Camões, por Fernão Gomes (1573-1575?)
Imagem daqui.
"Há na alma portuguesa um sentimento que
a abrange toda e é a sua mesma essência; - sentimento que nasceu do casamento
do paganismo greco-romano com o Cristianismo judaico, o qual tomou na nossa
língua uma forma verbal sem equivalente nas outras línguas. Refiro-me à Saudade.
(...) Nestes poetas [Junqueiro, António
Corrêa de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, Jaime Cortesão, Mário Beirão, Augusto
Casimiro, Afonso Duarte, etc.] que formam, por assim dizer, um Camões colectivo,
o espírito lusitano sentiu-se revelado e dilatado.”
“Sendo este poeta [Camões] um génio
universal, é absolutamente idêntico à nossa Raça, como Gil Vicente ao nosso
Povo. E por isso, viveram nele todos os poetas passados e futuros de Portugal. Foi
bucólico e triste como D. Dinis, saudoso como Bernardim, amante como Cristovam
Falcão e João de Deus, apaixonado e vagabundo como Bocage; enlevou-se nas
íntimas ternuras magoadas de António Nobre; rasgou na sua própria carne viva, a
estátua do Desterrado e gritou a angústia metafísica de Antero.
(…) Camões, revelando a saudade esboçada por
Virgílio, abriu uma nova Era à vida sentimental do homem. Para além da
fraternidade humana e cristã, pressentimos hoje a cósmica fraternidade camoniana.
O sentimento saudoso identifica o homem ao Universo, porque a
Lembrança prende-o a tudo o que passou, e a Esperança a tudo o que há-de vir.”
Teixeira de
Pascoaes, citado por Luís Filipe B. Teixeira, “A Mensagem do Encoberto”, in Portugal: Mitos Revisitados,
coordenação de Yvette Kace Centeno, Lisboa, Edições Salamandra, 1993, pp. 241-242.
coordenação de Yvette Kace Centeno, Lisboa, Edições Salamandra, 1993, pp. 241-242.
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