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"Existem dois tipos totalmente distintos de aprendizagem. Uma é a aventura, o aprender algo de novo, e a outra, é o empenhamento, o esforço de modo a, por assim dizer, desterrar algo, que se aprendeu, para o subconsciente. Na condução aprende-se a esquecer aquilo que se aprendeu e a prestar atenção à estrada, e em seguida só se presta atenção à estrada e o resto é automático. Para se tocar piano, de início é extremamente difícil coordenar os dedos com as notas, já que se está a aprender algo de novo. Mas depois, quando já se tiver aprendido o que era novo, procuramos dedicar-nos apenas ao essencial: à ideia do compositor. (...)
Existem, portanto, dois estádios completamente distintos da aprendizagem: o primeiro é a aprendizagem aventurosa, a aprendizagem do investigador, do descobridor, o outro, é o saber de cor - fora com ele, expulsêmo-lo para o subconsciente! (...) A repetição não desempenha qualquer papel no descobrir, apenas desempenha um papel no «esquecer». A repetição serve para nós automatizarmos algo, para que isso deixe de nos sobrecarregar, para que não tenhamos de prestar-lhe mais atenção. Existe uma enorme diferença entre a aprendizagem através do ensaio e do erro, que é sempre uma aventura, e a aprendizagem através da repetição, que nunca conduz a nada de novo, mas que apenas faz «esquecer» o aprendido, ou seja, que o impele para o subconsciente."
Karl R. Popper e Konrad Lorenz, O Futuro Está Aberto, Lisboa, Editorial Fragmentos, 1990, p. 27.
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