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Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

BELEZA





A tentação é grande e o risco também
De possuir algo belo ou alguém.
Mas a beleza acaba, a personalidade fica,
E esta é a maior verdade dita.

Rafael, Aluno desta Escola.



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

FERNÃO DE MAGALHÃES


Fernão de Magalhães (Viena, Kunsthistorisches Museum).




Como era Fernão de Magalhães

Ao querermos conhecer Fernão de Magalhães, é natural que tenhamos curiosidade em saber como era a sua fisionomia, de forma a podermos acompanhar a sua história com um rosto. Tal curiosidade já foi patenteada no século XVI pelo humanista italiano Paolo Giovio, que adquiriu um retrato do navegador. Em 1535 já integrava a sua vasta coleção de retratos de pessoas famosas reunida num museu que montou em Como, na Itália. Se esse retrato não tiver sido apenas imaginado, poderá admitir-se que foi traçado de memória, poucos anos depois da sua morte, em 1521, por alguém que conheceu Fernão de Magalhães.

O retrato acima mencionado perdeu-se, mas podemos conhecê-lo indiretamente e assim visionarmos com verosimilhança como teria sido Fernão de Magalhães, pois ele serviu de matriz a duas pinturas que o copiaram. Uma delas foi feita por volta de 1552 e a outra cerca de 1579.

(...)

A única descrição de Fernão de Magalhães feita por um seu contemporâneo é aquela que foi traçada num tão breve como expressivo testemunho de Frei Bartolomeu de Las Casas (1484-1566) registado alguns anos depois de se ter encontrado com o navegador em Valhadolide, 23 de fevereiro de 1518:

Este Fernão de Magalhães devia ser homem de ânimo e valoroso em seus pensamentos e para empreender coisas grandes, ainda que a pessoa não mostrasse muita autoridade, porque era pequeno de corpo e em si não mostrava ser para muito, ainda que tão pouco desse a entender ser falto de prudência e que alguém o pudesse facilmente subordinar, porque parecia ser recatado e de coragem.

Há ainda a assinalar um aspeto físico de Fernão de Magalhães referido por João de Barros ao indicar que ele coxeava um pouco por ter sido ferido por uma lança numa perna, no decorrer de  uma luta travada em 1514 em Azamor, Marrocos.

Quanto ao perfil psicológico de Fernão de Magalhães, podemos traçá-lo de uma forma simples e abrangente através de um conjunto de palavras que se nos afiguram ser adequadas para o caracterizar: ambicioso, astuto, audaz, autoritário, combativo, confiante em si mesmo, corajoso, curioso em conhecer novas terras e novas gentes, determinado, hábil, irritadiço, justiceiro, lutador, otimista, persistente, perspicaz, resiliente, tenaz, valente, vingativo e voluntarista.

O conhecimento de quem era Fernão de Magalhães passa ainda pelo alinhamento de outras informações como as de que era especialista em navegações, náutica, astronomia, geografia, cartografia, climas, condições atmosféricas e matemática; solidário com amigos e subordinados; duro com rivais e opositores; de opiniões firmes e frontais; sem medo; com espírito crítico; intransigente na defesa das suas opiniões, mas por vezes conciliador; interessado por economia e empenhado na obtenção de lucros com empréstimos e negócios de especiarias; resistente à fome, à sede e à doença; sedento de honrarias e muito cioso de pontos de honra; muito religioso e proselitista da fé católica; respeitador dos nativos que encontrou, a não ser em situações extremas; fiel aos senhores que nele confiavam; calculista, mas também por vezes ingénuo e com excesso de confiança; vítima de intrigas por não ter lóbis favoráveis aos seus interesses em Portugal, embora os tivesse em Espanha, mesmo que também aí tivesse de enfrentar inimigos e intrigas.

Quanto à posição social de Fernão de Magalhães, sabemos que foi um cavaleiro fidalgo da casa real portuguesa cujas origens nos limitamos aqui a referir estarem situadas no Norte de Portugal, tendo ele próprio expresso oficialmente a informação de ser «vizinho da cidade do Porto». (...)

Por falta de referências documentais não sabemos o ano do nascimento de Fernão de Magalhães, mas é possível sugerir a hipótese de que tal poderia ter acontecido por volta de 1480.

Agenda Fernão de Magalhães - nos 500 Anos do Início da Grande Viagem 2019, Produção de conteúdos: José Manuel Garcia, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2018.



quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

AS INSTRUÇÕES PARA SE TER BOAS NOTAS IV


Fotografia de Emil Otto Hoppé.




Aqui vão pequenas ideias, bastante úteis para a vossa vida escolar.

Número 1 - Sim, todas as pessoas já o disseram, mas deitar cedo é bastante importante e não é a pior experiência do mundo. O teto não vai cair por se deitarem às dez e não à meia-noite...

Número 2 - Não infernizem a vida dos vossos colegas. Ou não se deixem ir abaixo por causa de pessoas que não vos conhecem (porque, apesar de tudo, daqui a um ano nem se vão lembrar do nome delas...)

Número 3 - Estejam atentos às aulas e, se são daqueles que não gostam disso, deixem os outros aprender, porque há quem queira fazer alguma coisa na vida.

Número 4 - Sejam simpáticos para com todas as pessoas. E o que tem isto a ver com a Escola? Bem, se fores simpático, o teu ânimo escolar vai melhorar, porque quererás ir para a Escola, o lugar que te faz bem.

E assim acaba a minha lista de indicações e, não, não disse para estudarem três horas, uma hora, duas horas. Já estão no secundário, já sabem o que fazem. Se não estudarem, o problema virá a ser vosso.

Inês Lourenço, Aluna do 12º LH4 desta Escola.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

MOSTRA DE CINEMA DE EXPRESSÃO ALEMÃ 2019

HÉLIA CORREIA


Auguste Rodin, La Pensée (1893-1895).



De que armas disporemos, senão destas
Que estão dentro do corpo: o pensamento,
A ideia de polis, resgatada
De um grande abuso, uma noção de casa
E de hospitalidade e de barulho
Atrás do qual vem o poema, atrás
Do qual virá a colecção dos feitos
E defeitos humanos, um início.

Hélia Correia, "De que armas disporemos, senão destas", in Os Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos Cem Anos, organização de José Mário Silva, Lisboa, Penguin Random House, Grupo Editorial Unipessoal, Lda, 2017, p. 73.





terça-feira, 22 de janeiro de 2019

ERA UMA VEZ... O 1º DE MAIO

VAZIO


Imagem daqui.



VAZIO

Sinto que não sinto,
Digo que estou bem, mas minto.
Os sentimentos desaparecem então,
O que resta é escuridão.

Rafael, Aluno desta Escola.




quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

TERTÚLIA


Tertúlia Literária e Musical

24 de janeiro de 201921horasBiblioteca da Escola

TEORIA DAS TRÊS IDADES


A imagem e todas as informações encontram-se aqui.



Uma criação de Sara Barros Leitão, para ver na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, de 25 a 27 de janeiro de 2019.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

BIBLIOBURRO e outras «bibliotecas»


O exemplo chega-nos da Colômbia - quando os meninos estão longe dos livros, os livros vão até aos meninos. De burro.


 Foto daqui.


Outros exemplos de «bibliobichos»:

Livraria Camelo, no Quénia.



Bibliocavalo, Java, Indonésia.



E de outras livrarias e bibliotecas originais:

Livraria do Deserto de Atacama, no Chile.



Biblioteca itinerante, Daca, Bangladesh.



Bibliotanque, Argentina.



terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O DESCONHECIDO ASSUSTA E FASCINA - 2º ENCONTRO LITERATURA E CIÊNCIA


A imagem e todas as informações encontram-se aqui.



Teatro Thalia, Lisboa, 21 de janeiro, 17h00.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ESTENDER A MÃO


Imagem daqui.




Estou sozinho, não por opção,
Mas porque ninguém me estende a mão.
Sozinho estarei até ao fim,
Com a certeza de que sempre será assim.

No meu quarto estou,
Já nem à rua vou.
Isolado, sem coração,
E tudo porque ninguém me estende a mão.

Rafael, Aluno desta Escola.



OBRIGADO(A)!




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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

UM QUADRO INACABADO


Rembrandt Harmenszoon van Rijn, A Noiva Judia (1658).
Imagem daqui.



Foi um encontro embaraçoso, triste, e não dissemos um ao outro nada de importante. No momento de me ir embora, no entanto, perguntei ao mestre Rembrandt - R., como eu gostava de lhe chamar para abreviar o seu nome tão estranho, tão singular - se já terminara a pintura. Havia algum tempo, queixava-se, as dores nos dedos impediam-no de trabalhar mesmo nas obras de que mais gostava. E, para além disso, a sua vista enfraquecera ainda mais. Contudo, naquela manhã sentou-se ao cavalete, levantou o pano que o cobria e - durante alguns instantes - deixou-me ver a tela que desejava dedicar à memória de Abigail. R. sempre se recusara a falar-me dela. Certa vez confirmara-me apenas que a conhecera nas reuniões dos Colegiantes que tinham lugar na livraria de Rieuwertsz e que, na sua opinião, era um grande artista. Admirava imensamente o seu trabalho e, por conseguinte, pedira-lhe que o deixasse executar três gravuras para a Metamorphosis insectorum Novae Zeelandiae. O tatu, o papa-formigas e a jibóia. Depois, até àquele dia, nunca mais dissera nada, não tornara a tocar no assunto. Nunca me fizera qualquer pergunta a respeito da nossa relação, nunca me perguntara nada. Talvez porque já soubesse tudo.

Na realidade, foi como um relâmpago: mas senti também uma surpresa, uma comoção, uma saudade de cortar o fôlego. Através da sua arte, agora apreciada apenas por um número reduzido de conhecedores, mais uma vez R. dizia aquilo que as palavras não seriam capazes de exprimir. Talvez não tenha tido tempo de formar uma ideia precisa do que vi. Abigail parecia-me diferente de como a conhecera - era a Abigail antes de ficar doente, talvez. Mais roliça, com melhor aspecto. Até mesmo eu parecia - não sei como dizer - mais jovem. Era como se R. nos tivesse transfigurado, mas era também como se nos rostos das duas personagens - no meu rosto e no rosto de Abigail, quero eu dizer - revivessem também os rostos de Titus e de Magdalena, de Saskia e de Hendrickje Stoffels. Todos os rostos das pessoas que R. havia amado, que o amaram, ou que aprendera a amar. Não era apenas o meu rosto, e também não era apenas o rosto de Abigail - ou, pelo menos, as personagens do retrato não eram apenas nós dois. Era como se todos aqueles rostos se tivessem sobreposto, como se se tivessem unido para formar uma visão fantástica, nova, que vivia somente na imaginação de R.

Depois, olhámo-nos demoradamente nos olhos. Por fim, R. sorriu-me e disse-me: - Vedes, doutor Paradies? Está praticamente acabado. - A mim, para dizer a verdade, a pintura parecia-me apenas esboçada (à excepção dos rostos, justamente). Não se tratava dum retrato tradicional, semelhante em sentido naturalista. A pintura estava livre da obrigação de reproduzir a aparência, de descrever fielmente as formas. Era essencial, sem qualquer toque supérfluo. Contudo, é atribuída uma grande importância aos acabamentos, não só pelo tempo e a habilidade que requerem, mas também pelo sentido de perfeição que emana dum trabalho concluído. Mas eu sabia que R., pelo contrário, agora se recusava a avaliar um quadro com base no tempo que o artista empregara a pintá-lo, e numa presumível perfeição que na realidade pretendia apenas imitar a todo o custo a natureza. (...)

Contudo, aquilo que deveras me impressionou foi outra coisa: a cor. Nunca tinha visto nada que lhe comparasse nos quadros dos outros grandes mestres - e não nos esqueçamos de que Amesterdão está cheia deles. Mas nenhum adoptava aquelas cores incandescentes, varioladas, granulosas. Dava quase a ideia de que R. usava aquelas cores para ofuscar o mundo. Perguntei-me com que instrumentos teria aplicado na tela. Com o pincel? Diria que não. Com uma espátula? Tão-pouco. Com os dedos mergulhados no pigmento? Não sou especialista e, para além disso, tive aquela imagem à minha frente apenas durante alguns segundos: mas em alguns pontos a superfície da cor parecia-me mesmo arranhada ou esfolada. Noutros, a cor surgia cravada de grânulos, encrustados como lama. Noutro ainda, era como se estivesse queimada. Ou então esburacada e golpeada. Espalmada, borrifada, martelada. Viam-se verdadeiras excrescências de cor - a pintura projetava-se alguns centímetros para fora do quadro, parecia viver uma vida própria. (...)

 - Já que uma obra não pode ser perfeita, então talvez seja melhor que permaneça inacabada (...).

Luigi Guarnieri, A História Secreta da Noiva Judia, Editorial Presença, Lisboa, 2006, pp. 202-204.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

CAIXA


Imagem daqui.



CAIXA

Cá dentro vejo o sol e a lua.
Penso o que não pensei,
Sonho o que não sonhei.
E cada um na sua.

Abandonado pelo pai, o que me rebaixa.
Afastado desde criança,
Criado por uma mãe sem esperança.
E, como me tudo me degrada,
Meto-me de novo na caixa.

Rafael, Aluno desta Escola.



domingo, 6 de janeiro de 2019

DIA DE REIS


Leonardo da Vinci, A Adoração dos Magos (1481-1482, obra inacabada).