Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CARNAVAL


Giovanni Domenico Tiepolo, Scena di Carnevale, o Minuetto (ca. 1754-55).
Imagem daqui.



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (13)



"Saudades"

Saudades
são como brasas
a queimar o coração,
fossem elas como asas
a pousar na tua mão,
a levar-te o meu calor
no fogo do meu olhar,
os anseios do meu peito
em te poder abraçar
e colar na tua boca
os beijos que a minha espera,
com desejo
tão ardente
que as Saudades
se consomem
no Amor 
que a Alma sente.

Luísa Cordeiro



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

LI O LIVRO E VI O FILME

Cartaz elaborado pela Professora Leonor Barros

GATOS III





O GATO

Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné

Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando à noite vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga


Vinicius de Moraes, Poesia Completa e Prosa, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1998, p. 762-763.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

DA SAUDADE XXII


Claude Monet, Le jardin de l'artiste à Giverny (1900).
Imagem daqui.




"O perfume da saudade é como o de certas flores, que só se percebe quando de longe o recebemos. Se, iludidos, as tentamos aspirar de perto, dissipa-se."


Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais, apud Vitorino Nemésio, Portugal, A Terra e o Homem, antologia de textos de escritores dos séculos XIX-XX, Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 1978, p. 150.




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

FESTin E FESTinha 2017





A 8ª edição do FESTIN - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa - decorrerá entre 1 e 8 de março de 2017.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

SALÃO DO LIVRO DE PARIS 2017



As imagens e todas as informações encontram-se aqui.


De 24 a 27 de março de 2017, tendo Marrocos como convidado de honra.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

GATOS II


Pierre-Auguste Renoir, Femme au chat (ca. 1875).
Imagem daqui.



GATOS

O universo
Do gato.

O outro universo.

*

O gato
Senta-se sobre a mesa

Como se tivesse
Vencido para sempre.

*

O gato nada sabe
Do que vem
Nos dicionários.

Sabe alguma coisa
Do que lhes falta.

*

Este gato
Apenas se inclina

Diante de iguarias
De príncipe oriental.

*

Faz-se o que se pode,
Diz a sabedoria popular.

O gato não pode grande coisa.
Senão reinar.

Guillevic, "Le chat regarde, ...", Mammifères (1981), in "Vozes da Poesia Europeia - III", traduções de David Mourão-Ferreira, número 165, setembro-dezembro de 2003, p. 201.




terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

DIA DOS NAMORADOS


Detalhe de painel de azulejos da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, Rio de Janeiro.
Imagem daqui.



Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso,
áspero, terno, liberal, esquivo,
altaneiro, mortal, defunto, vivo,
leal, traidor, cobarde e animoso;

não ter, fora do bem, centro ou repouso;
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
agastado, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, receoso;

fechar o rosto ao claro desengano,
beber veneno por licor suave,
olvidar o proveito, amar o dano;

acreditar que o céu no inferno cabe,
dar a vida e a alma a um doce engano:
isto é amor; quem o provou bem sabe.


Lope de Vega, "Desmayarse, atreverse, estar furioso,", in Vozes da Poesia Europeia - II, traduções de David Mourão-Ferreira, número 164, maio-agosto de 2003, p. 140.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

E-ANTOLOGIA - MITOGRAFIAS





O projeto Antologia de Contos Mitografias destina-se a todos os interessados em literatura e mitologia. Poderá participar através da apresentação de um conto, em Português, partindo do tema  "Mito Moderno".
Data-limite para apresentação de trabalhos: 30 de julho de 2017.

A imagem e todas as informações encontram-se aqui.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (12)


"Estátua..."


Sentada,
inanimada
na cadeira.
como uma estátua de sangue
em formas de Amor cinzelada...

 
olhos abertos,
parados,
fixando um alvo de dor...

 
Fugiu-lhe,
o pensamento,

 
lambeu-lhe as feridas,
a cor bronze incendiada
de um sol pôr 


Luísa Cordeiro

A SOCIABILIDADE DO PORTUGUÊS


Ilustração do livro de James Murphy, Travels in Portugal; through the Provinces of Entre Douro e Minho, Beira, Estremadura, and Alem-Tejo, in the years 1789 and 1790 (1795).




«(...) O português é o homem mais sociável deste mundo. Fraterniza em casa com quantos estrangeiros lhe apareçam, em África com o gentio, na guerra com o inimigo. Nada mais poético que a écloga café com leite do português em seu bungalow, balouçando-se no rocking-chair, todo de branco como exige a etiqueta do sertão (...). Onde o português chega, há tertúlia; desenvolve-se a afabilidade; alarga-se o halo humano. Esta virtude ou defeito para os Gobineau, ciosos do sangue puro ariano, explica o seu nenhum exclusivismo contra quem quer que seja e sua nenhuma antecipação. Ao contrário do inglês que para toda a parte leva com o cachimbo e o fato sal e pimenta a sua importante e exclusiva senhoria e os pergaminhos de celta, o português leva-se a si, simples como elemento, pronto a todas as permeabilidades, e enaipa com quem o requer e não requer. Essa expressão "é muito dado" existe apenas na nossa língua. Com ela se traduz a despreocupada lhaneza, espírito de comunicabilidade, nenhum preconceito nem timbre na vida das relações. Axioma: de todos os europeus o português é o mais tratável. (...) Não há que discutir: o português é o bicho mais adaptável do universo. Igual pelo menos ao alemão; ainda neste a adaptabilidade é fruto de uma orgânica; no português, obra do instinto. Mas quererá isso dizer falta de carácter?

Com certeza que significa ânimo prazenteiro, justo meio entre a alegria que lhe confere a cançoneta idiota e a vil tristeza que verberava Camões como supino flagelo da alma. Representa ainda o gosto de folgar; tendência para a irradiação; abandono - vá - aos impulsos do bem ou do mal, para o caso pouco importa; efusibilidade; descuido; hábitos de mentidero; sentimento atenuado das responsabilidades; uma certa lassidão perante a vida e uma certa filosofia de lazzerone que se resume em considerar a luta como coisa tonta e vã perante a eternidade. E por cima de tudo, a coroar estes sentimentos, discutíveis, sim, mas que nunca poderão ultrapassar a venialidade sacramental, uma grande simpatia humana.

Sendo o português sociável por excelência, na vida prática, para lá da boa intenção, é o mais inaglutinativo dos viventes. E porquê? Porque associação implica vontade, disciplina, sobretudo esforço a longo prazo, e o português cinca pela ausência ou atenuamento de qualidades que para o alemão ou o belga são a base da vida civil. Mas nesta aversão pelo associativismo o elemento de repulsa não é representado pelo amor da liberdade, seja essa liberdade tomada no sentido, mais centrípeta. É antes rebeldia aos vínculos morais, atonia perante o dever social, impropriedade do seu individualismo para tudo o que tenha carácter colectivo. Fraterno, já dissemos que o era, mas duma fraternidade de casa da malta, impulsiva, sem sanção nem obrigação, toda eventual e caprichosa, pois. E, ó paradoxo, dentro do quadro das razões expostas, é insolidário com o próximo. Neste particular, a História Trágico-Marítima constitui o pior requisitórion que se poderia instaurar contra um povo.

Encarando o problema no seu reverso, tudo, porém, que no âmbito da sociabilidade se afigurava pejorativo assume logo aspecto amplo e generoso. Outro axioma: os portugueses são a gente mais hospitaleira do cosmo. Compraz-se em proclamá-lo o sábio botânico Link que percorreu Portugal de ponta a ponta. Em casa do fidalgo, no presbitério, no palheiro do pobre, o viandante encontrava sempre cama para dormir e pitança consoante as posses do bom samaritano ocasional. E porque assim foi, porque assim sempre devia ter sido, não admira que através do país se não encontrassem estalagens dignas de lordes atormentados pelo spleen. Não havia cá desses albergues sumptuosos, como lá fora à beira das grandes estradas, com um pessoal típico, marmitons, servilhetas, postilhões, e que forneceram os melhores palcos à literatura de capa e espada. A um outro, como esse dos Carvalhos, no caminho do Porto para Lisboa, onde se batia um fandango diabólico segundo a gravurinha de Murphy, não podia faltar o infame percevejo. Em regra, por conseguinte, não havia locandas e as poucas que havia eram piores umas que as outras. (...)»


Aquilino Ribeiro, Os Avós dos Nossos Avós, Lisboa, Bertrand, s/ d, apud Boletim Cultural O Homem Português, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, fevereiro de 1990, pp. 22-23.



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

MONSTRA E MONSTRINHA 2017


Hee Won Ahn, Troca de Ovos (2016).
As imagens e todas as informações encontram-se aqui.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

DA CONCISÃO LXXX




«La beauté de ton film ne sera pas dans les images (cartepostalisme) mais dans l'ineffable qu'elles dégageront.»


Robert Bresson, Notes sur le cinématographe, Paris, Éditions Gallimard, 1988, p. 119.



FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA INFANTIL E JUVENIL DE LISBOA 2017



A imagem e todas as informações encontram-se aqui.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS: UMA MANEIRA DE SER MODERNO


José de Almada Negreiros, "La luna rota" (1929).
A imagem e as informações detalhadas encontram-se aqui.



Exposição antológica de Almada Negreiros, para ser vista na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até ao dia 5 de junho de 2017.




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

ALEGORIA DA PAZ

Joseph-Marie Vien (1716-1809), Venus Showing Mars her Doves Making a Nest in his Helmet, 1768.
Imagem daqui.



EPIGRAMA

No capacete de um soldado
fizeram ninho aquelas pombas:

toda a paixão que tem por Marte
eis como Vénus a demonstra.



Petrónio, "Fragmento 36", in Vozes da Poesia Europeia - I, traduções de David Mourão-Ferreira, Colóquio-Letras, número 163, janeiro-abril de 2003, p. 121.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

GRUTA DE CAMÕES

Imagem daqui.


"É a Gruta de Camões, com o seu cenário irremediavelmente mesquinho - mas suscetível, apesar disso de correção em muitos dos seus defeitos -, esse lugar sobre todos prestigioso, dedicado ao culto de Camões, que é também o culto da Pátria. Culto e prestígio que não podem extinguir-se enquanto houver portugueses; e enquanto não se extinguem, há de ser verdade intuitiva, superior a todas as investigações históricas, que o maior génio da raça lusitana sofreu, amou, meditou, em Macau.

Camilo Pessanha, A Pátria, 7 de junho de 1924"


Agenda Camilo Pessanha (1867-2017) 2017, Textos de Ana Paula Laborinho, Ilustrações de Carlos Marreiros, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2016.