Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DA SAUDADE VIII


Camões, por Fernão Gomes (1573-1575?)
Imagem daqui.


"Há na alma portuguesa um sentimento que a abrange toda e é a sua mesma essência; - sentimento que nasceu do casamento do paganismo greco-romano com o Cristianismo judaico, o qual tomou na nossa língua uma forma verbal sem equivalente nas outras línguas. Refiro-me à Saudade.

(...) Nestes poetas [Junqueiro, António Corrêa de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, Jaime Cortesão, Mário Beirão, Augusto Casimiro, Afonso Duarte, etc.] que formam, por assim dizer, um Camões colectivo, o espírito lusitano sentiu-se revelado e dilatado.”


“Sendo este poeta [Camões] um génio universal, é absolutamente idêntico à nossa Raça, como Gil Vicente ao nosso Povo. E por isso, viveram nele todos os poetas passados e futuros de Portugal. Foi bucólico e triste como D. Dinis, saudoso como Bernardim, amante como Cristovam Falcão e João de Deus, apaixonado e vagabundo como Bocage; enlevou-se nas íntimas ternuras magoadas de António Nobre; rasgou na sua própria carne viva, a estátua do Desterrado e gritou a angústia metafísica de Antero.

(…) Camões, revelando a saudade esboçada por Virgílio, abriu uma nova Era à vida sentimental do homem. Para além da fraternidade humana e cristã, pressentimos hoje a cósmica fraternidade camoniana. O sentimento saudoso identifica o homem ao Universo, porque a Lembrança prende-o a tudo o que passou, e a Esperança a tudo o que há-de vir.”

Teixeira de Pascoaes, citado por Luís Filipe B. Teixeira, “A Mensagem do Encoberto”, in Portugal: Mitos Revisitados,
coordenação de Yvette Kace Centeno, Lisboa, Edições Salamandra, 1993, pp. 241-242.

Sem comentários:

Enviar um comentário