Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

quinta-feira, 20 de julho de 2017

POESIA E POETAS ANDALUSINOS I


Imagem daqui.




Entre todos os poetas luso-árabes, o mais universalmente conhecido, até porque foi rei de Sevilha e versos seus figuram nas Mil e Uma Noites, é, sem dúvida, al-Mu'tamid ibn 'Abbâd, de Beja (século XI). Ele cantou o seu cativeiro, após ser destronado pelos Almorávidas e enviado para o desterro em Âgmât (Marrocos), em versos pungentes, até à morte. Outro admirável poeta foi Abû Bakr ibn 'Ammâr, de Estômbar (Silves, século XI), amigo de al-Mu'tamid e seu grão-vizir, contra quem se viria a revoltar, proclamando-se independente em Múrcia. Por força de intrigas palacianas, a rebeldia de Ibn 'Ammâr acabaria por custar-lhe a vida às mãos de al-Mu'tamid num acesso de incontrolável fúria. Ibn 'Ammâr foi um importante protagonista político, utilizando um estilo requintado nos seus versos.

De Évora era Ibn 'Abdûn que, além de notável poeta, foi grande erudito: deu mostras da sua proverbial cultura numa célebre elegia sobre a morte do seu patrono, o emir de Badajoz.

Ibn Bassâm, de Santarém (século XII), é considerado uma das glórias da Literatura árabe, não só pela qualidade dos seus versos mas, muito especialmente, pela excepcional antologia comentada da poesia do Alandalus, que ele intitulou com toda a propriedade al-Dhakîra (Tesouro). Trata-se de uma recensão, de valor, de toda a produção neo-clássica da poesia do Alandalus, e a ela se deve ter sido salva uma considerável parte da posia luso-árabe, e andalusina, do seu tempo. Também de Santarém foi Ibn Sâra (séculos XI-XII), homem de independência de carácter, que nos deixou uma poesia dotada de grande poder evocador, através de metáforas audaciosas.

Ibn Darrâj al-Qastallî, de Cacela (séculos X-XI), escreveu na grande tradição da poesia árabe clássica, cultivando, com mestria, um estilo solene muito admirado no seu tempo.

Ibn Muqânâ (século XI) nasceu em Alcabideche, terra para onde voltou depois de uma vida errante ao serviço de vários senhores. Poeta reputado, abandonou voluntariamente a vida na corte para passar os seus últimos dias como camponês quase anónimo, trabalhando a terra em comunhão com a natureza.

(continua...)

Adalberto Alves, A Herança Árabe em Portugal, CTT Correios de Portugal, 2001, pp. 69-71.



Sem comentários:

Enviar um comentário