiz das línguas góticas e gregas reside no sânscrito, exista uma mitologia mais antiga da qual derivem as mitologias grega e judaica?
Se pretendêssemos alargar o âmbito da nossa imaginação, poderíamos mesmo aduzir que a noite duplamente longa em que Zeus procriou Héracles em Almena ocorreu porque Josué em Jericó mandou parar o Sol. Zeus e Jeová ajudavam-se, pois, um ao outro: porque os deuses do Céu estão, como os da Terra, sempre em secreta aliança."

Arthur Schopenhauer, Aforismos, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1998, p. 108.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

DEIXA-ME SER FELIZ (XI)




Hoje, Cristiana Vicente Martins apresentou, na BE, o seu livro intitulado Deixa-me Ser Feliz. Estiveram presentes os alunos do 10.º SE2 e a professora Isabel Sousa.

CANTIGAS MEDIEVAIS GALEGO-PORTUGUESAS: a totalidade das cantigas dos cancioneiros galego-portugueses


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"O sítio das Cantigas Medievais Galego-Portuguesas disponibiliza, aos investigadores e ao público em geral, a totalidade das cantigas medievais presentes nos cancioneiros galego-portugueses, as imagens dos manuscritos e a música (medieval e as versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das cantigas)."

Poderá aceder ao sítio aqui.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

DEIXA-ME SER FELIZ (X)


80 ANOS D' "O MOSQUITO"

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O Mosquito, revista portuguesa de banda desenhada, publicada entre 1936 e 1953.
Mostra patente na Biblioteca Nacional de Portugal, entre 26 de janeiro e 29 de fevereiro de 2016.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DA CONCISÃO LXVIII


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"Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi o apelo que ia de nós."

Vergílio Ferreira, alocução no Prémio Europália reproduzida em Espaço do Invisível V, p. 84, in Agenda 2016 Vergílio Ferreira, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2015, semana 32.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O CÉU, O HOMEM, O ELEFANTE


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"Para maior prazer de leitura, na História Natural de Plínio, o Antigo, aconselharei que se aponte sobretudo para três livros: os dois que contêm os elementos da sua filosofia, ou sejam o II (sobre a cosmografia) e o VII (sobre o homem), e, como exemplo das suas cavalgadas entre a erudição e a fantasia, o VIII (sobre os animais terrestres). Naturalmente podem descobrir-se páginas extraordinárias por toda a parte: nos livros de geografia (III-VI), de zoologia aquática, entomologia e anatomia comparada (IX-XI), de botânica, agronomia e farmacologia (XII-XX-XII), ou sobre os metais e pedras preciosas e as belas-artes (XXXIII-XXXVII).

O uso que sempre se fez de Plínio, creio eu, é o da consulta, quer para conhecer coisas que os antigos sabiam ou julgavam saber sobre um dado assunto, quer para respigar curiosidades e estranhezas. (Sob este último aspecto, não se pode esquecer o livro I, ou seja, o sumário da obra, cujas sugestões provêm das associações imprevistas: «Peixes que têm um seixinho na cabeça; Peixes que se escondem de Inverno; Peixes que sentem a influência dos astros; Preços extraordinários pagos por certos peixes», ou então «Da rosa: 12 variedades, 32 fármacos; 3 variedades de lírios: 21 fármacos; Planta que nasce de uma sua lágrima; 3 variedades de narcisos: 16 fármacos; Planta de que se tinge a semente para nascerem flores coloridas; O açafrão: 20 fármacos; Onde se dão as flores melhores; Quais as flores conhecidas nos tempos da guerra de Tróia; Roupas que rivalizam com as flores», ou ainda: «Natureza dos metais; Do ouro; Da quantidade de ouro possuída pelos antigos; Da ordem equestre e do direito de usar anéis de ouro; (...)) Mas Plínio é também um autor que merece uma leitura dilatada, no calmo movimento da sua prosa, animada pela admiração por tudo o que existe e pelo respeito pela infinita diversidade dos fenómenos. (...)

O livro VIII, que passa em resenha os animais terrestres, inicia-se com o elefante, a que é dedicado o capítulo mais longo. Porquê esta prioridade do elefante? Porque é o maior dos animais, certamente (e o tratado de Plínio procede de acordo com uma ordem de importância que frequentemente coincide com a ordem de grandeza física); mas também e sobretudo porque, espiritualmente, é este o animal «mais próximo do homem»! «Maximum est elephas proximumque humanis sensibus», assim começa o livro VIII. De facto o elefante - explica-se logo a seguir - reconhece a linguagem da pátria , obedece aos mandamentos, memoriza as aprendizagens, conhece a paixão amorosa e a ambição da glória, pratica virtudes «raras até entre os homens» como a probidade, a prudência e a equidade, e tributa uma veneração religiosa às estrelas, ao sol e à lua. Nem uma palavra (além daquele superlativo maximum) gasta Plínio para descrever este animal (de resto figurado com fidelidade nos mosaicos da época), mas só refere as curiosidades lendárias que encontrou nos livros: os ritos e os costumes da sociedade elefantina são representados como os de uma cultura diferente da nossa mas igualmente digna de registo e de compreensão. (...)"

Italo Calvino, Porquê Ler os Clássicos, Lisboa, Editorial Teorema, 1994, pp. 39-47.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

COM PALAVRAS VII




Versão moderna, e muito original, de In the Mood, de Glenn Miller, de 1939.



terça-feira, 12 de janeiro de 2016

DA INFLUÊNCIA EM POESIA


Jabuticabeira.
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"AS INFLUÊNCIAS EM POESIA


Desejariam alguns, partidários sem o saber de uma poesia irremediavelmente morta, que o poeta não tivesse influências. Consideram eles a influência incompatível com uma voz própria e portanto condenável. Ora quer-nos parecer a nós, homens antes do mais do nosso tempo, que só o poeta dotado de musa própria pode consentir influências e tantas mais consentirá quanto mais poeta for.

A influência é um local de confronto. Para experimentar as suas forças um poeta enxerta na sua obra um segmento alheio, oriundo de qualquer domínio cultural maxime da poesia nacional ou estrangeira. E a árvore, que confinada aos seus próprios limites estaria condenada à morte ou à menoridade, ensaia novos ramos, percorridos pela mesma seiva. A influência é também um meio de convívio. A poesia é a melhor sala de que o poeta dispõe para conviver com os seus contemporâneos e a única sala onde pode receber e ouvir a voz dos antigos.

A influência é um acto de homenagem porque só se é influenciado por um poeta que se admira. As obras singulares intercomunicam entre si e a arte é um grande empreendimento colectivo, como por exemplo a construção civil. (...)

Entre as várias figuras de retórica, sempre passíveis de virem a ser isoladas em qualquer texto criador, a alusão é o veículo ideal da influência. David Mourão-Ferreira, nas suas inolvidáveis aulas na Faculdade de Letras, definia-a como «a referência num determinado texto a algo que só fora desse texto adquire completo significado». Pode, como se sabe, ser directa ou indirecta e reveste três tipos fundamentais: pessoal, textual e cultural. A primeira, em que directamente se nomeia ou se dão os elementos suficientes para a identificação de alguém, não interessa muito no nosso caso. Já os outros dois tipos representam o veículo ideal da influência. Numa altura em que a grande poesia consente no seu seio, como condição de existência e de sobrevivência, referências a factos de ordem histórica, literária, científica, artística, ou citações de frases ou afirmações alheias de uma maneira tão natural e frequente que não se sente obrigada a indicar a origem, o processo de levantamento das influências pelo leitor ou pelo crítico, além de exigir um grande amor pela obra lida ou criticada, requer uma grande cultura. O poeta, além de o ser por vocação, é também uma grande máquina de viver e de ler e de se cultivar e ao mais pequeno segmento de escrita imola os seus dias e os livros que leu, os filmes que viu, as peças a que assistiu. Exigido por uma coerência íntima, dado de forma tanto quanto possível discreta e natural, tudo isso constitui o tecido, consistente e cerzido, que é o discurso literário nos seus primeiros estratos. (...)"

Ruy Belo, Na Senda da Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, pp. 284-285.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

CARLOS DE OLIVEIRA - HOMENAGEM A GIL VICENTE

Gil Vicente (1465?-1536?).
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VILANCETE CASTELHANO DE GIL VICENTE

Por mais que nos doa a vida
nunca se perca a esperança;
a falta de confiança
só da morte é conhecida.
Se a lágrimas for cumprida
a sorte, sentindo-a bem,
vereis que todo o mal vem
achar remédio na vida.
E pois que outro preço tem
depois do mal a bonança,
nunca se perca a esperança
enquanto a morte não vem.

Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1982, p. 61.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DA CONCISÃO LXVII


António Lobo Antunes. Imagem daqui.


"(...) viver é escrever sem borracha, a gente não pode apagar, a gente não pode emendar."

Entrevista a António Lobo Antunes, Negócios, suplemento Weekend, 8 de janeiro de 2016, p. 6.




quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

DA CONCISÃO LXVI


Cora Coralina, pseudónimo da poetisa brasileira Anna Lins de Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985).
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"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Cora Coralina, "Exaltação de Aninha (O Professor)", in Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha, São Paulo, Global, 2007.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

DIA DE REIS


Pormenor de um capitel da Catedral de Autun - Le Sommeil des Mages.
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