Edward Burne-Jones (1833-1898), Garden of the Hesperides (1869-1873).
Imagem daqui.
Homero, no rasto do Amenti dos Egípcios e do Jardim das Hespérides de Hesíodo, sublinha a felicidade dos habitantes da Hespéria, localizando nela o Campo Elíseo ou morada dos Bem-Aventurados, o Paraíso de Saturno, símbolo de uma Idade de Ouro perdida, a última das terras (finisterrae) antes das Ilhas Afortunadas.
Tais argumentos (a abundância de metais constituía um outro) explicam por que desde um passado remotíssimo, a partir do Mediterrâneo e oriente médio, afluíram à Península Ibérica sucessivas ondas de vida, povos heterogéneos e das mais variadas raças e índoles, almas de eleição atraídas pelos lugares sagrados e centros mistéricos, herdeiros da civilização semi-divina de Mu, a Atlântida imortalizada por Platão no Timeu e no Crítias.
São incontáveis os testemunhos aludindo a esse território ocidental, sejam os legados pelos sobreviventes do dilúvio em que terá perecido, sejam aqueles atestando a sacralidade que as gerações vindouras conferiram aos vestígios remanescentes e o desvelo que, pelos séculos fora, puseram na sua preservação. Plutarco, na biografia de Sertório, não deixa mesmo de relacionar com tal tradição a vinda para a Hispânia daquele romano, cuja intenção era terminar os seus dias sem guerras nem tiranias, sob a graça vespertina de Vénus, a Grande Deusa guardiã da Ilha dos Amores situada neste extremo do continente.(...)
O Eterno Feminino no Aro de Mafra, Roteiro Monográfico, coordenação de Manuel Gandra, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1994, p. 5.
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