Os atores Vasco Santana e Ribeirinho no filme O Pátio das Cantigas (1942), num exercício de ginástica sueca.
Imagem daqui.
"Fernando Pessoa, desde muito novo, sempre tivera medo de ficar louco e, autoexaminando-se, acreditava que isso lhe aconteceria mais tarde ou mais cedo. É preciso lembrar que ele, até à idade de seis anos, convivera com a sua avó paterna, Dionísia, que volta e meia tinha acessos graves de loucura que a levavam a ser internada de urgência num hospício em Lisboa. Mais tarde, voltou a conviver com ela, na sua adolescência, quando veio para Lisboa para um curso universitário. Nesse tempo, dava-se com o tio (padrasto) general Henrique Rosa, que resolveu mandá-lo a uma consulta dum seu amigo, Egas Moniz, famoso neurologista da época. Este, examinado-o e nada tendo encontrado de anormal, tê-lo-ia enviado a um colega fisiatra, recém-chegado da Suécia com um tratamento chamado «Ginástica Sueca». Fernando Pessoa, referindo-se a esse tratamento que praticara com sucesso, disse a seguinte frase (a tal que fixei e que nunca esqueci): «Para ser cadáver, só me faltava morrer. Em menos de três meses e três lições por semana, Furtado Lima (o tal fisiatra) pôs-me em tal estado de transformação que, diga-se com modéstia, ainda hoje existo - com vantagem para a civilização europeia, não me compete a mim dizer."
Entrevista da Professora Cleonice Berardinelli ao D.r Luís Rosa Dias, sobrinho de Fernando Pessoa, in jornal Estadão, suplemento "Cultura", 25 de abril de 2014.
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