George Gershwin/ Fazıl Say, Summertime
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Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra
Escola Secundária José Saramago - Mafra
terça-feira, 23 de julho de 2013
SEM PALAVRAS XVII
George Gershwin/ Fazıl Say, Summertime
EM DEFESA DA LÍNGUA MATERNA
“Um
homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: -
todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato
e falso que denuncia logo o estrangeiro. Na língua verdadeiramente reside a
nacionalidade; - e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da
Europa vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização. Não há já para ele o
especial e exclusivo encanto da fala materna com as suas influências afectivas, que o envolvem, o isolam das outras
raças; e o cosmopolitismo do verbo irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do
carácter. Por isso o poliglota nunca é patriota. Com cada idioma alheio que
assimila, introduzem-se-lhe no organismo moral modos alheios de pensar, modos
alheios de sentir. O seu patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo. Rue
de Rivoli, Calle d’Alcalá, Regent Street, Wilhelm Strasse – que lhe importa?
Todas são ruas, de pedra ou de macadame. Em todas a fala ambiente lhe oferece
um elemento natural e congénere onde o seu espírito se move livremente,
espontaneamente, sem hesitações, sem atritos. E como pelo verbo, que é o
instrumento essencial da fusão humana, se pode fundir com todas – em todas
sente e aceita uma pátria.”
Eça de Queiroz, A Correspondência de Fradique Mendes,
Lisboa, Edição Livros do Brasil, s/d, pp.130-131.
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Língua Portuguesa
segunda-feira, 22 de julho de 2013
DANIEL FARIA
DO CICLO DAS INTEMPÉRIES
1
Sabes, leitor, que
estamos ambos na mesma página
E aproveito o facto de
teres chegado agora
Para te explicar como
vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na
terra que pisas – podes pensar
Que te digo alguma coisa
não necessária, mas podia ter-te dito, acredita,
Que a magnólia te cresce
como um livro entre as mãos. Ou melhor,
Que a magnólia – e essa é
a verdade – cresce sempre
Apesar de nós.
Esta raiz para a palavra
que ela lançou no poema
Pode bem significar que
no ramo que ficar desse lado
A flor que se abrir é já
um pouco de ti. E a flor que te estendo,
Mesmo que a recuses
Nunca a poderei conhecer,
nem jamais, por muito que a ame,
A colherei.
A magnólia estende contra
a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da
magnólia como se pegasse na tua mão
Daniel Faria (Paredes, 1971 – Porto, 1999)
(Dos Líquidos, 2000)
DA CONCISÃO XXVIII
Imagem daqui.
JANELA DO CONVENTO DE CRISTO EM TOMAR
Um país precisa de uma janela
por onde se possa olhar
Jorge de Sousa Braga
(Boca do Inferno, 1987)
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Poesia,
Portugal
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Dous gigantes pintados cõ hũs bastões nas mãos: gravuras chinesas de porta
No âmbito das comemorações dos 500 anos de relações entre Portugal e a China, a Biblioteca Nacional de Portugal apresentará uma mostra de 43 gravuras, dos séculos XVIII e XIX, organizada a partir de quatro núcleos: gravuras de portões exteriores, gravuras de portas de estábulos, gravuras de portas interiores e gravuras para ocasiões especiais.
De 25 de julho a 26 de outubro de 2013
Galeria do Auditório
Entrada livre
DUAS E TRÊS
Escadaria interior da Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro
DUAS E TRÊS
Levei um susto quando aquela voz soprou na minha nuca:
- Se tu é bom, mata essa: «Não durmo no Rio porque
tenho pressa, duas e três.»
Voltei-me para ver quem falava. Era um homem
quarentão, alto e gorducho, de roupas imundas, rasgadas, e cara encardida. Uma cara
simpática de gângster regenerado.
Ele ria:
- Mata essa, vamos!
Era de manhã cedo, em junho, e fazia um frio
agradável. Acordara e, sem ter para onde ir, sentei-me naquele banco da Praça
Floriano, em frente à Biblioteca Nacional, à espera de que ela abrisse. Meu velho
terno marrom esfiapava nas mangas, o sapato empoeirado, a barba por fazer.
«Esse homem está me tomando por um vagabundo», pensei comigo. E achei
divertido.
- Matar o quê?
- A charada, meu besta!
O velho se debruçava em cima de mim, com um riso
gozador. Fedia a suor e molambo. Afastei-o um pouco, com o braço e, meio sem
saber o que fizesse, acedi.
- Como é mesmo a charada?
- Só repito esta vez, tá bom? «Não durmo no Rio
porque tenho pressa, duas e três.»
Sempre fui um fracasso para matar charadas. Fiz um
esforço para penetrar nas palavras, mas em vão.
- Digo mais – esclareceu-me o vagabundo. – Chaves:
«Não durmo» e «Rio». Conceito: «pressa»… Mas você é burro, hein?
Donde diabo viera aquele camarada impertinente,
para me obrigar a resolver uma charada àquela hora da manhã? Mas meu orgulho
estava em jogo. Pensava e o pensamento escapulia.
- Não consigo decifrar. Não me amola.
- Então você perdeu.
- É, perdi.
- Então paga.
- Paga o quê?
- Duas pratas, meu Zé. Você perdeu!
Era incrível. Comecei a rir. Ele também ria e
dizia: “Paga, duas pratas.”
Dei-lhe uma cédula de dois cruzeiros e fiquei ali
rindo enquanto ele se afastava arrastando seus sapatos furados.
Semanas depois, estava eu no Passeio Público,
quando ele veio com a mesma conversa, como se nunca me tivesse visto. «Mata
essa: não durmo no Rio, porque tenho pressa, duas e três.» Respondi-lhe em cima
da bucha: «Não durmo, velo; no Rio, cidade: velocidade.» Ele ficou desapontado.
«Você perdeu», disse-lhe eu. «Paga duas pratas.» Olhou-me sério, meteu a mão no
bolso e estendeu-me duas notas imundas. Fomos tomar juntos um café na Lapa.
Ferreira Gullar, Poesia Completa,
Teatro e Prosa, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 2008, pp.921-922.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
DIA INTERNACIONAL DE NELSON MANDELA
Imagem e todas as informações aqui.
Nelson Mandela, 18 de julho de 1918, Mvezo, África do Sul
Poema Invictus, de William Ernest Henley, declamado por Alan Bates
quarta-feira, 17 de julho de 2013
APARÊNCIAS PRIVADAS
Vieira da Silva, Autoportrait, 1930
Pedro Cabrita Reis, Furtivo Fra Le Tenebre I, 1993.
São cinco os temas principais em torno dos quais se organiza a exposição "Aparências Privadas. Autorretratos de artistas contemporâneos": o espelho, a morte, o estúdio, a transfiguração, o olhar do artista.
Para ver a partir de amanhã, 18 de julho, e até ao dia 10 de novembro de 2013,
na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa.
terça-feira, 16 de julho de 2013
EXPOSIÇÃO GIOVANNI PICO DELLA MIRANDOLA
Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494)
Imagem e informações aqui.
No âmbito das comemorações dos 550 anos do nascimento deste humanista europeu, estará patente uma exposição dos tesouros bibliográficos da sua autoria, bem como de obras de outros autores renascentistas que por ele foram influenciados.
De 18 de julho a 22 de setembro de 2013
Das 13h00 às 17h00 (excepto à terça-feira)
Museu das Artes Decorativas Portuguesas
Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva
Entrada livre
SUGESTÃO DE LEITURA (34)
(...) "Isto está cheio de gente! Não vamos conseguir ...". disse Pedro Justiceiro, desanimado, eram 14 e 40. Renato respondeu que, pelo contrário, quanto mais gente melhor para o plano.
(...) Silvino envolve a mão num lenço de quadrados azuis, agarra a alavanca, dá uma mirada em redor, ninguém deste lado, ninguém naquele, puxa de leve, piram-se cinco abelhas a experimentar o voo, zzzzzzz, zzzzzzz, somem-se na direcção do Egipto, não tarda nada ouvem-se os primeiros gritos, gritos dilacerantes, de cortar o coração, e rebenta o cagaçal de pés em correria.
"Já está uma barulheira do escafandro", comenta Renato, e manda puxar outra vez, segunda dose, Silvino diz "okay chefe, lá vai disto", zzzzzzz, zzzzzzz, mais vinte e uma abelha em três esquadrilhas de sete revolteiam no espaço afiando os ferrões, dois japoneses atravessam a galeria aos pulos, seguidos de uma sueca que enfia desesperadamente a mão no decote, uma abelha tinha-se lá ido meter, devia ser a abelha-mestra, cada vez mais gritos, impossível distinguir um grito sueco de um grito de Campo de Ourique, zzzzzzz, zzzzzzz, um cidadão espanhol quer encafuar-se numa arca francesa, Luís XVI, é o encafuas, já lá havia abelhas, duas de rabo alçado e ferrão em riste, o espanhol dá um salto como os bonecos nas caixas de surpresas, diz três obscenidades, mas foi em espanhol, passa, zzzzzzz, zzzzzzz, aparecem em pelotão compacto as meninas do colégio dando à perninha e berrando graciosamente.
"Puxa!", ordena de novo Renato, "quem me acaba o resto?", retruca Silvino, agarra-se à alavanca com a força toda, o fundo da caixa abre-se de par em par, "olha para este cardume", entusiasma-se Silvino, "enxame", emenda Renato, "ou isso", concorda Silvino, zzzzzzz, zzzzzzz, cena terrível, centenas de abelhas iradas atacando em todas as direcções, apanham a excursão de alemães que se tinham reunido disciplinadamente à espera que a guia desse o sinal de partida, já não esperam, arrancam como foguetes, mas chocam de frente com os italianos que vinham à desfilada, julgavam que a porta era do outro lado, há feridos ligeiros, um japonês pára para tirar fotografias, mas não tira, é atacado pela retaguarda, dá um pinote e foge agarrado à zona, toda a zona está a arder, fica uma Nikon exposta entre as obras de arte assíria.
ZAMBUJAL, Mário - Crónica dos Bons Malandros. Lisboa: Quetzal Editores, 2008. 31.ª ed. 151p. ISBN 978-972-564-662-5
O livro está disponível para requisição na Biblioteca da ESJS.
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Sugestão de Leitura
segunda-feira, 15 de julho de 2013
LABORATÓRIO DE ANATOMIA
Imagem e informações detalhadas aqui.
A exposição "Laboratório de Anatomia - Ver e Pensar o Corpo" está patente no Átrio Principal da Reitoria da Universidade de Lisboa até ao dia 13 de setembro de 2013,
podendo ser visitada das 9h00 às 18h00.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
SEM PALAVRAS XVI
Antonio Vivaldi, As Quatro Estações - Verão
quarta-feira, 10 de julho de 2013
AQUISIÇÕES RECENTES
Cadernos de Poesia
”Viola Delta”. Coord. Fernando Grade. Volume XLIX, n.º 127 (2012) –
Estoril: Edições Mic
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – Cartas Diplomáticas. Tomo I, Volume I, Maia: Círculo de
Leitores, 2013, 300p, ISBN 978-972-42-4834-9
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – A Chave dos Profetas. Tomo III, Volume V, Maia: Círculo de
Leitores, 2013, 398p, ISBN 978-972-42-4835-2
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – A Chave dos Profetas. Tomo III, Volume
VI, Maia: Círculo de Leitores, 2013, 484 p, ISBN 978-972-42-4836-3
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – Sermões do Advento, do Natal e da Epifania.Tomo II, Volume
I, Maia: Círculo de Leitores, 2013, 422 p, ISBN 978-972-42-4839-4
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – Cartas de Roma. Tomo I , Volume III, Maia: Círculo de Leitores,
2013, 554 p, ISBN 978-972-42-4838-7
FRANCO, José
Eduardo; CALAFATE, Pedro (coord.) – Padre
António Vieira – Sermões do Rosário Maria Rosa Mística II. Tomo II, Volume IX,
Maia: Círculo de Leitores, 2013, 438 p, ISBN 978-972-42-4837-0
GABRIEL, Alexandre
(coord.) – O Perdão dos Templários.
Sintra: Zéfiro. 2008. 3.ª ed., 268 p. ISBN 972-8958-22-6
GRADE, Fernando
– Não Mintas às Pedras. Lisboa:
Edições Mic. 2012. 68 p.
GRADE, Fernando
– Os Mortos Tratam-se Por Tu. Lisboa:
Edições Mic. 2011. 35 p.
SILVA, Francisco
Vaz da (coord.) – Irmãos Grimm – Contos
da Infância e do Lar. Volume II. Maia: Círculo de Leitores, 2012, 2.ª ed.,
546 p, ISBN 978-989- 644-190-6-42-4837-0
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Biblioteca Escolar
DA CONCISÃO XXVII
"Ler sem analisar é via do estulto, que em tudo crê, irmão do insensato, que em tudo descrê."
Pinharanda Gomes, História da Filosofia Portuguesa, I- A Filosofia Hebraico-Portuguesa, Lisboa, Guimarães Editores, 2009, p.579.
terça-feira, 9 de julho de 2013
DA METÁFORA I - SINTAXE DE METÁFORAS
“(…) Deveria
demonstrar que as metáforas não são simples idealizações que sobem como
foguetes para iluminar o céu exibindo a sua insignificância, mas, sim, pelo
contrário, que as metáforas se atraem e se coordenam mais do que as sensações,
a tal ponto que um espírito poético é pura e simplesmente uma sintaxe das
metáforas. Cada poeta deveria então dar lugar a um diagrama que indicaria o
sentido e a simetria das suas coordenadas metafóricas, exactamente como o
diagrama de uma flor fixa o sentido e as simetrias da sua acção floral. Não existe
nenhuma flor real sem essa conformidade geométrica. Assim como
não há floração poética sem uma certa síntese de imagens poéticas. Não se
deverá, no entanto, interpretar esta tese como um desejo de limitar a liberdade
poética, de impor uma lógica, ou uma realidade, o que vem dar na mesma, à
criação poética. Só no fim, objectivamente, depois dela desabrochada, é que se
pode descobrir o realismo e a lógica íntima de uma obra poética. Por vezes,
certas imagens verdadeiramente diversas, que poderiam considerar-se hostis,
heteróclitas, dissolventes, acabam por fundir-se numa imagem adorável. Os mosaicos
mais estranhos do surrealismo passam a ter subitamente gestos contínuos; uma
cintilação revela uma luz profunda; um olhar que brilha de ironia mostra de
repente um raio de ternura: a água de uma lágrima sobre o fogo de uma confissão
de amor. É pois esta a função decisiva da imaginação: de um monstro faz um
recém-nascido!”
Gaston Bachelard,
A Psicanálise do Fogo, Lisboa,
Litoral Edições, 1989, pp.117-118.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
LEITURA DOMICILIÁRIA: OS MAIS REQUISITADOS NA BE
Capitães da Areia, Jorge Amado
A Lua de Joana, Maria Teresa Maia Gonzalez
Memorial do Convento, José Saramago
Felizmente há Luar!, Luís de Sttau Monteiro
O Homem da Máquina de Escrever, Fernando Campos
O Tempo entre Costuras, Maria Dueñas
Contos, Eça de Queirós
Crónica de Uma Morte Anunciada, Gabriel García Márquez
Desonrada, Sofia Hayat
Crónica dos Bons Malandros, Mário Zambujal
As Rosas de Atacama, Luis Sepúlveda
O Nome da Rosa, Umberto Eco
A Lua de Joana, Maria Teresa Maia Gonzalez
Memorial do Convento, José Saramago
Felizmente há Luar!, Luís de Sttau Monteiro
O Homem da Máquina de Escrever, Fernando Campos
O Tempo entre Costuras, Maria Dueñas
Contos, Eça de Queirós
Crónica de Uma Morte Anunciada, Gabriel García Márquez
Desonrada, Sofia Hayat
Crónica dos Bons Malandros, Mário Zambujal
As Rosas de Atacama, Luis Sepúlveda
O Nome da Rosa, Umberto Eco
UM FILME PORTUGUÊS
Cartaz daqui.
UM FILME PORTUGUÊS
Um piano
toca
Um candelabro
aceso
Um livro
encontrado
Um corvo
parado
Um cavalo
corre
Uma carta
lacrada
Adília Lopes, Dobra, Poesia Reunida, Lisboa, Assírio & Alvim, 2009, p. 536.
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sexta-feira, 5 de julho de 2013
SEM PALAVRAS XV
Músicas do filme Cloud Atlas (2012), de Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykmer
quarta-feira, 3 de julho de 2013
SEM PALAVRAS XIV
Legião Urbana - Medley, pela Orquestra Sinfônica Brasileira
terça-feira, 2 de julho de 2013
FABIENNE VERDIER AO LADO DOS GRANDES MESTRES FLAMENGOS
Fabienne Verdier. Homenagem aos mestres flamengos.
Imagem daqui.
Jan van Eyck, Virgem com o cónego van der Paele, 1434-36, Museu Groeninge, Bruges
Imagem daqui.
A exposição "Fabienne Verdier. Hommage aux maîtres flamands", uma homenagem moderna aos velhos mestres da pintura flamenga dos séculos XV e XVI, está patente no Museu Groeninge, em Bruges, na Bélgica, desde 4 maio até 25 de agosto de 2013.
CULTURA SEFARDITA
Bíblia de Abravanel (Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra)
Imagem daqui.
“Ao contrário
do que ocorre com os demais judeus peninsulares, vivessem eles sob o domínio
muçulmano de Córdova ou dos reis taifas, ou, mais tarde, sob o domínio dos reis
cristãos de Castela ou de Aragão, sabemos muito pouco sobre a cultura e a obra
literária e artística dos judeus que viveram em território nacional. (…)
Sem
conseguir chegar a qualquer conclusão, para além da quase ausência de
comprovativo documental dessa produção, não posso deixar de referir o pouco que
se conhece, apesar da existência de muitos documentos cuja proveniência ou autoria
é desconhecida, e que muitas vezes são atribuídos pelos historiadores aos
judeus “espanhóis”, esquecendo que “sefardita” abrangia toda a Península. Agrava
ainda a situação o facto de a onomástica peninsular ser muito semelhante. Portugal
e Castela tiveram, desde o século XIV, famílias com apelido Alguadix, Caro,
Usque, Sacuto, Cohen, para já não mencionar aquelas cujo nome de família
desconhecemos porque escondido sob a capa de topónimos como Toledano, Sevilhano,
Navarro, de Leão, etc. Desconhecemos os poetas portugueses de credo moisaico,
excepto (…) Vidal, judeu de Elvas, que se imortalizou por duas cantigas de amor
à maneira provençal, em louvor da dama formosa daquele concelho, Samuel de
Leiria, cujo nome é mencionado num documento alcobacense como trovador, ou Juda
Negro, trovador da rainha D. Filipa de Lencastre, talvez o mesmo Juda Yahia,
conhecido em Castela, nos finais do século XIV, inícios do século XV. (…)
Para além
da família Ibn Yahia/ Negro, cuja memória chegou até nós, outros nomes são-nos
conhecidos. Um deles identificava o médico do conde D. Pedro de Meneses,
capitão-mor de Ceuta, José Zarco (…). Outra família importante na corte de Avis
foi a dos Abravanéis. Originários de Sevilha, imigraram para Portugal, nos
finais do século XIV, quando das perseguições às comunidades judaicas da
Andaluzia, em 1391. (…)
É
provável que, numa corte culta como era a de Avis, os judeus que a frequentavam
exteriorizassem interesses que os aproximassem dos cortesãos cristãos. Verificamos
pelas anotações do rei D. Duarte que o rabi-mor Guedelha Negro manifestava
conhecimentos de astronomia e interesse por cálculos astronómicos a partir da
posição da estrela polar. Outros possuíam bibliotecas, como aquela que D. João
II confiscou a Isaac Abravanel e onde provavelmente existiriam (…) obras de
filósofos gregos e de autores latinos, ou obras de cristãos contemporâneos.
Médicos,
dominando na quase totalidade o exercício da medicina no reino, os judeus
portugueses aliavam a arte de curar doenças com a astrologia, o que seria
reconhecido em tom divertido por Gil Vicente na Farsa dos Físicos. Estudavam o Canon de
Avicena e Averróis junto a outro mestre; outros frequentavam a Universidade de
Coimbra, como Abrãao e Guedelha Negro; outros ainda pela sua qualidade foram
físicos e cirurgiões-mores. Foram os primeiros oftalmologistas conhecidos em
Portugal, como mestre Nacim. (…)
Os judeus
portugueses cultivaram a arte da caligrafia e da iluminura, assim como abriram
oficinas tipográficas no reino.(…) Desconhecemos o valor da biblioteca da comunidade
judaica de Lisboa, quando foi confiscada para a coroa com a expulsão e baptismo
forçado dos judeus portugueses. Apenas podemos supor o quanto seria valiosa, se
pensarmos que a biblioteca de Toledo tinha sido trazida para Portugal. Mestre António,
converso, físico do rei D. Manuel, censurá-lo-ia pela destruição de tão valiosa
biblioteca, quando o soberano resolveu doá-la ou vendê-la ao desbarato, sem ter
a noção do valor dos códices que ela continha.”
Maria José Ferro
Tavares, A Herança Judaica em Portugal,
CTT Correios de Portugal, 2004, pp. 132-147.
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Património
segunda-feira, 1 de julho de 2013
SEM PALAVRAS XIII
Pietro Mascagni, Cavalleria Rusticana (Intermezzo)
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