Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

PASSATEMPO BLOGUE/ VLOGUE


Imagem e informações detalhadas aqui.

OS SETE SÁBIOS


Imagem daqui.



"SÁBIOS (cerca de 600 a. C.) A lista dos famosos sete sábios da Grécia variou por vezes. Platão (Protágoras, 343 a) cita os seguintes nomes: Tales de Mileto, Pítaco de Mitilene, Bías de Priene, Sólon de Atenas, Cleobulo de Lindo, Míson de Cenas, Quílon de Lacedemónia.

A lista mais corrente, porém, é aquela em que figura Periandro de Corinto em vez de Míson.

Anteriormente houve outras listas com dez e até dezassete nomes. Em algumas figurava o mítico cantor Orfeu, o filósofo Pitágoras e o tirano Pisístrato.

Plutarco, no Banquete dos Sete Sábios, dá-nos a seguinte lista: Tales de Mileto, Bías de Priene, Pítaco de Mitilene, Sólon de Atenas, Quílon de Lacedemónia, Anacarsis da Cítia, Cleobulo de Lindo.

Os sábios estão associados a frases ou máximas que os definem. A Tales se atribui o lema do templo de Apolo: «Conhece-te a ti próprio». A Sólon, a máxima: «Nada em excesso». A Cleobulo, a frase: «A medida é o melhor». Periandro passou à posteridade como autor do dito: «A prática é tudo». A Bías pertence o juízo: «As maiorias são más». Quílon teria afirmado: «Fiança, eis a desgraça».

Os sete sábios não foram apenas famosos em toda a Antiguidade (aparecem nas obras de Heródoto, Platão, Aristóteles, Diógenes, Laércio, Estobeu, etc.) mas também em época tardia como no Jogo dos Sete Sábios de Ausónio. Figuram em inscrições murais de Óstia e em narrações latinas medievais. Foram tidos até como profetas de Cristo. Personalizam o desejo de alcançar a sabedoria."

Maria Helena Ureña Prieto, Dicionário de Literatura Grega, Lisboa/ São Paulo, Editorial Verbo, 2001, p. 376.


A ESPIRITUALIDADE CLANDESTINA DE JOSÉ SARAMAGO

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"O Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho será entregue ao Professor Manuel Frias Martins, no próximo dia 3 de dezembro, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão."

Esta e outras informações poderão ser consultadas na página da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

8º CICLO DE CINEMA ISRAELITA


Imagem e programa poderão ser vistos aqui.


De 3 a 9 de dezembro, em Lisboa.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

LISBOA 1415 CEUTA


Imagem e mais informações aqui.



DA CONCISÃO LXIII


Hieronymus Bosch (1450-1516), As Tentações de Santo Antão - detalhe (1495-1500).
Imagem daqui.



"A História é uma ficção controlada."

Agustina Bessa-Luís, Adivinhas de Pedro e Inês, Lisboa, Guimarães Ed., 1983, p. 224.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A TÉCNICA, O COLECTIVO E O CONHECIMENTO DO HUMANO


José Régio (Vila do Conde, 1901-1969).
Imagem daqui.



"(...) Algum dia se reconhecerá como, tendo-nos adiantado tanto no exame do que nos cerca, ainda permanecemos acanhadíssimos, hoje, no exame de nós mesmos. Algum dia se compreenderá que a idolatria da Técnica - poderosa deusa recente - se alia ao preconceito do Colectivo - ídolo não menos actual - para embaraçarem neste adiantado meado de século um conhecimento que se me afigura essencial ao bom êxito seja de que reformas: o conhecimento do próprio indivíduo humano. Os avanços que em tal sentido se têm processado como que ficam logo detidos ou suspensos. Injusto seria, porém, lançarmos sobre a idolatria da Técnica ou do Colectivo o exclusivo da responsabilidade em tal nosso atraso. O próprio amor da ciência, que parece deverá ser continuamente progressivo, dir-se-ia impedir muitas vezes os sábios - certos sábios - de se aventurarem em qualquer inquietante região. Dir-se-ia que, para estes, ciência é só o já feito; ou em vias disso, quando muito. O que fora preciso esclarecer tendo às vezes de se começar pelo começo, e partindo com um espírito de aventura não incompatível com a exigência de rigor, - quase só fica, assim, deixado aos truques dos charlatães... ou às visões dos lunáticos; entre os quais os poetas. (...)"

José Régio, "Introdução a uma Obra (Posfácio 1969)" in Poemas de Deus e do Diabo, 13ª edição, Vila Nova de Famalicão, Edições Quasi, 2002, pp. 98-99.



terça-feira, 24 de novembro de 2015

EÇA E OS CLÁSSICOS


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"(...) Quem lê hoje Homero? Quem lê Dante? Qual de vós, qual de nós, leu a «Odisseia» e «Os Sete diante de Tebas», e Sófocles, e Tácito, e o «Purgatório», e os dramas históricos de Shakespeare, e até Voltaire, e até Camões? Decerto, têm opiniões sobre o «nosso estilo de Tácito», e a «ironia de Aristófanes»; mas essas sentenças transmitem-se, já feitas, para uso da eloquência, um pouco apagadas e cheias de verdete, como os patacos que vão de mão em mão. (...)

Apenas aos vinte anos, ao entrar para uma universidade, no começo de uma carreira de letras, se abre aqui e além esses que chamamos «os clássicos», e se percorre distraidamente algum episódio mais famoso - como o de «Francesca de Rimini» ou uma arenga do «Cid». Depois, só se torna a encontrar o grande poema ou o grande drama mais tarde, numa sala, sobre a mesa, com ilustrações de um Doré, uma encadernação tão dourada como a caixa de uma múmia egípcia, e servindo de ornamento, ao lado de um cofre de marfim, ou de rosas frescas num vaso da China. A «Divina Comédia», o «D. Quixote», a «Ilíada», são hoje, a não ser para os comentadores, ou para espíritos requintadamente literários - volumes decorativos. A multidão conhece apenas «Hamlet» por o ver constantemente em oleografias, vestido de negro, entre a neve de um cemitério, com a caveira de Iorique na mão. E Fausto escaparia da nossa memória - se não se apresentasse todas as noites diante dos lustres, a contar-nos, ao som dos violoncelos, os anseios da sua vasta alma, arranjados em árias e em valsas onde se embala o cismar das mulheres.

Todavia, uma coisa fica dos grandes génios: o contorno lendário da sua personalidade. É como um retrato moral que se fixa na imaginação, e que se vai reproduzindo através dos longos tempos: assim perpetuamente vemos Dante nas suas longas vestes fúnebres, lívido e sinistro, e contemplado nas ruas com terror, como aquele que voltou do Inferno. E essa imagem material torna o homem de génio tanto mais amado, quanto ela mais simboliza a atitude moral que o seu espírito tomava no serviço da humanidade: assim veneramos a figura de Voltaire, que invariavelmente nos aparece na sua poltrona em Ferney, soltando de lábios que sorriem sempre, e que já não podemos conceber senão a sorrir, esses epigramas que iam ferir mortalmente no flanco a velha sociedade. (...)"

Eça de Queiroz, "Carta ao Director da «Ilustração»", in Notas Contemporâneas, fixação de texto e notas de Helena Cidade Moura, Lisboa, Edição Livros do Brasil, s/d, pp. 93-94.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

BRONCO ANGEL, O COW-BOY ANALFABETO




Livro inédito de Fernando Assis Pacheco será lançado hoje no Centro Galego de Lisboa, às 19h00.


MEDICINA NARRATIVA RENASCIDA: UMA EXPLORAÇÃO SOCIOLÓGICA DAS CAUSAS E EFEITOS, LIMITES E POTENCIALIDADES

Imagem e cartaz de apresentação aqui.


"A medicina narrativa - expressão que salienta a narrativa no conhecimento médico - tem sido descrita como uma possível mudança de paradigma na medicina moderna. O argumento base é o lugar de destaque conferido à experiência dos doentes, portanto às suas subjectividades, como fontes de informação valiosas para/ no conhecimento médico. A narrativa não é empregue como contrária à objectividade científica na qual a medicina assenta."
Do cartaz de apresentação.


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

PORTUGAL - IRÃO: 500 ANOS


Fortaleza de Ormuz (Gaspar Correia - Lendas da Índia. Lisboa: Typ. da Academia Real das Sciências 1859-1866, BNP VAR. 2326).
Imagem daqui.


Mostra patente na Sala de Referência da Biblioteca Nacional de Portugal, de 19 de novembro de 2015 a 9 de janeiro de 2016, com entrada livre.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

PRESTE JOÃO DAS ÍNDIAS


O Preste João como rei dos reis. Ilustração do Wappenbuch de Conrad Grünenberg (Constância, 1480). Bayerische Staatsbibliothek, München.


"(...) Além das outras maravilhas da nossa terra, as quais parecem completamente incríveis aos homens, possuímos cinco pedras incrivelmente poderosas, do tamanho de avelãs. A natureza da primeira é tal, que, tanto no Inverno como no Verão, se a colocamos ao relento, ela irradia um frio tão intenso em dez milhas ao redor de si que, na verdade, nenhum homem nem nenhum animal o pode suportar pelo espaço de meio dia, que imediatamente não se resfrie e morra. A natureza da segunda pedra é tal, que, igualmente, tanto no Inverno como no Verão, se a colocamos ao sol, produz um tão grande e ardentíssimo calor, que nenhuma criatura vivente o pode suportar pelo espaço de meio dia, que, tal como a estopa arde no meio do fogo ardente, não se queime completamente e fique reduzida a cinzas. A terceira pedra está no meio, entre as outras duas. Não é fria nem quente, mas é fria e quente; em ambas as situações é temperada para modificar esta ou aquela intempérie cuja violência não poderá assim prejudicar ninguém. A quarta pedra é tal que, se a meio da noite, em grandes trevas, é colocada ao relento, ao seu redor, irradia uma tão grande luz e esplendor num circuito de dez milhas, que nada de tão subtil ou tão exíguo pode ser imaginado que não possa ser visto, como ao meio dia, com o sol brilhante luzindo. Mas a quinta pedra é tal que, se, ao meio dia, com sol ardente, é colocada ao ar livre, de modo semelhante, dez milhas ao seu redor produz trevas obscuras, de modo que nenhum mortal pode enxergar o que quer que seja, nem pode também saber ou calcular onde se encontra. Como ficou dito, estas pedras, se são colocadas ao ar livre, têm as virtudes sobreditas, mas se estiverem escondidas, não têm estas nem outras virtudes; pelo contrário, são tão desengraçadas que não parecem, de todo em todo, ter qualquer valor. (...)"

Carta do Preste João das Índias, versões medievais latinas, prefácio e notas de Manuel João Ramos, tradução de Leonor Buescu, seleção iconográfica Manuel João Ramos e Alexandra Campos, Lisboa, Assírio & Alvim, 1998, pp. 77-79.


Da Introdução:
"A enigmática figura do soberano indiano Presbiter Johannes apresenta nesta Carta pseudo-autográfica todo o esplendor do seu maravilhoso e inacessível império, cujas regiões orientais fazem fronteira com o próprio Paraíso terrestre. Em grande medida elaborado sobre dois modelos literários, o Romance de Alexandre e o Apocalipse segundo S. João, este texto latino medieval revela aos seus leitores um imperador ideal e cristomimético: como o Cristo apocalíptico, o Preste João é um intemporal soberano e sacerdote, senhor dos senhores, que governa uma sociedade cristã a um tempo heterogénea e igualitária, onde as maravilhas de todo o tipo florescem entre o milagroso e o monstruoso, entre o quase divino e o quase diabólico. Na verdade, o império do Preste João é imaginado como uma longa alegoria milenar preparatória da descida da Nova Jerusalém apocalíptica, em estreita articulação com a cosmografia e a cartografia medievais europeias, segundo as quais a Ásia oriental - em cuja extremidade se localizaria o Paraíso terrestre - era concebido como a região da ecúmena mais próxima da esfera celeste. O soberano indiano apresenta-se, por outro lado, como uma reformulação cristã do projecto imperial de Alexandre Magno (de unificação do Oriente e do Ocidente), que encontra na literatura alexandrina grande parte do seu suporte contextual (geográfico, zoológico, sociológico, etc.)."


terça-feira, 17 de novembro de 2015

8ª EDIÇÃO DOS PRÉMIOS DO ENSINO SECUNDÁRIO


Imagem e informações detalhadas aqui.


A Academia das Ciências de Lisboa promove mais uma edição dos Prémios Padre António Vieira, Alexandre Herculano e Pedro Nunes, atinentes às disciplinas de Português, História e Matemática, respetivamente, destinados a distinguir os melhores Alunos do Ensino Secundário no ano letivo de 2014-2015. 

As candidaturas decorrerão até ao dia 31 de dezembro de 2015.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

CONCURSO JOVENS TALENTOS 2015-2016


Imagem e regulamento aqui.


A Câmara Municipal de Loures organiza a 11ª edição do Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho 2015-2016, destinado a premiar jovens talentos, entre os 16 e os 30 anos, na modalidade de prosa de ficção.

A entrega dos trabalhos poderá ser feita até 12 de dezembro de 2015.


FERNÃO LOPES, NO DIA DO ANIVERSÁRIO DE JOSÉ SARAMAGO


Imagem daqui.



"A nua verdade


De vez em quando, não fica mal ao cronista subir para a Máquina do Tempo, mover as alavancas adequadas e instalar-se no passado. Bem sabemos todos que o futuro vem aí a galope e traz muito que contar. E também sabemos que neste país, tão apegado a tradições, velharias e preconceitos bolorentos, há, paradoxalmente, uma irresistível inclinação para nos acusarmos uns aos outros de saudosistas. Daí que eu me sinta um tanto receoso do grave passo que vou dar. Se ele há tanta coisa moderna a pedir que dela falem - que ideia é esta de pôr o calendário a andar para trás, por aí fora, até.

Até à primeira metade do século XV, aos tempos do Senhor Rei D. Duarte, do Regente D. Pedro e de D. Afonso VI, o Africano. Um grande salto, como se vê. Não que eu esteja interessado em vir fazer aqui qualquer reconstituição histórica. Mais modesto propósito me moveu, o qual vem a ser procurar, na pequena Lisboa do tempo, o guarda-mor da Torre do Tombo, um homem sisudo chamado Fernão Lopes. Quero também, e logo verei se posso, saber com que ingredientes se compôs a tinta da Crónica de D. João I.

Este livro é para mim uma obsessão, uma ideia fixa. Cá no século XX em que vivo, corro estas páginas de bárbara ortografia, esta abundância de vogais e consoantes dobradas, estas palavras que dizem mais do que parece - e fico atordoado, como quem está no sopé de uma altíssima coluna, ou árvore, ou montanha a pique, e ergue os olhos para a vertiginosa ascensão, e logo os baixa porque a vertigem é real. Por isso vou saber (saberei?) quem é este Fernão Lopes e em que tinteiro molha a pena para escrever, mesmo no prólogo da sua crónica, esta grave advertência: «Nem emtemdaaes que certeficamos cousa, salvo de muitos aprovada, e per escprituras vestidas de fe; doutra guisa, ante nos callariamos, que escprever cousas fallssas.»

Vejo um homem de rosto severo, não porque à alegria se tenha recusado, mas porque a matéria de que trata é carne e sangue de homens. Porque tem diante dos olhos o latejar de um povo e nada quer perder dos arrebatamentos, das paixões, dos gestos egoístas, das cobardias, e também da coragem que é de repente maior do que o ser em que se instalou. Porque se é certo que vai contar a história de príncipes e seus vassalos, dos conluios de palácio, das grandes frases para a posteridade e das breves interjeições da raiva e da dor - também é verdade que pelas estreitas janelas da torre chegam as palavras quotidianas e toscas dos «ventres ao sol» - massa dispersa que num momento da história se tornou lança e aríete, escudo e hora da manhã.

Vejo este homem, leio o que ele está escrevendo, e pergunto: «Quem te conhece, Fernão Lopes? Quem saberá que nesta sala, entre códices antigos, nasce neste momento talvez o maior livro da literatura portuguesa?»

Vejo este homem, agora que o sol se pôs e uma candeia mortiça sufoca entre as sombras da noite, a esfregar os olhos cansados, a empurrar a pena vagarosa para contar os padecimentos de Lisboa: «No logar hu costumavom vender o triigo, amdavom (...) moços esgaravatamdo a terra; e sse achavom alguũs graãos de triigo, metiãnos na boca sem teemdo outro mantiimento; outros se fartavõ dervas, e beviam tamta agua que achavom mortos (...) cachopos jazer imchados nas praças e em outros logares.»

Meu velho e amado Fernão Lopes, desprezado génio cujo nome por muito favor penduraram na esquina de uma rua ali ao Saldanha. Quando na tua linguagem sem adjectivos querias fazer e fazias o elogio de um homem, ao nome dele e à palavra homem acrescentavas apenas: e para muito. Fernão Lopes, cronista da nua verdade, homem para muito - digo eu, neste tempo de tão pouco."

José Saramago, "«A nua verdade»", in Deste Mundo e do Outro, (crónicas publicadas, pela primeira vez, no jornal A Capital - 1968-1969), 2ª edição, Lisboa, Caminho, s/d, pp. 171-173.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

DA CONCISÃO LXII


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"O mal que se vê é aguilhão para o bem que se deseja."

Agostinho da Silva, "Em louvor do contrário", Considerações (1944), Textos e Ensaios Filosóficos I, apud Agostinho da Silva, Uma Antologia, organização e apresentação de Paulo Borges, Lisboa, Âncora Editores, 2006, p. 100.



O CÍRCULO DELAUNAY


Robert Delaunay (1885-1941), Natureza Morta Portuguesa ou Sinfonia de Cor (1915-1917).
Photo Paris RMN/ Pracusa 201509. Imagem de informações detalhadas aqui.



Para ver no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, de 20 de novembro de 2015 a 22 de fevereiro de 2016.



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SOB O SIGNO DE LUÍS XIV

Imagem e informações aqui.


DO NOME IV






Ninguém tem nome: apenas uma escura
corda de sons que prende o corpo e deixa
queimaduras na pele, esse é o preço
de ser nomeado porque o chamamento

de cada vez se torna mais ardente
até ser casa ou roupa ou outra pele
que fere o corpo e finalmente o veste
do nome que é o dele

Gastão Cruz, Óxido, Assírio & Alvim, 2015, p. 27.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

APRENDIZAGENS


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"Existem dois tipos totalmente distintos de aprendizagem. Uma é a aventura, o aprender algo de novo, e a outra, é o empenhamento, o esforço de modo a, por assim dizer, desterrar algo, que se aprendeu, para o subconsciente. Na condução aprende-se a esquecer aquilo que se aprendeu e a prestar atenção à estrada, e em seguida se presta atenção à estrada e o resto é automático. Para se tocar piano, de início é extremamente difícil coordenar os dedos com as notas, já que se está a aprender algo de novo. Mas depois, quando já se tiver aprendido o que era novo, procuramos dedicar-nos apenas ao essencial: à ideia do compositor. (...)

Existem, portanto, dois estádios completamente distintos da aprendizagem: o primeiro é a aprendizagem aventurosa, a aprendizagem do investigador, do descobridor, o outro, é o saber de cor - fora com ele, expulsêmo-lo para o subconsciente! (...) A repetição não desempenha qualquer papel no descobrir, apenas desempenha um papel no «esquecer». A repetição serve para nós automatizarmos algo, para que isso deixe de nos sobrecarregar, para que não tenhamos de prestar-lhe mais atenção. Existe uma enorme diferença entre a aprendizagem através do ensaio e do erro, que é sempre uma aventura, e a aprendizagem através da repetição, que nunca conduz a nada de novo, mas que apenas faz «esquecer» o aprendido, ou seja, que o impele para o subconsciente."

Karl R. Popper e Konrad Lorenz, O Futuro Está Aberto, Lisboa, Editorial Fragmentos, 1990, p. 27.



TIRÉE PAR... A RAINHA DONA AMÉLIA E A FOTOGRAFIA


Imagem e todas as informações aqui.


Para ver no Palácio Nacional da Ajuda até ao dia 20 de janeiro de 2016.



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

DA CONCISÃO LXI


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Azul

Há paletas celestes como asas
caídas do branco das nuvens.

Rafael Alberti

Três Momentos da Poesia Europeia (De Safo e Píndaro a Ungaretti e Salinas), seleção, tradução e notas de Albano Martins, Porto, Edições Afrontamento, 2012, p. 161.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"ARAME FARPADO/ DINAMITE: O PODER DA CIRCULAÇÃO LIVRE", de ANDRÉ ALVES


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A exposição de André Alves estará patente entre 5 de novembro e 18 de dezembro de 2015, na sala de exposições do Camões I.P., em Lisboa.


"IGUALDADE DE GÉNERO" - CONCURSO LITERÁRIO PROMOVIDO PELO MUNICÍPIO DE ODEMIRA


Imagem e todas as informações, incluindo regulamento, aqui.



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DO NOME III


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"(...) Os Ciganos (vindos de Hespanha no seculo XV ou XVI) formam entre nós, como os Judeus, e outr'ora os Mouros-fôrros, um grupo etnico, ainda que não tão importante, de modo algum, como estes, e de natureza muito diversa. Subordinam-se ostensivamente e no conjunto ás leis portuguesas, vivem porém mais ou menos em hordas, entendem-se entre si por linguagem propria, e associam-se para (...) comércio e defesa. (...)

A Ciganos ouvi contar que quem leva a efeito o bàtismo é o mais velho dos presentes: mergulha por tres vezes a cabeça da criança na agua, emquanto o padrinho toca, parece que outras tres vezes, um guiso ou campainha (...).

Na ocasião do bàtismo, impõe-se á criança um nome, a que chamam nome de ribeiro, de ribeira, de rio; a um Cigano em conversa escapou também a expressão nome de barranco, pois barranco é expressão hidrografica muito alentejana, e algarvia, no sentido de corrente de agua que em regra séca de verão. Das referidas expressões a mais vulgar creio ser nome de ribeiro, que se contrapõe ao nome de pia (...) dado depois pelo padre na igreja. (...)

Eis alguns exemplos de nomes de ribeiro indicados paralelamente a nomes de pia:
Abob'ra (nome geografico, provindo dos Casais da Abobora) - Dina.
Bombiano - Antonio.
Cabelinho d'oiro - João.
Cabeludo - Emilio.
Caracol - José.
Chocalhinha badalinha - Esperança.
Escaravelho - Mariana.
Espilradeira (assim terminado em -a) - Joaquim Tau.
Florida - Emilia.
Inverno - João Abreu.
Laganhoso - Pedro.
Mandil - Josué.
Martelo - João.
Moira - Ludovina.
Moiro - Diamantino.
Mostarda - Manuel.
(...)
Ribêra (isto é, Ribeira de Santarem) - Isaura.
Santarena - Maria.
(...)
Vai à cepa - Julio.
(...)

O caracter do nome de ribeiro é ser pseudonimo, para corresponder ao calão. O que os Ciganos querem é que ninguem de fóra da vida da familia os entenda, nem na linguagem, nem nos nomes (...). Os nomes de ribeiro, a que igualmente ouvi chamar «apelidos», têm origem como as alcunhas ordinarias (...): alguns significam locais de nascimento, como me explicaram, por exemplo, Moira (Moura), Montemór, Ribêra, Abob'raSantarena; outros indicam profissões das mães, por exemplo, Pexêra; Moiro explicaram-me que resultou de ter o menino estado dois anos por bàtizar, isto é, ter estado «moiro». (...)

No uso quotidiano póde juntar-se um nome de ribeiro a um nome de pia, a modo de alcunha ou apelido, como: Antonio Bombiano, Emilio Cabeludo, (...) Julio Vai à cepa, Manuel Mostarda; ou juntar-se ao nome de pia ou de ribeiro o de um dos pais, ligados por de (Morena da Naséi, isto é, Morena filha da Naséi - Nazaré -; Aurora do Barrela, isto é, filha do Barrela). (...)"

(N.B. Foi respeitada a grafia original)

J. Leite de Vasconcellos, Antroponimia Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda/ Publidisa,  1ª edição 1928, 2ª edição facsimilada 2005, pp. 421-425.


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

PROVÉRBIO MEDIEVAL

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"Milho não semeia quem passarinhos receia"


Provérbio da Cantiga de Amigo "Hoje quer'eu meu amigo veer", de João Soares Coelho, trovador medieval.
A composição poética poderá ser lida aqui.