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«JOÃO RODRIGUES (ou Joã Roiz) de Castelo Branco (Castelo Branco, 1511-1568, Salónica) ou Amato Lusitano, português, judeu, médico, praticante de cirurgia, exilado, percorreu a Europa e em Ferrara escreveu sobre a descoberta das VÁLVULAS NAS VEIAS, em 1547. Com Garcia de Orta e Francisco Sanches, Amato é considerado um dos expoentes máximos da Renascença médica portuguesa. É sabido que muitos judeus portugueses foram médicos de nomeada em todos os tempos. É mesmo uma das profissões predominantes nos judeus ilustrados. Mas Amato dedicou-se também ao estudo dos autores antigos ao mesmo tempo que acompanhava o movimento europeu de traduções e de edições científicas. (...) Amato morreu exilado na Turquia. Ele próprio escreveu: "Fui sempre diligente no estudo e por tal forma que nenhuma ocupação ou circunstância, por mais urgente que fosse, me desviou da leitura dos bons autores; nem o prejuízo dos interesses partidários, nem as viagens por mar, nem as minhas frequentes deambulações por terra, nem por fim o próprio exílio me abalaram a alma como convém ao homem sábio". Deixou ainda alguns poemas impressos no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, de que se destaca a Cantiga, Partindo-se.
CANTIGA, PARTINDO-SE
Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tam tristes, tam saüdosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco (Amato Lusitano)»
Testemunhos do Judaísmo em Portugal, Exposição Bibliográfica e Iconográfica, organização do Gabinete das Relações Internacionais do Ministério da Cultura, texto de Maria Helena Carvalho dos Santos, Lisboa, Ministério da Cultura, 1999, pp. 83-84.
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