“Os
autores podem ser divididos em meteoros, planetas e estrelas fixas. Os primeiros
produzem um efeito momentâneo: erguemos o olhar, gritamos: «Olhem!» - e
desaparecem para sempre. Os segundos, as estrelas móveis, duram muito mais
tempo. Em virtude da sua proximidade, chegam a brilhar mais do que as estrelas
fixas, que os ignorantes confundem com elas. Mas também eles têm de largar o
seu lugar, brilham apenas com uma luz emprestada, e a sua esfera de influência
é limitada aos que viajam com eles (os seus contemporâneos). Só os terceiros
são imutáveis, mantêm-se firmes no firmamento, brilham com luz própria e
influenciam todas as eras por igual, pois o seu aspecto não se altera quando se
altera o nosso ponto de vista, dado que não têm paralaxe. Ao contrário dos
outros, não pertencem a um único sistema (nação): pertencem ao Universo. Mas é
precisamente por estarem tão alto que a sua luz leva geralmente tantos anos a
chegar aos olhos dos habitantes da Terra.”
Arthur Schopenhauer,
Aforismos, Mem Martins, Publicações
Europa-América, 1998, p.86.
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