Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

DA CONCISÃO CII


Imagem daqui.



A água na taça é transparente; a água no mar é escura.
A pequena verdade tem palavras claras; a grande verdade tem silêncio grande.

Rabindranath Tagore, A Asa e a Luz, Lisboa, Assírio & Alvim, 2016, p. 63.




quinta-feira, 29 de novembro de 2018

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (34)


“Sede”


Eu vi um homem

encostado a uma parede

e tinha sede.

Um outro,

lhe estendeu uma garrafa de água

que ele jorrou

para a sua garganta.

E eu vi a sede daquele homem…

a garganta seca como um deserto

que recebeu a tão desejada água

de alguém que ali passou por perto.

Eu vi a sede…

Eu continuo a ver a Sede

nos caminhos secos dos migrantes

ao sol tórrido,

ao vento frio e seco

que nem a chuva abranda.

Eu vejo a sede nas lágrimas das crianças,

eu vejo a sede

nos rostos vincados das suas mães.

Eu vejo a Sede dos Homens,

Sede de Justiça,

Sede de Paz,

Sede de um lar,

da família

que passou a fronteira

e eles ficaram para trás.

 

Eu vejo a sede….

a sede da velhice nos pés cansados

e gretados do caminho,

à fuga de um destino,

A Sede de uma vida inteira

que um homem carrega sozinho.

Eu vejo a Sede

mitigada pela Esperança

de voltarem a ter

o doce acolhimento

do seu próprio ninho.

Eu vi a sede na garganta daquele homem,

A Sede daqueles que sofrem

E se consomem…

Eu vejo a sede

daqueles que rodeados de água

à guerra fogem.

Eu vejo a Sede da Humanidade

Eu vejo a Sede

daqueles que de tantas sedes

à Sede morrem!
 

Luísa Cordeiro

(27.11.2018)
 

AUTORRETRATO III


Johannes Vermeer (1632-1675), Rapariga com brinco de pérola.





AUTORRETRATO

Magra, loira, baixinha,
Óculos, verniz, branquinha,
Sem saber o primeiro beijo
Em Évora o Amor deixei.

Nascida a 27 de agosto,
pesada, grande e bem disposta,
para do mundo provar o gosto,
vestida a rigor e composta.

De mala aviada vou
Ter com quem sempre me amou,
Para as saudades matar,
Os meus pais vou abraçar.

Ana Carolina Pinto, Aluna do 12º LH4 desta Escola.



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

LISTA DE COISAS PARA FAZER NUM DOMINGO DE CHUVA



Fotografia de Carol Stark.




acor
D
o
O
lho a janela

M
iro a chuva a cair
está fr
I
o

N
ão quero sair da cama
mas tenho o corpo
G
elado
entã
O

tenho de levantar-me

D
evagar, porque está frio

E

ir buscar
um
C
obertor

H
oje não saio de casa!
pego nas gomas de fr
U
ta, na cozinha,
e
V
olto para a cama

A
mo domingos de chuva!


Melissa Almeida, Aluna do 12º LH4 desta Escola.



terça-feira, 27 de novembro de 2018

O MUNDO DE ESOPO E ETERNO VERÃO - ANTOLOGIAS


Imagem daqui.



Concursos de contos - O Mundo de Esopo - e de poemas - Eterno verão.

Prazo: 31 de dezembro de 2018.

Editora Olympia (Brasil).



segunda-feira, 26 de novembro de 2018

AUTORRETRATO II


Imagem daqui.



Eu sou

Cabelos pretos, alguns brancos,
Histórias que contam
Mais do que eu conto,
Músicas, letras
que definem o que eu sou,
Momentos de tristeza
Criaram o soldado que sou,
Momentos que sabem a veneno,
Mas de garra eu sou,
Alegrias e tristezas,
Sorrisos e gargalhadas,
Esta eu sou.

Inês Lourenço, Aluna do 12º LH4 desta Escola.



sexta-feira, 23 de novembro de 2018

AUTORRETRATO I


Imagem daqui.




Autorretrato

Divertido, amigo, nervoso,
Brincalhão, inteligente, simpático,
Boa pessoa, bom apoiante, corajoso,
Ótimo no desporto, pena ser asmático.

Alto, moreno, olho castanho,
Vivendo uma vida de rebanho.
Feliz, amoroso, convencido,
Mas nunca sofrido.

Adoro a minha família,
A minha mãe, Emília,
O meu pai, João,
Um grande brincalhão,
A minha irmã, Joana,
Que idolatra a sua iguana.

Sendo assim feliz,
Mas sempre um aprendiz,
Aprendi a viver,
Sem ter nada a perder.

Tomás Fonseca, Aluno do 12º CT7 desta Escola.



quinta-feira, 22 de novembro de 2018

PELO CAMINHO...


Imagem daqui.




Eis-me aqui

Nascida em dezembro,
Aqui estou
a tocar a vida
Como ninguém a toca.
Rodopios e pensamentos,
Incapacidade de demonstrar
O que faço aqui,
Desafios e caminhos,
O que sou? Já vos digo,
Quando me encontrar
Pelo caminho, digo: Olá!
Ao passado e ao futuro,
Porque é isso que
Eu sou.


Inês Lourenço, Aluna do 12º LH4 desta Escola.



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

DA CONCISÃO CI


Carlos de Oliveira.
Imagem daqui.



A propósito duma entrevista (que não cheguei a dar) sobre a «oficina do escritor», ocorre-me isto: o que sustenta a obra literária é a sua capacidade de integrar-se no mundo pessoal dos leitores (...)

Carlos de Oliveira, O Aprendiz de Feiticeiro, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1979, p. 73.



terça-feira, 20 de novembro de 2018

VITORINO NEMÉSIO



Lançamento do volume I da nova coleção da Obra Completa de Vitorino Nemésio, com edição da Imprensa Nacional.

22 de novembro, pelas 18h30, na Biblioteca Nacional.



segunda-feira, 19 de novembro de 2018

HAI-KAI


Imagem daqui.




HAI-KAI

Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio d'asas.

- Como quereis o equilíbrio?

David Mourão-Ferreira, Obra Poética, Barcarena, Editorial Presença, 2006, p. 90.



sexta-feira, 16 de novembro de 2018

AUTORES, OBRAS E BIBLIOTECAS, NO DIA DO ANIVERSÁRIO DE JOSÉ SARAMAGO


Biblioteca Tianjin Binhai, China.
Imagem daqui.




Setembro de 2008

Dia 23

BIOGRAFIAS


Creio que todas as palavras que vamos pronunciando, todos os movimentos e gestos, concluídos ou somente esboçados, que vamos fazendo, cada um deles e todos juntos, podem ser entendidos como peças soltas de uma autobiografia não intencional que, embora involuntária, ou por isso mesmo, não seria menos sincera e veraz que o mais minucioso dos relatos de uma vida passada à escrita e ao papel. Esta convicção de que tudo quanto dizemos e fazemos ao longo do tempo, mesmo parecendo desprovido de significado e importância, é, e não pode impedir-se de o ser, expressão biográfica, levou-me a sugerir um dia, com mais seriedade do que à primeira vista possa parecer, que todos os seres humanos deveriam deixar relatadas por escrito as suas vidas, e que esses milhares de milhões de volumes, quando começassem a não caber na Terra, seriam levados para a Lua. Isto significaria que a grande, a enorme, a gigantesca, a desmesurada, a imensa biblioteca do existir humano teria de ser dividida, primeiro, em duas partes, e logo, com o decorrer do tempo, em três, em quatro, ou mesmo em nove, na suposição de que nos oito restantes planetas do sistema solar houvesse condições de ambiente tão benévolas que respeitassem a fragilidade do papel. Imagino que os relatos daquelas muitas vidas que, por serem simples e modestas, coubessem em apenas meia dúzia de folhas, ou ainda menos, seriam despachados para Plutão, o mais distante dos filhos do Sol, aonde de certeza raramente quereriam viajar os investigadores.

Decerto se levantariam problemas e dúvidas na hora de estabelecer e definir os critérios de composição das ditas «bibliotecas». Seria indiscutível, por exemplo, que obras como os diários de Amiel, de Kafka ou de Virginia Woolf, a biografia de Samuel Johnson, a autobiografia de Cellini, as memórias de Casanova ou as confissões de Rousseau, a par de tantas outras de importância humana e literária semelhante, deveriam permanecer no planeta onde haviam sido escritas para que fossem testemunho da passagem por este mundo de homens e mulheres que, pelas boas ou más razões do que tinham vivido, deixaram um sinal, uma presença, uma influência que, tendo perdurado até hoje, continuarão a deixar marcadas as gerações vindouras. (...)

José Saramago, O Caderno. Textos escritos para o blog. Setembro de 2008 - Março de 2009, Lisboa, Fundação José Saramago e Editorial Caminho, 2009, pp. 33-34.



quinta-feira, 15 de novembro de 2018

HOMENAGEM A SARAMAGO E À LITERATURA PORTUGUESA






Para celebrar o 20º aniversário da atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago, a partir das 10h, do dia 9 de dezembro, na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, far-se-á a leitura integral de Todos os Nomes, por 20 atores.

Esta leitura de cerca de nove horas será seguida de uma cerimónia de homenagem ao Nobel, com intervenções de Germano de Almeida, Lídia Jorge, Ondjaki, Nelida Piñon e Mia Couto.

Entrada livre.



quarta-feira, 14 de novembro de 2018

DESEJOS DE UM PASSADO



Imagem daqui.




Desejos de um passado


Desejos de um passado
Que pensei nunca conhecer.
Dor de um presente
Que anseio por esquecer.

Oh, lágrima solar,
Que iluminas a minha face,
Seca de uma vez!
Para que esta dor passe.

Oh, ancestrais,
Elevai-me novamente,
Livrai-me destes mortais,
Salvai-me deste presente.

Oh, fado incerto,
Diz-me se algum dia,
O meu coração deserto
Encontrará o amor que pedia.

Oh, escuridão eterna,
Espera por mim.
Aproxima o meu fim
Esta dor que não pedi.

Tomás Silva, Aluno do 12º LH4 desta Escola.



terça-feira, 13 de novembro de 2018

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (34)


“ELE, tu e todos nós…”
 

Eu não sei,

eu não pelejo,

eu não sou nenhum anjo

mas por Deus estou a lutar!!!...,

só tu não vês,

só tu não crês

que o Amor de Deus

te quer alcançar!!!!!!!

 

…e quando choras

porque não podes mais,

tu pensas no momento

em que te fizeram

teus pais…

 

Só tu não queres ver…

só tu não queres saber

porque morreu um FILHO

para nos salvar!!!

…e o meu grito,

é uma casca de noz,

num mar imenso e aflito,

numa jangada que és tu e eu…

somos todos nós!!!

Luísa Cordeiro
06.11.2018