Quodlibet (1ª parte)
Emmanuel Nunes: Lisboa, 31 de agosto de 1941 - Paris, 2 de setembro de 2012
Pedro Amaral, compositor e maestro, fala sobre
Emmanuel Nunes, mestre com quem trabalhou de perto:
“Como era
ele nos ensaios de concertos com obras suas?
Curiosamente,
era pouco interventivo. O Emmanuel, se sentia que havia respeito pela sua obra,
pedia só algumas coisas muito específicas. Os ensaios serviam-lhe sobretudo
para ouvir a sua própria música. (…)
E como
pedagogo, era exigente?
Sim, mas
não no sentido de um mestre-escola. Aliás o Emmanuel dava poucas aulas de
técnica. Em vez disso, adotava uma postura mais filosófica, quase
psicanalítica. De tal modo que, ou “bebias” tudo e aproveitavas muito, ou então
não aproveitavas nada! O método dele passava por colocar o aluno frente a si
próprio, com uma interrogação muito típica: “A que corresponde em ti isto que
estás a fazer?” Com isto abria espaço para que escavássemos dentro de nós
próprios e descobríssemos em nós o nosso guia, o nosso mestre, de modo a que
aquilo que escrevêssemos fosse sempre o mais coerente possível com aquilo que
somos.”
“Alegações
Finais”, in Diário de Notícias, 3 de
setembro de 2012, p. 56.
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