Robert Doisneau, Une salle de classe (1957).
Imagem daqui.
NÃO
HÁ
Não
há o mestre
Não
há o aprendente,
Não
há o trimestre
Não
há o correr surpreendente.
Não
há o toque
Não
há o chegar atrasado,
Não
há o chegar a reboque
Não
há o rosto resignado.
Não
há a parte teórica
Não
há a indesejada gramática,
Não
há o prazer da retórica
Não
há a vantagem da prática.
Não
há o grupo ou o par
Não
há a definição do tema,
Não
há o movimento a trabalhar
Não
há o estratagema.
Não
há o artigo que se lê
Não
há a mensagem que desafia,
Não
há a imagem que se vê
Não
há a opinião que contraria.
Não
há a canção
Não
há a rima,
Não
há a atenção
Não
há o tom que se afina.
Não
há o poema
Não
há a linha,
Não
há o fonema
Não
há a entoação que convinha.
Não
há a pintura
Não
há a fotografia,
Não
há o texto com rasura
Não
há a ilegível caligrafia.
Não
há a janela por onde se espreita
Não
há o livro aberto,
Não
há a resposta que deleita
Não
há o olhar desperto.
Não
há a ânsia da saída
Não
há a matéria já arrumada,
Não
há a voz já não ouvida
Não
há a palavra já não registada.
Há uma sala cheia de quase tudo
Que pode parecer quase nada!
Maria Manuel Reis, Professora desta Escola.
Adorei!
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