William-Adolphe Bouguereau (1825-1905), L'Amour (1891).
Imagem daqui.
A EROS
É uma criança,
e não é difícil
que a identifiquem:
entre mais de vinte,
é reconhecível...
Sua pele não é
nem branca nem mate,
mas da cor do fogo…
Tem olhos brilhantes
e vivos, de chama!
Espírito de mal,
palavras de mel,
em nada acredita
de quanto proclama.
Mais doce que os doces
tem o som da voz:
contudo, é de fel
aquilo que manda…
E, sempre a mentir,
em jogos cruéis
passa o tempo todo…
Ou, então, em festas:
cabelos em ondas
(melhor: aos anéis)
e um tufo atrevido
no alto da testa…
Tem pulsos pequenos,
que ferem ao longe
- às vezes, até
no reino dos mortos…
O corpo desnudo,
a alma velada,
parece uma ave,
pois também tem asas…
Para as raparigas
e para os rapazes
chega a ser terrível,
se em seus corações
elege, de acaso,
o alvo pràs setas
que traz na aljava…
Mosco, século II a. C.
Mosco, “A Eros”, in “Vozes da Poesia Europeia – I”,
traduções de David Mourão-Ferreira, Colóquio-Letras,
número 163, janeiro-abril de 2003, pp. 68-69.
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