"(...) Uma cousa é o methodo de construir sciencia, e outra cousa é o methodo de a expender. Se o professor não ensina firmado em principios fixos e estatuidos, se não visa o scôpo em linha recta e segura, se não sabe aconchegar-se da percepção do alumno, debalde se dispende em aptidão e engenho, que a miudo lhe descambará o pé. É urgente que as suas prelecções tenham realces originaes; e nunca os ha de ter, embora lhe sobejem conhecimentos solidos, se estes forem exclusivos, e se a extensão do espirito não estiver em harmonia com a profundidade. A arte suprema é saber aformosentar as questões mais arduas, lustrando-as das côres mais adequadas, dando-lhes relêvos de utilidade consentaneos á honra, á glória, riqueza, justiça, ordem moral e physica, sciencia, virtude, amor patrio e de familia, grandeza de animo, leis divinas e humanas, immortalidade, paz, etc. É sobremaneira dissaborida e triste a vida escolar, se o professor não sabe matizal-a com variados expedientes e aplicações que enriqueçam a intelligencia de idéias novas, sem desvial-a do alvo apontado. (...)"
Camilo Castelo Branco, Prefácio a Diccionario Universal de Educação e Ensino, org. E. M. Campagne, vol. I, Porto e Braga, Livraria International de Ernesto e Eugénio Chardron, 1873, pp. viii.
N.B. Foi respeitada a grafia original.
Sem comentários:
Enviar um comentário