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Escola Secundária José Saramago - Mafra

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O QUE NÃO SE DIZ, MAS QUE É POSSÍVEL ESCREVER... II

 
Imagem daqui.



A verdade é que a maioria das pessoas fala demais. Tantas vezes queremos falar… às vezes falamos… e, no geral, mais vale ficarmos calados.

Já toda a gente quis expressar um sentimento pouco conveniente. Amor, ódio, raiva, saudade, qualquer coisa.

Os sentimentos são engraçados na medida em que as pessoas aceitam uns melhor que outros. Se eu expressar um sentimento de compaixão para com alguém, muito provavelmente vou ficar vista como uma jovem sensível, simpática, entre outras coisas bonitas que possamos imaginar. Por outro lado, se eu me aproximar de um indivíduo e disser ‘Peço desculpa, mas não te acho piada nenhuma, não gosto de ti’, vou passar a ser a pior pessoa do mundo, mesmo que este comentário seja bastante mais sincero que o gesto de compaixão.

As pessoas não gostam de sinceridade. Nem sei porque me pedem opiniões - se dou uma opinião negativa, acham logo que sou uma invejosa! Meus caros, inveja e sinceridade estão longe uma da outra, a sério.

Voltando ao tema inicial… Falar demais pode ser um castigo. Nós não sabemos o que se espera de nós, nem conhecemos as reações que podem surgir. É por isso que se pode e deve escrever, ao invés de, grosso modo, ‘cuspir tudo cá para fora’.

Libertações de fúria dão ótimos textos sobre como é difícil viver em sociedade; desgostos amorosos resultam em poemas líndissimos que ainda hoje estudamos na escola; aborrecimentos com conhecidos dão excelentes peças de teatro, podendo carregar o tom das personagens, criando-lhes exageros e fazendo vir ao de cima o seu pior.

A ideia está em usar o nosso dia a dia como se de uma arte se tratasse. Transformá-lo em algo bom mesmo que tenha sido mau, ou em algo ainda melhor caso já tenha sido bom o suficiente.

Não podemos dizer tudo o que nos apetece, nem tudo o que nos vem à cabeça. As palavras devem ser escolhidas com cuidado. Eu não posso expressar verbalmente que um professor é uma ‘grande seca’, se ele estiver a um metro de mim. No entanto posso escrevê-lo num papel e enviar à colega do lado, esperando um sorriso solidário e uma expressão facial de ‘a quem o dizes!’.

Às vezes sentimos mesmo uma vontade profunda de nos libertar um pouco, de soltar um comentário grosseiro, mas talvez isso só seja prejudicial. Afinal, quantas vezes não ganhámos mais em ficar em silêncio?

O segredo é escrever, escrever tudo aquilo que não podemos dizer.

 
Bruna Henriques, 11ºN
 
 

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