“Sede”
Eu vi um homem
encostado a uma parede
e tinha sede.
Um outro,
lhe estendeu uma garrafa de água
que ele jorrou
para a sua garganta.
E eu vi a sede daquele homem…
a garganta seca como um deserto
que recebeu a tão desejada água
de alguém que ali passou por perto.
Eu vi a sede…
Eu continuo a ver a Sede
nos caminhos secos dos migrantes
ao sol tórrido,
ao vento frio e seco
que nem a chuva abranda.
Eu vejo a sede nas lágrimas das crianças,
eu vejo a sede
nos rostos vincados das suas mães.
Eu vejo a Sede dos Homens,
Sede de Justiça,
Sede de Paz,
Sede de um lar,
da família
que passou a fronteira
e eles ficaram para trás.
Eu vejo a sede….
a sede da velhice nos pés cansados
e gretados do caminho,
à fuga de um destino,
A Sede de uma vida inteira
que um homem carrega sozinho.
Eu vejo a Sede
mitigada pela Esperança
de voltarem a ter
o doce acolhimento
do seu próprio ninho.
Eu vi a sede na garganta daquele homem,
A Sede daqueles que sofrem
E se consomem…
Eu vejo a sede
daqueles que rodeados de água
à guerra fogem.
Eu vejo a Sede da Humanidade
Eu vejo a Sede
daqueles que de tantas sedes
à Sede morrem!
Luísa Cordeiro
(27.11.2018)
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