Orfeu com a lira e rodeado de animais (Museu Bizantino e Cristão - Atenas). Foto de Ricardo André Frantz.
Imagem daqui.
CANTO X - MISSÃO E PROMISSÃO
Não a vaga palavra, corruptela
vã, corrompida folha degradada,
de raiz deformada, abaixo dela,
e de vermes, além, sobre a ramada;
mas, a que é a própria flor arrebatada
pela fúria dos ventos: mas aquela
cujo pólen procura a chama iriada,
- flor de fogo a queimar-se como vela;
mas aquela dos sopros afligida,
mas ardente, mas lava, mas inferno,
mas céu, mas sempre extremos. Esta sim,
esta é que é a flor das flores mais ardida,
esta veio do início para o eterno,
para a árvore da vida que há em mim.
Jorge de Lima (1895-1953), "Invenção de Orfeu"
José Valle de Figueiredo, Antologia da Poesia Brasileira, Lisboa, Editorial Verbo, s/d, p. 175.
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