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Escola Secundária José Saramago - Mafra

terça-feira, 31 de outubro de 2017

MARCENDA


Adamastor, Alto de Santa Catarina, Lisboa.
Imagem daqui.




XVIII

Saudoso já deste verão que vejo,
Lágrimas para as flores dele emprego
        Na lembrança invertida
        De quando hei-de perdê-las.
Transpostos os portais irreparáveis
De cada ano, me antecipo a sombra
        Em que hei-de errar, sem flores,
        No abismo rumoroso.
E colho a rosa porque a sorte manda.
Marcenda, guardo-a; murche-se comigo
        Antes que com a curva
        Diurna da ampla terra.


Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, p. 35.



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