Francesco Petrarca (1304-1374).
Imagem daqui.
Só, pensativo, o ermo descampado
vou medindo com passo tardo e lento,
e olhos desvio a evitar atento
vestígio humano no areal marcado.
Outro escudo não tenho contra olhado
da gente em manifesto entendimento;
pois na extinta alegria em que me alento
se lê por fora o meu dentro inflamado;
e montes, prados, creio, e a folhagem
da selva e rios, sabem qual a têmpr'a
da vida que eu aos outros não revele.
Porém áspera via ou tão selvagem,
não sei buscar que Amor não venha sempre a
discorrer já comigo e eu com ele.
Francesco Petrarca, As Rimas de Petrarca, edição bilingue, tradução de Vasco Graça Moura, Lisboa, Bertrand, 2003, p. 133.
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