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Escola Secundária José Saramago - Mafra

terça-feira, 9 de outubro de 2012

PERSÉPOLIS, de Marjane Satrapi

Persépolis - o livro e o filme.
Imagem daqui.
 
 
“No segundo milénio a.C., enquanto o Elão desenvolvia uma civilização ao lado da Babilónia, os invasores indo-europeus deram o seu nome ao imenso planalto iraniano onde se fixaram. A palavra «Irão» derivava de «Ayryana Vaejo», que significa «a origem dos Arianos». Os Arianos eram um povo seminómada cujos descendentes foram os Medos e os Persas. Os Medos fundaram a primeira nação iraniana no século VII a.C., mais tarde destruída por Ciro, o Grande, que fundou aquele que foi um dos maiores impérios da Antiguidade, o império persa, no século VI a.C. O Irão foi conhecido como Pérsia – o seu nome grego – até 1935, quando Reza Shah, o pai do último xá do Irão, pediu a toda a gente que passasse a chamar Irão ao país.
O Irão era rico. As suas riquezas e a sua localização geográfica convidavam aos ataques: de Alexandre Magno, dos seus vizinhos árabes a ocidente, dos conquistadores turcos e mongóis. O Irão foi muitas vezes dominado por estrangeiros. Contudo, a língua e a cultura persas sobreviveram a essas invasões. Os invasores assimilavam a sua marcante cultura e, de certa forma, tornavam-se também iranianos.
No século XX, o Irão entrou numa nova fase. Reza Shah decidiu modernizar e ocidentalizar o país, mas, entretanto, foi descoberta uma nova fonte de riqueza: o petróleo. E, como petróleo, veio uma nova invasão. (…) Durante a Segunda Guerra Mundial, os Britânicos, os Soviéticos e os Americanos pediram a Reza Shah que se aliasse com eles contra os Alemães. Porém, Reza Shah, que simpatizava com os Alemães, declarou o Irão território neutro. Então, os Aliados invadiram e ocuparam o Irão. Reza Shah foi mandado para o exílio e sucedeu-lhe o filho, Mohammad Reza Pahlavi, que era conhecido simplesmente por xá.
Em 1951, Mohammed Mossadegh, então primeiro-ministro do Irão, nacionalizou a indústria petrolífera. Em retaliação, a Grã-Bretanha organizou um embargo a todas as exportações de petróleo do Irão. (…) Mossadegh foi deposto e o xá, que tinha saído pouco antes do país, regressou ao poder. Permaneceu no trono até 1979, quando fugiu do Irão para escapar à Revolução Islâmica.
Desde então, esta antiga e grandiosa civilização tem sido quase sempre associada ao fundamentalismo, ao fanatismo e ao terrorismo. Como iraniana que viveu mais de metade da sua vida no Irão, sei que esta imagem está muito longe da verdade. É por isso que escrever Persépolis foi tão importante para mim. Acredito que uma nação inteira não deve ser julgada pelos crimes de uns quantos extremistas. Também não quero que aqueles iranianos que perderam a vida nas prisões defendendo a liberdade, que morreram na guerra contra o Iraque, que sofreram às mãos de vários regimes repressivos ou que foram forçados a abandonar as suas famílias e a fugir da sua pátria sejam esquecidos.
Podemos perdoar, mas não devemos nunca esquecer.”
Marjane Satrapi
Paris, setembro de 2002 (palavras da Introdução)

Marjane Satrapi, Persépolis, Lisboa, Contraponto, 2012


1 comentário:

  1. Segundo a famosa Wikipédia:
    “O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição.
    O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor-próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras.”
    Segundo o site da Fé Cristã: http://www.vivos.com.br/266.htm
    “Perdoar é um dos atos básicos da fé cristã, pois, a nossa entrada na vida que Jesus Cristo nos ofereceu, só foi possível porque recebemos perdão de nosso Deus e Pai. Ele nos perdoou, mediante a obra de seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Amor e perdão sempre caminham juntos.
    Perdoar é um atributo de Deus.
    Perdoar é um mandamento da Palavra de Deus. Não é um sentimento, nem depende de nossa vontade ou emoção. A Palavra declara: “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” (Efésios 4.32); “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, casa alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13).
    Perdoar significa deixar de considerar o outro com desprezo ou ressentimento. É ter compaixão, deixando de lado toda a ideia de vingar-se daquilo que foi feito ou pelas consequências que sofremos.”

    Segundo Freddy Brandi do Centro Espírita Ismael: “Perdoar é independe de esquecer. Uma coisa nada tem a ver com a outra, são coisas distintas – até porque não somos alienados. Temos no cérebro uma memória que registra todos os fatos, por isto quem perdoa não tem que, necessariamente, esquecer do agravo sofrido. O que é preciso, na verdade, é esquecer no sentido de diluir a mágoa, a raiva ou o ressentimento que o fato gerou, caso contrário o perdão é superficial ou até mesmo ilusório.
    Esse tipo de esquecimento é extremamente benéfico para quem sofreu algum tipo de agressão, porque a energia gerada, a cada instante em que se revive o fato infeliz, aumenta a ferida que se formou e numa verdadeira roda viva acumula novo e desnecessário sofrimento.”
    http://www.ceismael.com.br/artigo/perdao-e-esquecimento.htmhttp://www.ceismael.com.br/artigo/perdao-e-esquecimento.htm
    Eu, tal como Marjane Satrapi diria que: realmente podemos perdoar, mas não nos devemos esquecer, pelo menos do ponto de vista do conceito de “Erro Sistemático”. Perdoar só pode significar esquecer do ponto de vista da diluição da tal mágoa, mas tal como um corte que é recordado e portanto NÃO ESQUECIDO, pela presença da cicatriz, e ainda bem para ver se não nos cortamos outra vez, um “erro” também não deve ser esquecido senão podemos reproduzi-lo sistematicamente.

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