24/09/2013
22:34
Música, as notas seguidas da clave de sol. A
caneta a arranhar o papel. O poisar da pauta ao alcance dos olhos; a um
pressionar de melodia, os dedos dançam nas teclas fazendo lembrar o meu próprio
movimento a clicar as letras que traduzem aquilo que nunca me lembraria de
dizer. Gosto de música clássica. Não me diz nada, mas ao mesmo tempo também não
precisa de dizer. A irritação de descobrir que não percebemos uma palavra ou
outra da música não existe, porque as palavras não precisam de lá estar. O piano é
simplesmente universal. Mas também não toca para qualquer um. O verdadeiro
desafio é querer experimentar e ultrapassar o preconceito inicial. Não era bem sobre
este assunto que tinha em mente escrever, mas de momento é o único sobre o qual me
apetece falar.
25/09
17:27
Ocorreu-me agora: este tema de escrita era
perfeito para as circunstâncias de uma ditadura, ou mesmo até para indivíduos
mudos. Mas é muito mais difícil respeitá-lo quando se está na minha situação.
Para os oprimidos e mudos o assunto adequa-se à sua condição,
mas, no meu caso, o que é que existe que eu não possa dizer? Se pensarmos bem
eu posso dizer tudo o que me vier à cabeça. “Gosto”, “Não Gosto” “Amo”,
“Odeio”, nunca fui pessoa de guardar sentimentos para mim, muito menos de amores
secretos ou ódios eternos. Por outro lado, só tenho 15 anos… Nunca experimentei,
porém, estar no centro daquelas discussões e coscuvilhices de adolescentes que
parecem congregar o grupo atual de jovens desinteressados pela escola.
Desgostam de tudo e de todos, tendo, contudo, uma coisa em comum: abominarem a
escola.
Ainda nunca repararam que a escola é o único
motivo pelo qual eles têm as suas coscuvilhices existenciais para ocuparem uma vida
temporariamente desocupada.
O título é “o que não se diz, mas que é
possível escrever”. O que nunca nos lembramos de dizer, mas quando escrito
parece subitamente fazer todo o sentido. Embora isto desse pano para mangas, o
tempo voa e ainda tenho gramática para “fazer”.
É tudo por hoje. PS: Pondera-se criação de diário
digital. J
Mónica Páscoa Dias, 11ºN
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