Publicado pela primeira vez em 1945. O Triunfo dos Porcos transformou-se na clássica fábula política deste século. Acrescentando-lhe a sua marca pessoal de mordacidade e perspicácia, George Orwell relata a história de uma revolução entre os animais de uma quinta e o modo como o idealismo foi traído pelo poder, pela corrupção e pela mentira.
George Orwell, pseudónimo de Eric Arthur Blair, nasceu em Bengala mas foi educado em Inglaterra, onde, além do jornalismo, se dedicou à escrita.
É autor, entre outros, do famoso livro 1984. Morreu de tuberculose em 1950.
(Texto da contracapa da obra)
(...) O mistério do destino que era dado ao leite depressa se desvendou. Todos os dias era misturado na ração dos porcos. As primeiras maçãs já estavam maduras e a relva do pomar estava cheia de fruta caída. Os animais tinham suposto como certo que a fruta seria repartida igualmente por todos; um dia, contudo, recebeu-se ordem para recolher e trazer para a casa dos arreios toda a fruta caída, para uso dos porcos. Alguns dos outros animais resmungaram, mas não serviu de nada . Todos os porcos estavam de acordo neste ponto, até Snowball e Napoleão. Squealer foi enviado para dar explicações aos outros.
- Camaradas! - gritou ele. - Com certeza não pensam, espero eu, que os porcos fazem isto com um espírito de egoísmo e superioridade. Na realidade muitos de nós não gostam de leite e maçãs. O nosso único objectivo, ao ficar com estas coisas, é preservar a saúde. O leite e as maçãs (e isto, camaradas, é comprovado pela ciência) contêm substâncias absolutamente necessárias ao bem-estar de um porco. Nós, porcos, trabalhamos com o cérebro. Toda a administração e organização desta quinta dependem de nós. Dia e noite zelamos pelo vosso bem-estar. É por causa de vocês que nós bebemos leite e comemos maçãs. Sabem o que aconteceria se nós, porcos, não cumpríssemos o nosso dever? Jones voltaria para a quinta! Sim, Jones voltaria! Decerto, camaradas - gritava Squealer, quase em súplica, balouçando-se de um lado para o outro e sacundindo a cauda - , decerto nenhum de vocês quer ver Jones regressar, pois não?
Se havia coisa de que os animais estavam bem certos, era que não queriam que Jones voltasse. Posta a questão desta forma, não tiveram mais nada a dizer. A importância de manter os porcos de boa saúde era óbvia. Por isso, ficou acordado sem mais discussão, que o leite e as maçãs do chão (e também as que fossem apanhadas quando amadurecessem) deviam ficar reservados apenas para os porcos.
George Orwell, O Triunfo dos Porcos. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2005. ISBN 972-1-04098-3. Cap. 3, p. 34-35.
Livro disponível na BE. Procure na Classe 8 (Língua. Linguística. Literatura.)
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