Imagem daqui.
A Natureza é um templo onde vivos pilares
Pronunciam por vezes palavras ambíguas;
O homem passa por ela entre bosques de símbolos
Que o vão observando em íntimos olhares.
Em prolongados ecos, confusos, ao longe,
Numa só tenebrosa e profunda unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade,
Correspondem-se as cores, os aromas, os sons.
Há perfumes tão frescos como a jovem carne,
Doces como oboés e verdes como prados,
- E há outros triunfantes, ricos, corrompidos,
Que se expandem no ar como coisas sem fim,
Como o âmbar, o almíscar, o incenso, o benjoim,
E cantam os arroubos da alma e dos sentidos.
Charles Baudelaire, "Correspondances", in Les Fleurs du Mal, citado em Um Cânone Literário para a Europa, organização de Helena Carvalhão Buescu et al., Vila Nova de Famalicão, Edições Húmus, 2012, p. 136.
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