Ginger Rogers e Fred Astaire, no filme Swing Time (1936), de George Stevens
"Há anos o Libération ressuscitou aquele inquérito dos surrealistas, Pourquoi écrivez-vous? Havia pessoas que respondiam uma página inteira. A resposta mais curta era do Beckett, Bon qu'à ça. Eu digo que escrevo porque não sei dançar como o Fred Astaire. Se soubesse dançar como ele escusava de escrever. Não quer dizer que trabalhasse menos. Escrever é a mesma coisa. O Renoir sustentava que não há talentos, há bois. Mas há muito poucas pessoas com talento. Já reparou no deserto? Compare com o século XIX em que tinha 30 génios ao mesmo tempo. Na Rússia, de repente, Tolstoi, Dostoievski, Gogol, Pushkin, Lermontov, podemos continuar. Em França uma data deles, em Inglaterra. Agora não há."
Entrevista de Isabel Lucas a António Lobo Antunes, suplemento Ípsilon do jornal Público, 7/ 11/ 2014, p.8.
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