Constantino Cavafy, poeta grego
Alexandria, Egito, 1863 - 1933
Imagens daqui.
“A INTERVENÇÃO DOS DEUSES
Remonin
Ele há-de desaparecer no momento
oportuno.
Os deuses hão-de intervir.
Mme de R.
Como nas tragédias antigas?
(Acto II, cena 1)
Mme de R.
O que é?
Remonin
Os deuses chegaram.
(Acto V, cena 10)
DUMAS FILHO, L’Etrangère
Que o teu coração saiba
…………………………………………….
Os deuses sempre vêm.
EMERSON, Give all to love
Faremos primeiro isto,
aquilo faremos depois;
Mais tarde, - ao que
calculo – em um ano ou dois,
As acções serão estas ou
aquelas, os costumes assim ou assado.
Mas com soluções
provisórias ninguém ficará contentado.
Havemos de procurar de
todas a melhor.
E quanto mais
procurarmos, pior,
Até darmos connosco em
plena confusão.
E perplexos havemos de
parar então.
Será dos deuses tempo de
intervir.
Os deuses descerão, os
deuses hão-de vir
Para salvar alguns,
outros arrebatar
À força, pela cinta. E quando
alguma ordem voltar,
Retirar-se-ão. E logo
alguma coisa alguém fará,
E outro a seguir também. E
toda a gente dará
O seu contributo ao
progresso da vida.
E estaremos outra vez no
beco sem saída.”
Constantino Cavafy, 90 e Mais Quatro Poemas, tradução,
prefácio, comentários e notas de Jorge de Sena, colecção Terra Imóvel, Porto, ASA,
2003, p.26.
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