Vincent Van Gogh, Pont Langlois, Arles (1888).
Imagem daqui.
A PONTE DE VAN GOGH
O lugar não importa: pode ser o Japão, a Holanda, a campina inglesa.
Mas é absolutamente preciso que seja domingo.
O azul do céu ecoa na esmeralda do rio
E o rio reflete docemente as margens de relva verde-laranja
Dir-se-ia que da mansão da esquerda voou o lençol virginal de miss
Para ser no céu sem mancha a única nuvem.
A calma é velha, de uma velhice sem pátina
As cores são simples, ingênuas
A estação é feliz: o guarda da ponte chegou a pintar
De listas vermelhas o teto de sua casinhola.
E, meu Deus, se não fossem esses diabinhos de pinheiros a fazer caretas
E a pressa com que o homem da charreta vai:
- A pressa de quem atravessou um vago perigo
Tudo estivesse perfeito, e não me viesse esse medo tolo se a pequena ponte levadiça
Desabe e se molhe o vestido preto de Cristina Georgina Rossetti
Que vai de umbrela especialmente para ouvir a prédica do novo pastor da vila.
Vinicius de Moraes, Poesia Completa e Prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1998, pp. 508-509.
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