Edição de El Lazarillo de Tormes, Medina del Campo (Valladolid), 1554.
Um dos "achados" de Barcarrota.
“PRÓLOGO
Barcarrota
é uma pacata e simpática vila a meio caminho entre Badajoz e Zafra, a uma
mirada apenas da raia portuguesa.
Barcarrota
tem um antigo castelo adaptado para praça de touros e para cinema ao ar livre
no Verão, com uma torre de menagem de onde se podem vislumbrar lonjuras e
azulejos na entrada celebrando os feitos de antigos matadores.
Barcarrota
tem um pequeno casino em Arte Nova, no qual, porém, dificilmente imaginamos
fortunas perdidas nos vícios da sorte e do azar.
Barcarrota
tem uma igreja a que chamam de Nuestra Señora del Soterraño, onde retábulos
barrocos marianos se misturam com Cristos góticos, como se quisesse dar a
entender que mãe e filho se entrecruzam nos caminhos de estilos tão diferentes.
Barcarrota
tem uma igreja a que chamam de Santiago, cujas grossas paredes românicas evocam
memórias sarracenas e recordações romanas. Outras gentes…
Barcarrota
tem ruelas medievais que cheiram ainda a judiaria, com arcos e casas brancas e
restos de portas que outrora se deviam cerrar ao fim das tardes. Era a lei…
Barcarrota tem orgulho em ser o berço de Hernando
de Soto, explorador das Américas, e até lhe ergueu uma estátua em bronze…
(o cavaleiro)
… e em ferro forjado
(o cavalo)
… pois é
dever de boa terra homenagear os seus melhores filhos.
Barcarrota
tem fontes, praças e pilares, escudos e arcos, cruzeiros, memórias e janelas
gradeadas e tem hoje praticamente tantos habitantes como há cinco séculos. Aqui,
de resto, nada de muito estranho ou de extravagante acontece, sendo esse,
aliás, um dos seus maiores encantos.
Porém, em
1992, quando o pedreiro António Perez abriu uma parede de uma casa ancestral no
centro da vila, um segredo com quase quinhentos anos caiu nos braços da pacata
e simpática vila.
E Barcarrota
não voltou a ser a mesma.”
Sérgio Luís de
Carvalho, O Segredo de Barcarrota,
Alfragide, Oficina do Livro, 2011, pp.11-12.
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