Imagem daqui.
A verdade é que a maioria das pessoas fala demais. Tantas
vezes queremos falar… às vezes falamos… e, no geral, mais vale ficarmos
calados.
Já toda a gente quis expressar um sentimento pouco
conveniente. Amor, ódio, raiva, saudade, qualquer coisa.
Os sentimentos são engraçados na medida em que as
pessoas aceitam uns melhor que outros. Se eu expressar um
sentimento de compaixão para com alguém, muito provavelmente vou ficar vista
como uma jovem sensível, simpática, entre outras coisas bonitas que possamos
imaginar. Por outro lado, se eu me aproximar de um indivíduo e disser ‘Peço
desculpa, mas não te acho piada nenhuma, não gosto de ti’, vou passar a ser a
pior pessoa do mundo, mesmo que este comentário seja bastante mais sincero que
o gesto de compaixão.
As pessoas não gostam de sinceridade. Nem sei porque
me pedem opiniões - se dou uma opinião negativa, acham logo que sou uma
invejosa! Meus caros, inveja e sinceridade estão longe uma da outra, a sério.
Voltando ao tema inicial… Falar demais pode ser um
castigo. Nós não sabemos o que se espera de nós, nem conhecemos as reações que
podem surgir. É por isso que se pode e deve escrever, ao invés de, grosso modo, ‘cuspir tudo cá para fora’.
Libertações de fúria dão ótimos textos sobre como é
difícil viver em sociedade; desgostos amorosos resultam em poemas líndissimos
que ainda hoje estudamos na escola; aborrecimentos com conhecidos dão excelentes
peças de teatro, podendo carregar o tom das personagens, criando-lhes exageros e
fazendo vir ao de cima o seu pior.
A ideia está em usar o nosso dia a dia como se de uma
arte se tratasse. Transformá-lo em algo bom mesmo que tenha sido mau, ou em
algo ainda melhor caso já tenha sido bom o suficiente.
Não podemos dizer tudo o que nos apetece, nem tudo o
que nos vem à cabeça. As palavras devem ser escolhidas com cuidado. Eu não
posso expressar verbalmente que um professor é uma ‘grande seca’, se ele
estiver a um metro de mim. No entanto posso escrevê-lo num papel e enviar à
colega do lado, esperando um sorriso solidário e uma expressão facial de ‘a
quem o dizes!’.
Às vezes sentimos mesmo uma vontade profunda de nos
libertar um pouco, de soltar um comentário grosseiro, mas talvez isso só seja
prejudicial. Afinal, quantas vezes não ganhámos mais em ficar em silêncio?
O segredo é escrever, escrever tudo aquilo que não
podemos dizer.
Bruna Henriques, 11ºN
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