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Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

DA MEMÓRIA III

Imagem daqui.



“O poeta inglês Samuel Taylor Coleridge acabou por me criar – admito que involuntariamente – um problema que quase chega à dignidade de enigma. Na sua Biographia Literaria, de 1817, cita ele um eventual catálogo de antimnemónicas que Averroes terá publicado algures no século XII. (…) Esta lista inclui «comer fruta verde; contemplar as nuvens ou coisas móveis suspensas no ar; ir numa multidão de camelos; o riso frequente; ouvir piadas e anedotas; (…). O mistério está em que não se encontra tal catálogo nas obras de Averroes e não se explica – a não ser por uma necessidade gracejante ela própria toda antimnemónica – por que teria Coleridge inventado tal enumeração e tal atribuição a Averroes. (…) Coleridge acaba o capítulo VII a enumerar também os fortalecedores da memória: «uma lógica saudável (…); o conhecimento filosófico dos factos, na relação de causa a efeito; um temperamento alegre e comunicativo que nos dispõe a reparar nas semelhanças e nos contrastes entre as coisas (…); uma consciência tranquila; uma condição livre de ansiedades; boa saúde e, acima de tudo (no que diz respeito à recordação passiva), uma digestão saudável; estas são as melhores, são as únicas, artes da memória.»”
Luísa Costa Gomes, “As antimnemónicas”, Notícias Magazine, 21 de setembro de 2003.

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