“Portugal é mediterrâneo por
natureza,
atlântico
por posição.”
Pequito Rebelo, A Terra Portuguesa,
Lisboa, 1929, p. 5,
citado por Orlando Ribeiro
“Um
momento, na Primavera, quando os trigais brilham ao sol e há matizes preciosos
de vermelho, roxo e amarelo entre a seara que amadura, o Alentejo veste-se de
uma beleza própria. Depois da ceifa, uma luz baça e crua abate sobre o restolho
amarelado. Ao meio do dia o calor é sufocante. No monte
dorme-se a sesta; as paredes caiadas reverberam a luz e ferem a vista. Os gados,
imóveis, sofrem do calmázio. O zangarreio da cigarra é o único ruído de ser
vivo: tudo o mais se queda amodorrado. Os olhos procuram em vão o repouso de um
quadrado de verdura. As folhas das árvores estão coriáceas, amareladas, e os
ramos, muito aparados, quase não abrigam da ardência do Sol. Por isso,
Alentejo
não tem sombra
Senão a que vem do céu…
Mas esta
só chega quando as nuvens do equinócio anunciam o começo do Outono.”
Orlando Ribeiro, Portugal,
o Mediterrâneo e o Atlântico, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1998,
p. 159.
Sem comentários:
Enviar um comentário