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Escola Secundária José Saramago - Mafra

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

DA SAUDADE III

Foto daqui.
 

“Em mil oitocentos e oitenta e oito, parte António Nobre para Coimbra, a fim de frequentar o primeiro ano do Curso de Direito. Nesse espaço geográfico, que profundamente o marcará, veremos o poeta descobrir um contexto universitário caracterizado, ainda, pelo escolasticismo medieval, se bem que segregador de uma admirável camaradagem de afectos e de letras. E, entre as aulas, nos Gerais, a que assiste, algo distraído da lição dos lentes e dos compêndios, e uma certa boémia, que o há-de arrastar por melancolias e patuscadas, começará ele a erguer o corpo de um imaginário que irá resumir-se, a breve trecho, num tecido de linhas escritas a tinta negra.
(…)
Em mil oitocentos e noventa, a fim de tentar obter a licenciatura em Direito, na Sorbonne, parte António Nobre para Paris, a bordo do Britannia. Se leva infinitas saudades da Pátria, cedo se enfeitiçará pela metrópole que o acolhe, e na qual o seu provincianismo respira a sensação do grande ar cosmopolita. Acotovelar-se com os ídolos da literatura do momento, julgando-se da sua côterie, ou intentando ingressar nela, haverá de lhe adormecer, durante a fase inicial, a consciência da solidão dilacerante. E isto, sem falar do encontro inesquecível que, no intuito de regularizar a sua situação de emigrado, irá ter o poeta, predisposto a uma funda impressão, com Eça de Queirós, cônsul na capital de França.”
Mário Cláudio, António Nobre, 1867-1900, Fotobiografia, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, pp. 43 e 61.


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