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Escola Secundária José Saramago - Mafra

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

FERNÃO DE MAGALHÃES


Fernão de Magalhães (Viena, Kunsthistorisches Museum).




Como era Fernão de Magalhães

Ao querermos conhecer Fernão de Magalhães, é natural que tenhamos curiosidade em saber como era a sua fisionomia, de forma a podermos acompanhar a sua história com um rosto. Tal curiosidade já foi patenteada no século XVI pelo humanista italiano Paolo Giovio, que adquiriu um retrato do navegador. Em 1535 já integrava a sua vasta coleção de retratos de pessoas famosas reunida num museu que montou em Como, na Itália. Se esse retrato não tiver sido apenas imaginado, poderá admitir-se que foi traçado de memória, poucos anos depois da sua morte, em 1521, por alguém que conheceu Fernão de Magalhães.

O retrato acima mencionado perdeu-se, mas podemos conhecê-lo indiretamente e assim visionarmos com verosimilhança como teria sido Fernão de Magalhães, pois ele serviu de matriz a duas pinturas que o copiaram. Uma delas foi feita por volta de 1552 e a outra cerca de 1579.

(...)

A única descrição de Fernão de Magalhães feita por um seu contemporâneo é aquela que foi traçada num tão breve como expressivo testemunho de Frei Bartolomeu de Las Casas (1484-1566) registado alguns anos depois de se ter encontrado com o navegador em Valhadolide, 23 de fevereiro de 1518:

Este Fernão de Magalhães devia ser homem de ânimo e valoroso em seus pensamentos e para empreender coisas grandes, ainda que a pessoa não mostrasse muita autoridade, porque era pequeno de corpo e em si não mostrava ser para muito, ainda que tão pouco desse a entender ser falto de prudência e que alguém o pudesse facilmente subordinar, porque parecia ser recatado e de coragem.

Há ainda a assinalar um aspeto físico de Fernão de Magalhães referido por João de Barros ao indicar que ele coxeava um pouco por ter sido ferido por uma lança numa perna, no decorrer de  uma luta travada em 1514 em Azamor, Marrocos.

Quanto ao perfil psicológico de Fernão de Magalhães, podemos traçá-lo de uma forma simples e abrangente através de um conjunto de palavras que se nos afiguram ser adequadas para o caracterizar: ambicioso, astuto, audaz, autoritário, combativo, confiante em si mesmo, corajoso, curioso em conhecer novas terras e novas gentes, determinado, hábil, irritadiço, justiceiro, lutador, otimista, persistente, perspicaz, resiliente, tenaz, valente, vingativo e voluntarista.

O conhecimento de quem era Fernão de Magalhães passa ainda pelo alinhamento de outras informações como as de que era especialista em navegações, náutica, astronomia, geografia, cartografia, climas, condições atmosféricas e matemática; solidário com amigos e subordinados; duro com rivais e opositores; de opiniões firmes e frontais; sem medo; com espírito crítico; intransigente na defesa das suas opiniões, mas por vezes conciliador; interessado por economia e empenhado na obtenção de lucros com empréstimos e negócios de especiarias; resistente à fome, à sede e à doença; sedento de honrarias e muito cioso de pontos de honra; muito religioso e proselitista da fé católica; respeitador dos nativos que encontrou, a não ser em situações extremas; fiel aos senhores que nele confiavam; calculista, mas também por vezes ingénuo e com excesso de confiança; vítima de intrigas por não ter lóbis favoráveis aos seus interesses em Portugal, embora os tivesse em Espanha, mesmo que também aí tivesse de enfrentar inimigos e intrigas.

Quanto à posição social de Fernão de Magalhães, sabemos que foi um cavaleiro fidalgo da casa real portuguesa cujas origens nos limitamos aqui a referir estarem situadas no Norte de Portugal, tendo ele próprio expresso oficialmente a informação de ser «vizinho da cidade do Porto». (...)

Por falta de referências documentais não sabemos o ano do nascimento de Fernão de Magalhães, mas é possível sugerir a hipótese de que tal poderia ter acontecido por volta de 1480.

Agenda Fernão de Magalhães - nos 500 Anos do Início da Grande Viagem 2019, Produção de conteúdos: José Manuel Garcia, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2018.



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