Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O QUE EU NÃO QUERO SER E PORQUÊ I


Imagem daqui.




Não quero ser alguém pessimista,
Não quero ser materialista,
E tenho de incluir nesta lista
Não querer ser alguém que não sou,

Porque todos os outros já estão ocupados,
Tal como a lua é a lua
E o sol é o sol.

Não quero ser ignorante:
Quero aprender algo novo todos os dias
E abraçar essa oportunidade.

Não quero ser preguiçosa nem teimosa,
Mas infelizmente sou assim...
Pois a preguiça teima em não me deixar
Dar o melhor de mim.

Arina Belaia, Aluna do 12º CT3 desta Escola.




quarta-feira, 27 de setembro de 2017

OBJETIVO MORDZINSKI - UMA VIAGEM AO CORAÇÃO DA LITERATURA IBERO-AMERICANA





«A exposição fotográfica "Objetivo Mordzinski - Uma viagem ao coração da literatura ibero-americana", do argentino Daniel Mordzinski, vai estar patente entre 4 de outubro e 29 de dezembro na Casa da América Latina, marcando os 39 anos de carreira deste artista que se dedicou ao retrato de escritores.

A exposição conta com centenas de retratos de escritores, 70 dos quais portugueses. Entre os escritores portugueses retratados, contam-se nomes como António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís, Eduardo Lourenço ou José Saramago. Vários rostos da literatura latino-americana, desde Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, até aos atuais escritores emergentes na região, estão também representados numa mostra assente na relação que a fotografia mantém com a literatura.

"Objetivo Mordzinski é um olhar sobre o futuro, bem como um objetivo que reivindica e reclama a memória - a dos escritores que retrato, a dos seus livros e a minha também. Outro objetivo é incitar e promover a leitura: sempre fui da opinião que nos livros se escondem os verdadeiros segredos da vida, que não são nem o dinheiro, nem o poder, nem a fama. Comecei a retratar os autores que admiro aos dezoito anos e o meu objetivo é continuar, para poder compartilhar com os outros essas certezas de adolescente", comenta o artista.»

A imagem, o texto e outras informações encontram-se no sítio da Casa da América Latina.



terça-feira, 26 de setembro de 2017

DA CONCISÃO LXXXVI


Imagem daqui.



"A névoa é o perdão do sol ás coisas imperfeitas."


Castello de Moraes, "Névoa", in AAVV, Orpheu - Edição fac-similada, provas tipográficas de Orpheu 3 (digitalização: biblioteca da Casa Fernando Pessoa), Lisboa, Edições Tinta-da-china, 2015, p. 225.




segunda-feira, 25 de setembro de 2017

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

DA CONCISÃO LXXXV (OUTONO)


Imagem daqui.



11

O outono
também é
uma coisa
que começa


Paul Claudel, Cent phrases pour éventails (1927), in "Vozes da Poesia Europeia - III", Colóquio-Letras, traduções de David Mourão-Ferreira, número 165, setembro-dezembro de 2003, p. 28.



quinta-feira, 21 de setembro de 2017

SALA CHEIA


Robert Doisneau,  Une salle de classe (1957).
Imagem daqui.




NÃO HÁ

Não há o mestre
Não há o aprendente,
Não há o trimestre
Não há o correr surpreendente.
Não há o toque
Não há o chegar atrasado,
Não há o chegar a reboque
Não há o rosto resignado.
Não há a parte teórica
Não há a indesejada gramática,
Não há o prazer da retórica
Não há a vantagem da prática.
Não há o grupo ou o par
Não há a definição do tema,
Não há o movimento a trabalhar
Não há o estratagema.
Não há o artigo que se lê
Não há a mensagem que desafia,
Não há a imagem que se vê
Não há a opinião que contraria.
Não há a canção
Não há a rima,
Não há a atenção
Não há o tom que se afina.
Não há o poema
Não há a linha,
Não há o fonema
Não há a entoação que convinha.
Não há a pintura
Não há a fotografia,
Não há o texto com rasura
Não há a ilegível caligrafia.
Não há a janela por onde se espreita
Não há o livro aberto,
Não há a resposta que deleita
Não há o olhar desperto.
Não há a ânsia da saída
Não há a matéria já arrumada,
Não há a voz já não ouvida
Não há a palavra já não registada.

Há  uma sala cheia de quase tudo
Que pode parecer quase nada!


Maria Manuel Reis, Professora desta Escola.



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

COISAS DESOLADORAS, COISAS QUE FAZEM BATER O CORAÇÃO, COISAS SEM VALOR, COISAS QUE DEVEM SER BREVES...

Imagem daqui.




Uma das coisas mais desoladoras na vida (senão a maior!) deve ser amar uma pessoa que não nos ama. Que o digam os grandes poetas e românticos da História. Para além de teres o coração partido em mil pedaços, sentes que ninguém te compreende e, pior ainda, tornas-te motivo de pena.

Mas que sei eu de amor? Na realidade não sei nada e ainda bem. É certo que tenho as minhas paixonetas. Tenho aquela pessoa especial que me aquece a alma e faz bater o coração de uma forma diferente de um filme de terror ou de um momento em que estou prestes a tomar uma decisão precipitada. Aquela pessoa em redor da qual a minha mente vagueia constantemente.

Não digo que esta paixão me tenha partido o coração, mas, infelizmente, também não o colou de volta.

Diana Freire, Aluna do 12º SE1 desta Escola.




"PORTUGAL FUTURISTA" E OUTRAS PUBLICAÇÕES DE 1917


Capa do número único de "Portugal Futurista".



«(...) Portugal Futurista não foi, efetivamente, uma revista qualquer. A sua apreensão imediata é bem reveladora do seu conteúdo, tão invulgar quanto o de Orpheu, saída dois anos antes, e que ainda hoje nos faz sorrir. Uma carta datada de 11 de julho de 1917 pretende precisamente reatar a provocação e mostrar como existe uma continuidade entre as duas revistas, ainda que falemos de coisas (e protagonistas) diferentes. Da autoria de Fernando Pessoa, a carta fala da possibilidade de ainda editar um terceiro número de Orpheu, edição que nunca chegou a acontecer na sua vida. (...)»


Mostra patente na Biblioteca Nacional, de 26 de setembro a 30 de dezembro de 2017.



terça-feira, 19 de setembro de 2017

GRAMÁTICA UNIVERSAL


Painéis de São Vicente.

Painel do Infante.
Imagens daqui.



«(...) Em 1960, através de uma série de entrevistas a Almada Negreiros, o Diário de Notícias anunciava a conclusão de extensos estudos que tinham levado o entrevistado à "teoria fundamental que rege o curso da humanidade", o cânone, imutável "e permanente em cada pessoa humana". O objecto dos estudos tinha sido, fundamentalmente, os painéis de São Vicente. Numa síntese entre racionalidade geométrica e messianismo nacionalista, Almada descobrira uma gramática universal - mas interpretada pela obra maior de uma tradição nacional - anterior a qualquer opinião - mas por onde todas as opiniões teriam de se exprimir -, impossível de ensinar porque imanente, um "conhecimento" em que "permanecem para todas as circunstâncias do espaço e do tempo todas as constantes encontradas primeiro". Mais do que épico, o tom é (...) messiânico, o que dá aos seus trabalhos um carácter de profecia que os coloca para além de qualquer discussão:

"A eruditos apresento o resultado. Sujeito-me absolutamente à competência das suas respectivas erudições. Que venham. Mas não queiram trazer cálculo a conhecimento cuja característica é não o ter. Se o cálculo confirmar, parabéns ao cálculo. Se não confirmar, cuidado com o cálculo."

(...) É impossível não ver na indiferença perante o "cálculo" dos eruditos sobre o cânone a mesma recusa expressa numa crítica à peça Adão e Eva de Jaime Cortesão, que é também uma tentativa de afirmação geracional, quarenta anos antes, nas páginas do Diário de Lisboa: "Mau vai, quando a nossa cabeça começa a lançar mão de raciocínio. (...) Isso era dantes. Antes de nós termos nascido. Já houve vinte séculos e mais de raciocínio, já está tudo raciocinado."(...)»


Luís Trindade, "A forma de Almada: o século XX de Almada Negreiros", in José de Almada Negreiros - Uma Maneira de Ser Moderno, catálogo da exposição patente entre 3 de fevereiro e 5 de junho de 2017, na galeria principal e na galeria do piso inferior do edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian, 2017, p. 78.




segunda-feira, 18 de setembro de 2017

CONSELHOS QUE DARIA A UM MARCIANO ACABADINHO DE ATERRAR NA MINHA RUA... I


Imagem do filme Close Encounters of the Third Kind (1977), de Steven Spielberg. Daqui.



A um marciano que eventualmente aterrasse na minha rua, far-lhe-ia desde logo alguns avisos prévios que ele deveria ter em conta, caso quisesse sair tal e qual tinha entrado.

Em primeiro lugar, informava-o de que vivo na porta nº 11, tenho um cão considerado de raça perigosa (e não tenho a típica placa onde se lê «Cuidado com o cão!», de propósito para surpreender os mais «curiosos») e que seria apenas benéfico para ele não ousar incomodar-me a horas desapropriadas.

Em segundo lugar, os meus vizinhos são meus familiares, e esta postura intimidatória é algo comum a todos; em vista disso não recomendaria nenhum tipo de gesto mais precipitado. Caso ele tivesse fome, eles também não seriam uma boa opção, pois o forte da minha tia não é bem a culinária.

Por último, e este, sim, um conselho positivo, no início da rua vive uma família acolhedora, à qual pertence uma filha mais bonita que o habitual, portanto, se ele necessitasse de alguma coisa, e caso lhe restassem dois dedos de testa, era lá que deveria tocar.

André Afonso, Aluno do 12º SE1 desta Escola.




sexta-feira, 15 de setembro de 2017

DUALISMO


Imagem daqui.




DUALISMO

Fosse a vida duas,
Já não digo sete
Que aborrece em excesso,
Mas em par, o ideal,
Para que em desigualdade,
Sem preocupação ordinal,
Primeira ou segunda,
Se pudesse reviver uma vida
Que à outra não fosse igual!

Maria Manuel Reis, Professora desta Escola.



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

ELE É UMA ANTOLOGIA


Imagem daqui.




"Eu sou uma anthologia.
Screvo tam diversamente
Que, pouca ou muita a valia
Dos poemas, ninguém diria
Que o poëta é um sòmente"

(De um poema de 17-12-1932)


Fernando Pessoa, Eu Sou uma Antologia - 136 Autores Fictícios, edição de Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari, Lisboa, Tinta-da-China, 2013, p. 12.




terça-feira, 12 de setembro de 2017

REALIDADE E CRIAÇÃO ARTÍSTICA


René Magritte, Le blanc seing (1965).
Imagem daqui.




«(...) As luzes quebram-se, apagam-se na sala, ouvem-se as pancadas ditas de Molière, que espanto causarão elas nas cabeças dos pescadores e suas mulheres, talvez imaginem que são os últimos preparos da carpintaria, as últimas marteladas do maço no estaleiro, abriu-se o pano, está uma mulher a acender o lume, noite ainda, lá atrás do cenário ouve-se uma voz de homem, a do chamador, Mané Zé Ah Mané Zé, é o teatro que começa. A sala suspira, flutua, às vezes ri, alvoroça-se no fim do primeiro acto, naquela grande zaragata das mulheres, e quando as luzes se acendem, vêem-se rostos animados, bom sinal, em cima há exclamações, chamam-se de camarote para camarote, até parece que os actores se mudaram para ali, é quase o mesmo falar, quase, se melhor ou pior depende da bitola de comparação. Ricardo Reis reflecte sobre o que viu e ouviu, acha que o objecto da arte não é a imitação, que foi fraqueza censurável do autor escrever a peça no linguajar nazareno, ou no que supôs ser esse linguajar, esquecido de que a realidade não suporta o seu reflexo, rejeita-o, só uma outra realidade, qual seja, pode ser colocada no lugar daquela que se quis expressar, e, sendo diferentes entre si, mutuamente se mostram, explicam e enumeram, a realidade como invenção que foi, a invenção como realidade que será. (...)»

José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Lisboa, Caminho, 1998, p. 105.



quinta-feira, 7 de setembro de 2017

"REBUS" II


Dante Gabriel Rossetti, Helen of Troy (1863).
Imagem daqui.



L'Alphabet Parlant
HISTOIRE DE LA BELLE HÉLÈNE

L, N, N, E, O, P, Y; E, L, N, I, A, E, T, L, V; L, I, A, V, Q; L, I, A, M, E; L, I, A, E, T, M, E, E, A, I; L, I, A, E, T, H, T; L, I, A, V, G, T; L, I, A, R, I, T, E, L, I, E, D, C, D.


TRADUCTION

Hélène est née au pays grec; et Hélène y a été élevée, elle y a vécu; elle y a aimé, elle y a été aimée et haïe; elle y a été achetée; elle y a végété, elle y a hérité et elle y est décédée.


George Nestler Tricoche, Vade Mecum du Professeur de Français, New Jersey, George Nestler Tricoche, 1909, p. 80.




quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CLUBE DE LEITORES DA IMPRENSA NACIONAL





A 1ª edição do Clube de Leitores da Imprensa Nacional conta com a orientação de Gonçalo M. Tavares e será dedicada a leituras e temas clássicos da literatura portuguesa. As sessões, em número de 10, decorrerão entre outubro de 2017 e julho de 2018, das 18h30 às 20h00, e terão lugar na Biblioteca da Imprensa Nacional, em Lisboa.

A imagem, o regulamento e outras informações encontram-se aqui.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

SETEMBRO


Imagem daqui.



SETEMBRO


Ao Setembro reaparecido
Dissemelhante a um outro qualquer,
Aviso em sussurro de ouvido
Estar murada por outro ensinar e aprender!


Maria Manuel Reis, Professora desta Escola



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

ARTE E VERDADE


Gustav Klimt, Minerva ou Palas Atena (1898).
Imagem daqui.





«CARÁCTER POSITIVO DA ARTE


A arte é a coisa santa da humanidade. Entre o sentimento religioso, apaixonado mas confuso e ilusório, e a Ciência, luminosa e segura mas fria, há uma região serena e clara aonde a transparência do ar consente aos olhos do espírito perceber na correcção inteira de suas linhas, a forma puríssima da Verdade, sem que por isso o coração bata com menos força, sem que por isso deixe de crer, de amar e de ser vivo. É esse o domínio eterno da Arte. (...) A viva claridade do pensamento e o ardor irresistível da paixão, a Ciência e a Religião, esses dois elementos rivais, quase contraditórios do movimento humano, encontram-se naquela alta e serena região, tocam-se, reconhecem-se... e abraçam-se como irmãos reconciliados.

Deste abraço ideal, santo e desinteressado, desta abençoada reconciliação da inteligência e do coração, nasce a coisa entre todas formosa e alta, a divindade mais cara à alma dos homens, a Beleza, e a sua forma visível, a Arte.

É o corpo ondeante e voluptuoso da Quimera sustentando a fronte grave e reflectida da Palas Ateniense. É o sonho e a realidade, unidos, harmonizados enfim pela mão omnipotente dalgum Deus desconhecido, num mundo novo de surpresas e maravilhas. O último termo do pensamento, o último termo da paixão acham-se ser o mesmo, comum para ambos, diferente dum e do outro, mas deixando perceber, através da transparência da sua síntese harmoniosa, a cor de cada uma das almas de que se compõe. Nem podia ser doutro modo. A desarmonia pode existir nos factos do mundo, nas formas aparentes; jamais nas leis eternas. E os actos do espírito se parecem contradizer-se, se flutuam encontrados, no fundo o movimento é o mesmo e a contradição visível esconde uma concordância íntima profundíssima, porque o espírito é uno e simples. A intuição e a ideia são apenas duas ondas produzidas pelo mesmo impulso; duas vozes da mesma boca, duas expressões do mesmo olhar. O que deseja o coração, o que quer a inteligência é uma coisa só: luz e amor: a verdade que se e a verdade que se sente. (...)»


Antero de Quental, "Arte e Verdade - Carácter Positivo da Arte", in Prosas da Época de Coimbra, edição crítica organizada por António Salgado Júnior, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1973, pp. 232-233.




sexta-feira, 1 de setembro de 2017

HOMERO


Homero (suposta aparência).
Imagem daqui.



HOMERO

Escrever um poema como um boi lavra o campo
Sem que tropece no metro o pensamento
Sem que nada seja reduzido ou exilado
Sem que nada separe o homem do vivido


Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética, Alfragide, Caminho, 2011, p. 814.