Canforeira (Cinnamomum camphora).
Imagem daqui.
Olha também Bornéu, onde não faltam
Lágrimas no licor coalhado e enxuto
Das árvores, que cânfora é chamado,
Com que da ilha o nome é celebrado.
Luís de Camões, Os Lusíadas (Canto X, estância 133).
"(...) as meninas brincam, a correr, numa algazarra, dando cambalhotas que servem para as afastar (a elas e a nós) da casa, em direcção à natureza. Subitamente, somos confrontados com um enorme e velho canforeiro que se agiganta sobre as crianças como uma montanha. Esta árvore há-de tornar-se uma personagem central na história (...). Mas só depois de as crianças regressarem a casa, quando uma noz, uma só, cai misteriosamente no chão, é que começamos a perceber que aquele é realmente um lugar assombrado.
É exactamente nesta altura, com o pai a sugerir algumas explicações racionais para o que aconteceu - esquilos, talvez, ou ratos - que Miyazaki nos mostra o tal poço, aquilo que em Nova Iorque nos tinha parecido trivial, meramente utilitário.
Então, as meninas abrem a porta das traseiras. Há luz lá fora, do lado de dentro está escuro. Quando a porta se abre, vemos umas pequenas criaturas pretas e ouvimos uma espécie de borbulhar agudo enquanto elas fogem da luz. Lembramo-nos de morcegos e baratas, mas estas criaturas são de outro tipo.
As meninas gritam mas então, independentes uma da outra, encolhem os ombros e avançam, numa acção que não só intensifica o drama como dá início a um circuito arquitectónico. Parando o filme a qualquer momento, podíamos ter uma sessão de explicações sobre a casa japonesa, mas continuemos em frente (...)."
Peter Carey, O Japão é um Lugar Estranho, Lisboa, Tinta-da-China, 2011, pp. 146-147.
Sem comentários:
Enviar um comentário