Calendário Rústico
Saint-Romain-en-Gal, Viena, França
Imagem daqui.
"(...) O melhor de todos é aquele que pensa por si,
compreendendo o que em seguida e no fim será melhor;
bom é também aquele que obedece a quem bem o aconselha;
mas quem não sabe pensar por si nem, ao escutar outrem,
o guarda no coração, esse é, pelo contrário, um homem inútil.
Mas tu, lembrado sempre das minhas recomendações,
trabalha, Perses, estirpe divina, para que a Fome
te odeie e para que te estime a venerável Deméter
de formosa coroa e te encha de víveres a casa.
Pois a Fome sempre acompanha o homem preguiçoso.
Deuses e homens indignam-se contra quem no ócio
vive, semelhante na índole aos zangões sem ferrão
que o labor das abelhas devoram e, sem trabalhar,
comem; preocupa-te pôr em ordem os trabalhos adequados,
para que, na estação própria, de trigo se encham os celeiros.
Graças ao trabalho, os homens são ricos em rebanhos e bens;
e pelo trabalho serás muito mais estimado pelos imortais
(e pelos mortais, porque eles muito detestam os ociosos).
Trabalho não é vergonha, é o ócio que traz vergonha.
Se trabalhares, em breve te inveja o homem ocioso,
porque enriqueces; à riqueza, seguem-na o mérito e a glória.
Na situação em que te encontras, trabalhar é melhor para ti,
se desvias das riquezas alheias o ânimo volúvel
e, dando-te ao trabalho, cuidas da subsistência, como te aconselho.
A vergonha que acompanha o homem necessitado não é boa,
a vergonha que os homens muito prejudica ou favorece;
a vergonha anda ligada à miséria, a confiança à prosperidade."
Hesíodo, Teogonia/ Os Trabalhos e os Dias, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 2005, p. 104.
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