Darwin foi um dos primeiros
investigadores a considerar os benefícios do sexo e fê-lo de modo pragmático,
como sempre. Ele entendia que a principal vantagem do sexo era o vigor híbrido,
ou seja, que a descendência de dois progenitores não relacionados é mais forte,
mais saudável e mais apta — e tem menor probabilidade de sofrer de doenças
congénitas como a hemofilia ou a doença de Tay-Sachs — do que os filhos de
progenitores familiares próximos entre si. Bastava olhar para as antigas
monarquias europeias como, por exemplo, os Habsburgos, um ramo doentio e
insano, para estimar os efeitos nefastos de demasiada consanguinidade. Para
Darwin, o sexo tinha tudo a ver com a exogamia, não obstante ter casado com a
sua única prima direita, o modelo de virtude Emma Wedgewood, de quem teve 10 filhos.
LANE, Nick - A Espiral da Vida. Lisboa: Gradiva: 2012. 524 p. ISBN 978-989-616-489-8
A resposta de Darwin gozava de
dois grandes méritos, mas padecia do seu total desconhecimento acerca dos
genes. E os dois méritos são, por um lado, que o vigor híbrido é vantajoso de
imediato e, por outro, que os benefícios são focalizados num indivíduo. Isto
significa que é mais provável que a exogamia dê origem a crianças saudáveis
que não morram na infância, logo que mais genes sobrevivam até à geração
seguinte. Trata-se de uma explicação darwiniana agradável, com um significado
mais abrangente ao qual voltaremos mais tarde. (Aqui, a selecção natural está a
actuar sobre indivíduos e não sobre grupos.) O problema é que esta
interpretação só explica a exogamia e não do sexo.
LANE, Nick - A Espiral da Vida. Lisboa: Gradiva: 2012. 524 p. ISBN 978-989-616-489-8
NICK LANE é bioquímico e foi contemplado com a
primeira fellowship em investigação
da Provost’s Venture no Departamento de Genética, Evolução e Ambiente - University College London. Publica com
regularidade em revistas científicas reconhecidas internacionalmente e
dedica-se à divulgação científica nos vários meios de comunicação social. É
frequentemente orador convidado em conferências internacionais. O seu livro
anterior, Power, Sex, Suicide, foi nomeado para o Prémio Royal Society para
livros de ciência em 2006 (prémio que o livro agora publicado venceu em 2010) e
para o Prémio Jovem Autor Académico do Ano. Foi ainda eleito livro do ano pela The Economist.
(Texto da badana do livro)
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