Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

sábado, 31 de dezembro de 2016

FELIZ ANO NOVO !

Visco. Daqui.


XIII

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro.
Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.


Cecília Meireles, Cânticos, São Paulo, Editora Moderna, 1982, Canto XIII, s/ p.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (6)


"Fado de um fado"

 
A história de um poema inacabado
é o Fado do meu fado,
é sina que não escolhi,
e eu,
dei Vida a outras vidas
e a minha não vivi.


...e brotam as palavras
do meu peito
e eu,
não tenho outro feito
nem maneira
de as calar.

 
Ninguém,
mas mesmo ninguém,
ousará
não dizer "Não".

L.C.

 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

FELIZ NATAL !

Geertgen tot Sint Jans, A Natividade de Noite (ca. 1490).
Imagem daqui.




Dos Céus à Terra desce a mor Beleza,
Une-se à nossa carne e fá-la nobre;
E sendo a humanidade dantes pobre,
Hoje subida fica à mor alteza.

Busca o Senhor mais rico a mor pobreza;
Que, como ao mundo o seu amor descobre,
De palhas vis o corpo tenro cobre,
E por elas o mesmo Céu despreza.

Como? Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta,
Que só rica a pobreza lhe parece?

Pobreza este Presépio representa;
Mas tanto por ser pobre já merece,
Que quanto mais o é, mais lhe contenta.

Luís de Camões, Lírica, fixação de texto de Hernâni Cidade, ilustrações de Lima de Freitas, vol. III, Círculo de Leitores, s/ d, p. 208.




quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

ENCONTRO COM A ESCRITORA INÊS OLIVEIRA PIRES





Fotografias: Marcelo Correia, aluno do 11.º UAE3
Teve lugar no auditório pequeno, no passado dia 16 de dezembro, o encontro com a jovem escritora Inês Oliveira Pires. A autora publicou recentemente o seu primeiro romance A Galeria de Arte. Este livro  é dirigido aos jovens e  aborda temáticas relacionadas com a adolescência.
 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (5)


"Fado do Tempo"


O Tempo é caprichoso

só passa quando ele quer,

umas vezes vagaroso

outras vezes a correr.

 
Quando quero ir ter contigo,

o Tempo custa a passar,

meu coração desespera

de tanto ter de esperar.

 
Quando estou a adormecer,

já são horas de acordar

e enquanto vivo o meu dia

dou comigo a sonhar.

 
Eu ontem era menina,

hoje sou uma mulher,

já nevou nos meus cabelos

o Tempo passa a correr

e eu nem dei por nevar.

 
L.C.

"DOS LUSOS A GLÓRIA HERDADA"


Painel de azulejos figurando o Adamastor, Buçaco.
Imagem daqui.


«XX


Dos Lusos a glória herdada.


GLOSA

Nasci no tempo ferrenho,
E apenas razão me move,
Grito aos Céus, exclamo a Jove,
"Oh Jove! Em que tempos venho!
Um despenho, outro despenho
Me apresenta a sorte irada;
Minha essência colocada
Está no ponto mais baixo;
Já não vejo, já não acho
Dos Lusos a glória herdada."


As nossas armas brilharam
Pondo ao universo espanto,
E as letras puderam tanto,
Que as armas mesmo eclipsaram:
Os nossos timbres voaram
Pela massa organizada;
E o grão monstro, que inda brada
Lá no promontório seu,
Fero Adamastor temeu
Dos Lusos a glória herdada

Manuel Maria Barbosa du Bocage, "Glosas", in Obras de Bocage, Porto, Lello & Irmão Editores, 1968, p. 1069.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O NÍVEL (IDEAL) DO LIVRO


Imagem daqui.




«Por trás do processo contínuo de decaimento no nível dos livros de texto, que testemunhamos nas últimas décadas, está a idéia de que todos os alunos, ou pelo menos a maioria deles, devam ser capazes de entender todos os tópicos do livro de texto. Trata-se de um grande equívoco. O nível ideal do livro deve estar um pouco acima da capacidade do aluno típico. Sua compreensão parcial de um texto um pouco mais profundo é certamente mais valiosa do que a compreensão de um texto elementar. Isto porque, exceto para pessoas intelectualmente muito bem-dotadas, os conceitos mais refinados da física e da matemática só são assimilados após um certo tempo de "convivência" com eles. Assim o contato precoce com as subtilezas dos conceitos sempre antecipa o amadurecimento do estudante. O aluno que estudou física básica em um livro conceitualmente mais profundo irá quase certamente demonstrar maior aproveitamento nos cursos mais avançados, que encontrará a partir do terceiro ano do curso universitário. É como na música: se você ouviu Mozart aos dez anos, irá apreciá-lo enormemente aos vinte. Essas últimas considerações levam-nos também a concluir que os exames de avaliação dos alunos devem ficar um pouco abaixo do nível praticado no ensino, e do aluno só é correto exigir o domínio do que houve de mais básico e fundamental no curso.»

Alaor Silvério Chaves, Física: mecânica, Rio de Janeiro, Reichmann & Affonso Ed., 2001, p. 9.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

FESTA DOS LIVROS 2016

Imagem e informação complementar aqui.


À semelhança de anos anteriores, a Fundação Calouste Gulbenkian promove a Festa dos Livros, que decorrerá até ao dia 23 de dezembro de 2016.



AS MÁSCARAS DE PESSOA







Fotografias de Andreia Jesus, aluna do 12.º PT3B

No dia em que se comemorou o 81.º aniversário da morte de Fernando Pessoa, a 30 de novembro, os alunos do 12.º ano das turmas PT3B, CT4 e LH3, sob a orientação da professora Maria Rodrigues, com a colaboração da equipa da BE, declamaram poemas de Pessoa ortónimo e heterónimos. Em simultâneo, no espaço da Biblioteca, no mural com a representação de uma imagem do poeta, os utilizadores da Biblioteca foram convidados a escrever pequenos textos sobre o autor e a sua obra.



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

ENTRE CENAS





DOAÇÃO DO ESPÓLIO DE JOSÉ SARAMAGO À BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL






"No dia 10 de Dezembro, quando passam 18 anos da entrega do Prémio Nobel a José Saramago, terá lugar na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) um acto formal de entrega do Espólio de José Saramago à BNP. Desta forma, dá-se seguimento à vontade do escritor quando, antes e depois do Prémio Nobel, entregou à BNP alguns documentos, entre eles o original de O Ano da Morte de Ricardo Reis e o Diploma do Nobel."


Texto e imagens da Fundação José Saramago.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

HITCHCOCK/ TRUFFAUT


Imagem daqui.



O documentário Hitchcock/ Truffaut (2015), de Kent Jones, com Steven Spielberg, Martin Scorsese e Wes Anderson, estreia-se esta quinta-feira, 8 de dezembro, nos cinemas portugueses.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

PALAVRA DO ANO 2016


A imagem e o acesso ao sítio da votação encontram-se aqui.


Até ao dia 31 de dezembro de 2016, poderá votar na palavra do ano, escolhendo entre:

brexit

microcefalia

campeão

parentalidade

empoderamento

presidente

geringonça

turismo

humanista

racismo


DO NOME XI


Núbia, maio de 2010.



"(...) Joaquim Sassa tornou a olhar o espelho, agora para se ver a si próprio, reconhecer o alívio nos seus olhos, para pouco mais dava o reflexo, um bocadinho do rosto, assim é difícil saber a quem pertence, a Joaquim Sassa, já sabemos, mas Joaquim Sassa quem é, um homem ainda novo, tem os seus trinta e tal anos, mais perto dos quarenta que dos trinta, (...) as sobrancelhas são pretas, os olhos castanhos à portuguesa, nítida a cana do nariz, são feições realmente comuns, saberemos mais dele quando se voltar para nós. Por enquanto, pensou, é só um apelo pela rádio, o pior vai ser na fronteira, ainda por cima este meu apelido, Sassa, hoje o que me calhava era ser um Sousa qualquer, como o outro de Collado de Pertuis, um dia foi ver no dicionário se a palavra existia, Sassa, não Sousa, e o que significava, ficou a saber que era uma árvore corpulenta da Núbia, lindo nome, de mulher, Núbia, lá para os lados do Sudão, África Oriental, página noventa e três do atlas. (...)"

José Saramago, A Jangada de Pedra, Lisboa, Editorial Caminho, 1999, p. 55.



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

SERENA VOZ IMPERFEITA


Fotografias de André Vicente Gonçalves, daqui.



Serena voz imperfeita, eleita
Para falar aos deuses mortos -
A janela que falta ao teu palácio deita
Para o Porto todos os portos.

Faísca da ideia de uma voz soando
Lírios nas mãos das princesas sonhadas
Eu sou a maré de pensar-te, orlando
A Enseada todas as ensedas.

Brumas marinhas esquinas de sonho...
Janelas dando para o Tédio os charcos
E eu fito o meu Fim que me olha, tristonho,
Do convés do Barco todos os barcos...

Fernando Pessoa, 6.10.1914

Cartas de Fernando Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues, introdução de Joel Serrão, Lisboa, Livros Horizonte, 1985, p. 43.



terça-feira, 29 de novembro de 2016

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (4)



Tu...
mandaste-me BEIJOS
meu amor,
como quem me envia
um ramo de frescas rosas 
vermelhas
ou um perfume
com o seu suave
e fresco odor.

Tu...
mandaste-me BEIJOS
meu amor...

Luísa Cordeiro
16-11-2016 



segunda-feira, 28 de novembro de 2016

TATUAGEM

Imagem e outras informações aqui.



A exposição estará patente no Palácio Pombal, em Lisboa, a partir do dia 1 de dezembro de 2016 e até 1 de março de 2017.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"ALMAS, VIDAS, PENSAMENTOS"


Amadeo de Souza-Cardoso, Os Galgos (1911).
Imagem daqui.



«LIII

Almas, vidas, pensamentos.

GLOSA

Calções, polainas, sapatos,
Percevejos, pulgas, piolhos,
Azeites, vinagres, molhos,
Tigelas, pires, e pratos:
Cadelas, galgos, e gatos,
Pauladas, dores, tormentos,
Burros, cavalos, jumentos,
Naus, navios, caravelas,
Corações, tripas, moelas,
Almas, vidas, pensamentos!»


Manuel Maria Barbosa du Bocage, "Glosas", in Obras de Bocage, Porto, Lello & Irmão Editores, 1968, p. 1090.



quinta-feira, 24 de novembro de 2016

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (3)


O olhar tão triste daquela criança
por detrás do "muro" de arame...

Impossível 
não sentir piedade....!!!

Que mundo é este
em que esta
é a nossa verdade!!!

Que pena sinto
por esse olhar
gravado na minha mente
ser o "Ser"
destas palavras...

Não queria sentir pena,
antes queria
vê-la sorrir o sorriso da Infância
e
sentir Saudade...!!!

 Luísa Cordeiro
15-11-2016