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Escola Secundária José Saramago - Mafra

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A UNIFICAÇÃO DO EGITO

Egito, Assuão: o rio Nilo e o deserto (maio de 2010)
 

“Antes da unificação política do Egito, que terá ocorrido cerca de 3000 a. C., já a região nilótica a norte da primeira catarata estava unida do ponto de vista cultural e material, com o rio Nilo a cumprir a sua milenar missão de polo congregador de populações vindas do Norte e do Sul, e também, ao longo dos V e IV milénios a. C., núcleos humanos fugindo de regiões vizinhas do Leste e do Oeste cada vez mais desertificadas. A riqueza da terra banhada pelo Nilo, com notória abundância de recursos e de grande fertilidade, justificou que os Egípcios chamassem ao seu país «A Negra» (Kemet ou Kemi), aludindo à cor escura da sua úbere terra agrícola, surgindo ainda nos textos os nomes de Ta-meri (Terra Amada) ou Te-netjeru (Terra dos Deuses). Era um nítido contraste com a árida terra vermelha do deserto circundante (…). Quanto ao nome que os Egípcios atribuíam a si próprios, ele demonstra igualmente uma lógica e notável simplicidade: eram os Remetu-kemi, os «Homens da (terra) negra», ou Negros, e esta designação impunha-se por oposição aos Khasetiu, os nómadas do deserto, aos quais ainda se aplicava, entre outras, a curiosa designação de Chasu, ou «Corredores da areia», e também por oposição aos Nehesiu, os Pretos das regiões a sul da primeira catarata, e que depois se associou à designação mais genérica de Núbios.

A existência de duas realidades geográficas levou a que ao longo de três mil anos de história se refletissem a nível político e ideológico: o Alto Egito ou Ta-chemau, e o Baixo Egito, ou Ta-mehu. E nesta circunstância avultava o papel centrípeto do líder, desde cedo rei e deus, a que se juntava a língua como fator de unidade nacional.”

Luís Manuel de Araújo, Os Grandes Faraós do Egito – 30 Faraós, 30 Dinastias, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011, pp. 47-48.


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